terça-feira, 5 de abril de 2016

Primeiro-ministro da Islândia cai por causa dos Papéis do Panamá

Sob intensa pressão das ruas, o primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Davío Gunnlaugsson, pediu demissão hoje depois que o vazamento dos Papéis do Panamá revelou que ele e a mulher tinham ume empresa de fachada criada pelo escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.

No maior vazamento de dados da história do jornalismo, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos e 109 meios de comunicação de vários países tiveram acesso a 11,5 milhões de documentos comprovando que desde 1977, a Mossack Fonseca criou 214 mil empresas offshore para clientes de 200 países e territórios, inclusive 12 ex-chefes de Estado ou de governo e outros 128 políticos e altos funcionários públicos.

O primeiro-ministro da Islândia é o primeiro a cair no escândalo financeiro. A Islândia e os três maiores bancos do país foram à falência na Grande Recessão.

Gunnlaugsson é acusado de omitir que ele e a mulher tinham uma empresa offshore quando foi eleito em 2009, pouco depois da Islândia quebrar em consequência da crise financeira internacional deflagrada pela falência do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008.

Enquanto ele negociava as dívidas dos credores dos bancos falidos, sua companhia tinha direito a somas vultosas dessas dívidas, caracterizando um conflito de interesses.

Na segunda-feira, milhares de pessoas se concentraram diante do Parlamento da Islândia, em Reikjavik, para exigir sua queda. A oposição apresentou uma moção de desconfiança que seria votada na quinta-feira.

Em reunião com o presidente, o primeiro-ministro propôs a convocação de eleições antecipadas, mas foi pressionado a renunciar à chefia do governo.

A criação de empresas offshores é normalmente usada para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio adquirido com dinheiro de negócios ilícitos, mas não é ilegal, desde que declarada às autoridades do imposto de renda.

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