segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Prefeito de Londres adere à campanha do não à União Europeia

O primeiro-ministro conservador David Cameron sofreu um golpe na luta para manter o Reino Unido na União Europeia (UE), com o anúncio ontem do espetaculoso prefeito de Londres, Boris Johnson, de que vai fazer campanha pelo não, informou a televisão pública britânica BBC.

Por trás da decisão, é evidente a intenção de Johnson de disputar com Cameron a liderança do Partido Conservador, que neste momento defende sua posição em debate na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico. Depois de renegociar as relações do país com a UE na sexta-feira passada, o primeiro-ministro convocou um referendo para o eleitorado decidir a questão em 23 de junho de 2016.

É uma tentativa de acabar com a guerra interna do partido em torno da Europa, que vem desde a queda da primeira-ministro Margaret Thatcher, em 1990. Em seu delírio de grandeza, parte dos conservadores ainda vê o Reino Unido como uma superpotência, apesar do fim do Império Britânico.

Com a declaração de Johnson, a libra esterlina caiu a US$ 1,4058, a menor cotação em sete anos, num sinal claro de que a comunidade empresarial britânica prefere ficar na Europa. A oposição trabalhista apoia a permanência na UE sob o argumento de que a legislação social europeia amplia direitos e garantias sociais aos trabalhadores britânicos.

Os economistas preveem uma queda de até 20% no produto interno bruto britânico, se o país deixar o maior bloco comercial do planeta. Teria de cumprir todas as regras do mercado comum para ter acesso e não teria direito de participar da tomada de decisão.

Mais de um terço das 100 maiores empresas britânicas enviaram carta ao jornal The Times defendendo a permanência na UE. A mídia conservadora, que não quer ser regulamentada pela Europa, deve fazer campanha contra.

O maior império que o mundo já viu, hoje reduzido a Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, pode estar prestes a dar um tiro no pé. Se o país deixar a UE, provavelmente a Escócia fará outro plebiscito sobre a independência para sair do reino e ficar na Europa. O Reino Unido seria reduzido à pequena Inglaterra e ao País de Gales.

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