sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Maduro decreta estado de emergência econômica por 60 dias

Antes de discursar hoje pela primeira vez na Assembleia Nacional de maioria oposicionista, o presidente Nicolás Maduro deu um novo golpe nos poderes conquistados pela Unidade Democrática nas eleições parlamentares de 6 de dezembro de 2015. Decretou "estado de emergência econômica" por 60 dias na Venezuela, prorrogáveis por mais 60 dias.

O estado de exceção permite ao governo fazer compras em regime de urgência sem licitação, atropelar os "trâmites cambiais" do Banco Central da Venezuela para importar insumos e bens de consumo, e confiscar bens ou estatizar empresas privadas.

Com a queda dos preços do petróleo abaixo de US$ 30 por barril e o fracasso das políticas do "socialismo do século 21" adotadas nas últimas duas décadas, a economia venezuelana está à beira do colapso. Sob a inspiração do ministro da Economia, o marxista Luis Salas, Maduro aposta em mais socialismo.

Quando o caudilho Hugo Chávez chegou ao poder, em 1999, o petróleo respondia por 70% das exportações venezuelanas. Hoje, representa mais de 95%. É também a maior fonte de arrecadação do governo.

Por causa da baixa nos preços do petróleo, o regime chavista ficou sem dinheiro para importar produtos essenciais. A inflação venezuelana é a maior do mundo. Aproxima-se de 200% ao ano. Nas lojas e supermercados, o desabastecimento atinge 87% dos produtos. Faltam nas prateleiras arroz, carne, leite, óleo de cozinha, papel higiênico e medicamentos.

No discurso, Maduro deixou claro que pretende fazer exatamente o contrário do que prega a oposição, o fim dos controles sobre o câmbio e as importações. Ele afirmou que o governo investiu US$ 100 bilhões no ano passado e atribuiu a crise à queda nos preços do petróleo e ao "monstruoso ataque à moeda e ao regime cambial".

O regime chavista conseguiu impugnar na Justiça as eleições de três deputados do estado do Amazonas, tirando assim a supermaioria de dois terços ou 112 deputados que permitiria à oposição reformar a Constituição e convocar um referendo para revogar o mandato do presidente. Agora, Maduro se outorga plenos poderes para combater o que chama de "guerra econômica". Vai colecionar mais derrotas.

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