domingo, 7 de fevereiro de 2016

Israel admite que embaixador nomeado não será aceito no Brasil

Israel já admite que Dani Dayan, designado há seis meses embaixador no Brasil, não será aceito pelo governo brasileiro por ser líder dos colonos assentados ilegalmente nos territórios árabes ocupados. O reconhecimento é do deputado Tzachi Hanegbi, presidente da Comissão de Defesa e Relações Exteriores da Knesset, o Parlamento israelense, noticiou hoje o jornal The Times of Israel.

"Não precisamos nos iludir. Dani Dayan não será embaixador no Brasil. Condenamos o comportamento do Brasil", declarou o deputado, um aliado próximo do primeiro-ministro linha-ura Benjamin Netanyahu durante um debate na comissão. Ele prometeu a Dayan a representação num país da "mesma importância".

A deputada Anat Berko, do partido Likud, do primeiro-ministro, manifestou a preocupação de que a decisão brasileira crie um precedente e leve outros países a impor quem devem ser os diplomatas de Israel.

Presente no debate, o diretor para a América Latina do Ministério do Exterior de Israel, Moti Efraim, alegou "ainda estar esperando uma resposta oficial de Brasília, embora esta seja uma situação sem precedentes".

Apesar da recusa, Netanyahu se nega a retirar a indicação e a nomear outro embaixador em Brasília. O Itamaraty afirma que o primeiro-ministro israelense violou a tradição diplomática de sondar as autoridades do país antes de indicar o embaixador.

As relações entre os dois países estão abaladas desde que o Brasil reconheceu a independência da Palestina, em 3 de dezembro de 2010, e em crise diplomática desde que o Brasil chamou para consultas seu embaixador em Israel em protesto contra a guerra contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Faixa de Gaza, em julho de 2014.

Na época, o porta-voz da chanceleria israelense, Yigal Palmor, chamou o Brasil de "anão diplomático". Ele foi afastado, mas não diria isso sem autorização de seus superiores.

Por reconhecer a independência da Palestina, o Brasil não poderia aceitar um embaixador que foi líder dos colônias ilegais da Cisjordânia ocupada. Netanyahu é aliado de partidos favoráveis à anexação dos territórios ocupados, o que inviabilizaria a criação de um país independente para os palestinos.

Antes das últimas eleições, o primeiro-ministro prometeu que, se fosse reeleito, "jamais será criado um Estado palestino".

Israel enfrenta no momento uma nova revolta palestina, a chamada intifada das facas. Na semana passada, quando o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, atribuiu a violência à estagnação do processo de paz, Netanyahu reagiu afirmando que o chefe da ONU estava defendendo "terroristas". É sua forma de deslegitimar o movimento nacional palestino depois de quase 50 anos de ocupação.

Em 30 de janeiro, o ministro do Exterior da França, Laurent Fabius, prometeu novos esforços diplomáticos para relançar as negociações de paz entre israelenses e palestinos. Se não houver avanços no processo de paz, a França ameaça reconhecer a independência da Palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, com capital no setor árabe de Jerusalém.

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