segunda-feira, 30 de novembro de 2015

FMI inclui iuane chinês entre moedas de reserva

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou hoje a inclusão do iuane entre as moedas de reserva, ao lado do dólar, do euro, do iene e da libra esterlina a partir de 1º de outubro de 2016. A moeda chinesa deve passar a ser mais usada em transações internacionais e como reserva cambial, noticia o jornal The New York Times.

Para o iuane ser reconhecido como moeda de reserva, a China abre mão de parte de seu controle, liberalizando o regime cambial. Isso pode causar volatilidade num momento de desaceleração e transição de uma economia baseada no investimento para um modelo mais orientado para o consumo interno.

A moeda chinesa passa a fazer parte da cesta de moedas usada pelo FMI para calcular o valor de sua própria moeda contábil, os direitos especiais de saque (DES). Será a primeira mudança na cesta desde a inclusão do euro em 1999.

O dólar continua a ter peso de 42% no valor dos DES, o euro cai de 37% para 31%, a libra de 11% para 8% e o iene de 9% para 8%, abrindo espaço para o iuane, que terá peso de 11%.

"É um reconhecimento do progresso que as autoridades chinesas fizeram nos últimos anos para reformar os sistemas monetário e financeiro da China", declarou a diretora-geral do Fundo, a ex-ministra das Finanças da França Christine Lagarde. "A continuação e o aprofundamento destes esforços vai criar um sistema internacional mais robusto, o que vai sustentar o crescimento e a sustentabilidade da China e da economia mundial."

Turquia resgata corpo do piloto do avião russo abatido

A Turquia recebeu o cadáver do piloto do avião de guerra russo derrubado sob a acusação da invadir o espaço aéreo turco. O corpo do tenente-coronel Oleg Pechkov será devolvido à Rússia, revelou ontem o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu, citado pela televisão pública britânica BBC.

Hoje a Rússia rejeitou um convite para um encontro dos presidentes Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin para um encontro paralelo durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que vai até 11 de dezembro em Paris. A Rússia alega que a Turquia não pediu desculpas.

O Ministério da Defesa da Rússia nega que o caça-bombardeiro Sukhoi Su-24 tenha violado o espaço aéreo turco. Em retaliação, o Kremlin anunciou uma série de sanções econômicas capazes de afetar projetos conjuntos como o gasoduto TurkStream e a primeira usina nuclear da Turquia.

Na operação de resgate do copiloto, o capitão Konstantin Murakhtin, realizada por forças russas e sírias, a Rússia perdeu um fuzileiro naval e um helicóptero.

Mundo discute mudança do clima sem esperança de acordo pra valer

Os chefes de Estado e de governo de cerca de 150 países se reúnem de hoje a 11 de dezembro de 2015 em Paris na 21ª Conferência das Partes (CoP-21) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. O objetivo é chegar a um acordo para conter o aumento da temperatura média do planeta em dois graus centígrados até o fim do século 21. Mas, na melhor das hipóteses, não será um tratado de cumprimento obrigatório.

Desde o início da Revolução Industrial, na segunda metade do século 18, a temperatura média da Terra subiu 0,85ºC por causa do aumento da concentração na atmosfera de gases carbônicos produzidos pelo homem, principalmente através de queima de combustíveis fósseis como gás, carvão e petróleo.

Em 1896, o químico sueco Svante Arrhenius, que viria a ganhar o Prêmio Nobel de Química em 1903, previu que a atividade humana mudaria o clima do planeta.

A atmosfera da Terra funciona como uma espécie de estufa retendo parcialmente o calor dos raios do sol. Sem o efeito estufa, a temperatura média do planeta seria de -16ºC. Com o efeito estufa, fica em torno de 16ºC, o que favoreceu o desenvolvimento de diversas formas de vida.

O aquecimento global causado pelo homem ameaça romper o delicado equilíbrio da natureza. Deve provocar derretimento de geleiras, aumento do nível dos mares, extinção ou migração de seres vivos, e fenômenos climáticos como furacões, tornados, secas e enchentes mais violentos.

Depois da aprovação da Convenção do Clima durante a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992, a partir de 1995 são realizadas todos os anos conferências das partes para tomar as medidas contra o aquecimento global.

Em 1997, foi aprovado o Protocolo de Quioto, pelo qual 37 países ricos e desenvolvidos se comprometeram a reduzir suas emissões de gases estufa em 5% em relação aos níveis de 1990. Essa meta não foi cumprida. O protocolo expirou em 2012 sem nenhum acordo que o substituísse.

Cerca de 10 mil delegados de 195 países e da União Europeia participam da Conferência de Paris, realizada no distrito de Le Bourget, sob a proteção de 2,8 mil policiais e soldados. Outros 6,3 mil agentes de segurança patrulham a capital francesa.

Com as manifestações proibidas por causa do estado de emergência contra o terrorismo, grupos mais radicais desafiaram a polícia da França, jogando inclusive as velas deixadas na Praça da República em homenagem aos mortos em 13 de novembro. Pelo menos 174 ativistas do movimento antiglobalização foram presos.

Um problema central no debate sobre mudança do clima é o argumento dos países em desenvolvimento e de desenvolvimento recente não consideram responsáveis por séculos de Revolução Industrial. Por isso, em Quioto, não foi imposta nenhuma obrigação aos países mais pobres para não comprometer o desenvolvimento.

Com crescimento econômico sem precedentes, nas últimas décadas, a China superou os EUA. É hoje o país mais poluidor da atmosfera, com cerca de 25% dos gases de efeito estufa, em comparação com 12% para os EUA.

Se em 1992, o então presidente americano George W. H. Bush rejeitou qualquer compromisso capaz de reduzir a competitividade da economia dos EUA, hoje Washington exige que grandes países em desenvolvimento como a China e a Índia participem de um acordo.

Na CoP-15, realizada em Copenhague, na Dinamarca, em 2009, os países ricos se comprometeram a dar US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para promover a transição para uma economia de baixo carbono e mitigar os efeitos do aquecimento global. O total deste ano foi estimado em US$ 62 bilhões pelo ministro do Exterior da França, Laurent Fabius, presidente da CoP-21.

O presidente chinês, Xi Jinping, já declarou a intenção de reduzir a emissão de gases carbônicos até 2030. Até lá, falta muito tempo. Com os altíssimos índices de poluição das grandes cidades da China e da Índia, talvez seja possível convencer esses países a tomar medidas sérias antes disso.

Outra questão é que o Partido Republicano dos EUA nega qualquer responsabilidade humana pela mudança do clima. Como a oposição conservadora tem maioria no Senado, um acordo impondo metas de redução de emissões certamente será rejeitado.

Por isso, o secretário de Estado americano, John Kerry, deixou claro que os EUA não vão aceitar nenhum tratado, nenhum acordo que imponha metas de cumprimento obrigatório.

É mais provável portanto que as partes da Convenção do Clima apresentem propostas voluntárias de redução de emissões. Até agora, 183 países, responsáveis por 95% das emissões, fizeram promessas de reduzi-las, anunciou o ministro do Exterior da França, Laurent Fabius.

A presidente Dilma Rousseff chega a Paris no momento em que o Brasil enfrenta seu pior acidente ecológico com a ruptura da barragem da mineradora Samarco, parceria da Vale com a anglo-australiana BHP Billiton, em Mariana, no estado de Minas Gerais, e o desmatamento na Amazônia cresceu 16%. De agosto de 2014 a julho de 2015, a floresta perdeu 5.831 quilômetros quadrados.

domingo, 29 de novembro de 2015

Atirador em clínica de aborto nos EUA tinha motivação política

O atirador que ocupou uma clínica do grupo Planned Parenthood e matou três pessoas em Colorado Springs, nos Estados Unidos, identificado ontem como Robert Lewis Dear, de 57 anos, é um desequilibrado mental, mas tinha objetivos políticos. À polícia, ele declarou que "não haveria mais pedaços de bebês", noticiou o jornal The Washington Post.

No sábado à noite, a Planned Parenthood revelou que testemunhas haviam tido que Dear decidiu atacar a clínica por ser contra o aborto. A clínica também entregava tecidos de fetos para pesquisas científicas.

O policial que confirmou a notícia pediu anonimato. Ele disse que "definitivamente foi politicamente motivado". Não poderia falar abertamente enquanto a investigação do caso está em andamento.

A televisão NBC, a primeira a dar a notícia, acrescentou que acrescentou que Dear mencionou negativamente o presidente Barack Obama numa série de declarações confusas que suscitaram dúvidas sobre seus motivos e seu estado mental.

Dear era conhecido da polícia desde 1997, quando sua mulher na época o acusou de agressão, mas preferiu não levar o caso adiante. Ele se mudou para o estado da Carolina do Sul, onde houve sete episódios de conflito com vizinhos. Em maio de 2002, uma vizinha o denunciou por assédio sexual.

"Ele reclamava de tudo", contou um vizinho em Colorado Springs, no estado do Colorado. "Dizia que trabalhava para o governo e que todo o mundo o perseguia, mas que ele sabia de segredos dos EUA. Ele dizia: 'Ninguém mexe comigo porque tenho informações suficientes para por todos os EUA em perigo.' Era muita loucura."

Há pouco mais de um ano, Dear se mudou de um trêiler na Carolina do Norte para uma casinha de madeira por ele construída, mas acabou voltando para o Colorado, onde se registrou como eleitor em outubro de 2014.

O grupo Planned Parenthood tem sido um dos alvos preferenciais dos aspirantes à candidatura do Partido Republicano à Presidência dos EUA em 2016. Em nota, chamou o caso de "terrorismo doméstico" e denunciou a linguagem radical de ativistas antiaborto pelo ataque.

Desde 1977, pelo menos dez pessoas foram mortas em ataques a clínicas de aborto nos EUA, que foram mais de mais de cem ataques incendiários.

sábado, 28 de novembro de 2015

Advogado curto defensor dos direitos humanos é morto na Turquia

O advogado e ativista dos direitos humanos curdo Tahi Elci foi assassinado hoje na cidade de Diyarbakir, no Sudeste da Turquia. O Partido Popular Democrático (HDP) considerou o crime uma "morte planejada" e convocou uma manifestação de protesto em Istambul, noticiou a agência Reuters.

Elci era um crítico do presidente Recep Tayyip Erdogan e de sua decisão de romper as negociações de paz e de retomar em julho a guerra contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Estava sendo processado pelo governo.

O governo é altamente suspeito. A Turquia tem uma longa história de assassinatos políticos não resolvidos. A oposição acusa Erdogan de reiniciar a guerra para recuperar a maioria parlamentar para seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP).

Depois de um atentado terrorista em Suruç em que foram mortos 32 curdos que se preparava para apoiar a resistência curda na guerra civil da Síria, atribuído ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Erdogan declarou guerra ao EI e iniciou uma intervenção direta no conflito sírio. Mas atacou muito mais os curdos, temendo que unissem a região sob seu controle na Síria ao Curdistão iraquiano, que já tem um governo autônomo, para declarar a independência do país.

Um Curdistão independente reivindicaria soberania sobre o Sudeste da Turquia, onde os curdos são maioria.

Teste de míssil baseado em submarino fracassa na Coreia do Norte

A Coreia do Norte testou hoje um míssil balístico baseado em submarino, mas a experiência fracassou, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap citando fontes do governo da Coreia do Sul. Oficialmente o Ministério da Defesa sul-coreano não quis comentar o assunto.

Em maio, a ditadura comunista norte-coreana experimentou com sucesso um míssil balístico disparado de um submarino, mas ainda estaria longe de torná-lo operacional.

O desenvolvimento da tecnologia de mísseis balísticos baseados em submarinos e a instalação de cargas atômicas neles dariam condições ao regime stalinista de Pionguiangue de lançar um contra-ataque nuclear mesmo se suas instalações militares baseadas em terra forem destruídas.

Atirador ataca clínica de aborto e mata três pessoas nos EUA

Um atirador invadiu hoje uma clínica de aborto em Colorado Springs, nos Estados Unidos, armado com explosivos e ameaçou explodir o prédio. Antes de se entregar, ele matou um policial e dois civis. Nove pessoas saíram feridas e estão hospitalizadas, inclusive quatro policiais.

A clínica Planned Parenthood tem sido alvo frequente de acusações de realizar abortos durante a campanha dos aspirantes à candidatura do Partido Republicano à Casa Branca em 2016. Ativistas antiaborto fizeram várias manifestações de protesto nesta e em outras clínicas do grupo.

Ainda não está claro se é um desequilibrado mental ou um terrorista com objetivos políticos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Rússia suspende comércio e investimentos para retaliar Turquia

A Rússia reduziu o comércio e suspendeu projetos de investimento com a Turquia em retaliação ao abate na guerra civil da Síria de um avião de guerra russo que o governo turco acusou de invadir seu espaço aéreo, anunciou hoje o ministro do Desenvolvimento Econômico, Alexei Uliukaiev.

Os grandes projetos suspensos incluem a usina nuclear de Akuyu, avaliada em US$ 20 bilhões, e do gasoduto TurkStream. A Turquia importa da Rússia 60% da energia que consome.

Também foram atingidos um acordo sobre liberalização do comércio de serviços, um programa de cinco anos de cooperação em economia, comércio, ciência e tecnologia, e um acordo para criar um fundo de investimentos conjunto.

Moscou também cancelou um acordo que acabou com a exigência de visto para viagens e pode limitar os voos comerciais entre os dois países. A Turquia é um dos principais destinos turísticos dos russos em férias.

O maior impacto deve ser no setor energético, mas, com a esperada volta do Irã ao mercado internacional à medida que as sanções a seu programa nuclear forem canceladas, há oferta de sobra no mercado de gás e petróleo.

As relações comerciais entre os dois países movimentam US$ 60 bilhões por ano. Nos próximos dez anos, devem chegar a US$ 100 bilhões.

Bolsa de Xangai cai 5,5% com investigação de corretoras

Na maior queda desde agosto, a Bolsa de Valores de Xangai baixou 5,5% hoje com o aprofundamento das investigações sobre possíveis manipulações do mercado financeiro. Desde o pico de junho, as ações chinesas perderam em média 38% do valor.

As ações das corretoras Citic Securities e Guosen Securities caíram 10%. Os negócios com a Haitong Securities foram suspensas. Em Hong Kong, a perda do índice Hang Seng foi de 1,9% hoje e de 3% na semana.

"Os investidores estão preocupados com quem será o próximo alvo" das autoridades reguladoras, comentou o diretor de pesquisas da China Galaxy International Securities. "Com informações limitadas, os investidores têm dificuldades para quantificar o impacto e portanto alguns decidiram reduzir suas posições e aguardar."

Sem entender muito bem como funciona o mercado, as autoridades do regime comunista chinês tentam impedir a volatilidade do mercado para relançar ofertas iniciais de ações até o fim de 2015. Nesse processo, prenderam corretores e gerentes de fundos por fazerem operações de venda a descoberto (short selling). Isso acontece quando investidores tomam dinheiro emprestado para pagar com ações, compram lotes de ações e as vendem imediatamente para forçar a queda e depois pagar menos pelo empréstimos.

Desde o início de novembro, as ações chinesas registraram uma alta de 20% em relação. Mesmo com a queda de hoje, estão em alta de 1,4% no mês e de 14% em relação a agosto.

Economia da Grécia perde 0,9% no trimestre

Sob o peso do programa de ajuste fiscal imposto pelos credores externos, a economia da Grécia recuou 0,9% no terceiro trimestre de 2015, quase o dobro do 0,5% previsto pelos economistas. Foi a primeira queda desde o último trimestre de 2013.

Depois de seis anos de depressão com queda acumulada de 25% do produto interno bruto por causa da crise da dívida pública, a Grécia avançou 0,4% em 2014 graças ao aumento das exportações e uma pequena recuperação do consumo interno. No segundo trimestre de 2015, a Grécia tinha crescido 0,8%, mais do que Alemanha, França e Itália, as três maiores economias da Zona do Euro.

Mesmo assim, na comparação entre 2008 e 2014, o investimento na formação de capital bruto foi 64% menor. Os gastos públicos caíram 28%. O consumo doméstico baixou 23%. O emprego recuou 20%.

Com PIB de US$ 238 bilhões, a Grécia é a 45ª economia do mundo. A crise da dívida pública, que explodiu em 2009, acabou contaminando Portugal, Irlanda e Espanha. Foi até agora a maior ameaça à união monetária europeia.

No início do ano, os gregos elegeram um governo liderado pela Coligação de Esquerda Radical (Syriza) que chegou a romper as negociações com os credores, mas acabou aceitando as duras medidas de cortes de gastos e aumentos de impostos para equilibrar as contas públicas.

Durante as negociações, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, chegou a propor a saída da Grécia da Eurozona, mas a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel preferiu manter o país para preservar o projeto europeu.

Índice de desemprego no Japão é o menor em 20 anos

Com o recuo do produto interno bruto nos dois últimos trimestres, o Japão voltou à recessão, mas isso não impediu uma queda na taxa de desemprego de 3,4% para 3,1% da população em idade de trabalhar. É o menor desde 1995, informou hoje o jornal Financial Times.

Outros indicadores, além do PIB, revelam os problemas da terceira maior economia do mundo para vencer a estagnação e a deflação. A inflação anual está em 0,3%, mas o núcleo do índice, excluídos os preços mais voláteis de energia e alimentos, caiu de 1,3% em setembro para 1,2% em outubro.

O consumo doméstico continua em queda. Baixou 1,8% em setembro e mais 0,4% em outubro.

Para atacar a estagdeflação, depois de comprar títulos públicos para jogar mais dinheiro em circulação, o primeiro-ministro Shinzo Abe está pressionando as empresas a dar aumentos reais aos salários.

Depois de recuar 0,3% no segundo trimestre, o PIB japonês, de pouco menos de US$ 5 trilhões, caiu 0,2% no terceiro trimestre de 2015. Dois trimestres consecutivos de queda caracterizam recessão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

"Querem me matar", diz mulher de oposicionista preso na Venezuela

Um dia depois do assassinato de um líder municipal do partido de oposição Ação Democrática (AD) que estava a seu lado num comício, Lilian Tintori acusou o regime chavista da Venezuela de tentar matá-la, noticiou hoje o jornal espanhol El País.

"Querem me matar", afirmou Lilian, mulher de Leopoldo López, condenado a 14 anos de prisão sob a falsa acusação de incitar à violência durante uma onda de protestos em fevereiro de 2014. "O sangue espirrou em mim."

Lilian Tintori participava de um ato da campanha para as eleições parlamentares de 6 de dezembro, quando o regime deve perder a maioria na Assembleia Nacional pela primeira vez desde a ascensão de Hugo Chávez.

"Ainda estávamos no palanque. Rummi [Olivo, um cantor popular] ia começar a cantar e, naquele momento, se escutou muito de perto uma rajada de metralhadora de dez tiros. Nós nos atiramos no chão e eu fiquei me tocando porque sentia que eram contra mim. Querem me matar", insistiu Lilian.

No ataque, morreu o secretário-geral do diretório municipal da AD em Altagracia de Orituco, Luis Manuel Díaz, e outra pessoa saiu ferida. O secretário-geral nacional do partido, Henrt Ramos Allup, declarou que os tiros partiram de um carro de militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

Em discurso, o presidente Nicolás Maduro definiu o assassinato de um político no palanque como crime comum: "O Ministério do Interior já tem elementos que mostram um acerto de contas entre quadrilhas rivais."

A conselho de Ramos Allup, Tintori passou a noite no estado de Guárico.

Para o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o ex-ministro do Exterior uruguaio Luis Almagro, o assassinato foi "uma ferida mortal na democracia" e não é um caso isolado: "Acontece de forma conjunta com ataques a outros dirigentes de oposição em uma estratégia para amedrontá-los. É hora de pôr fim ao medo. Cada morte na Venezuela hoje dói em toda a América."

Maduro ficou furioso. Chamou Almagro, ex-chanceler do governo esquerdista de José Mujica, de "lixo", acusando-se de agir "contra a Venezuela, contra o povo e contra a revolução bolivarista".

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, considerou o assassinato a maior violência de uma campanha eleitoral marcada por ataques e intimidações - e pediu proteção aos candidatos. Em Madri, o ministro do Exterior da Espanha, José Luis García, pediu uma investigação independente e garantias de que as eleições serão livres e limpas.

O Parlamento Europeu aprovou o envio de comissão para supervisionar as eleições. A missão de "acompanhamento" da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) condenou a morte e cobrou uma "investigação profunda".

Líder municipal da oposição é morto na Venezuela

Com a proximidade das eleições parlamentares de 6 de dezembro de 2015 e a determinação do presidente Nicolás Maduro de ganhar "seja como for", aumenta a violência política na Venezuela.  O secretário-geral do partido de oposição Ação Democrática no município de Altagracia de Orituco, Luis Manuel Díaz, foi morto ontem durante um comício.

Díaz foi baleado quando estava ao lado de Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López, o principal líder da oposição preso e condenado pelo regime chavista num processo político, supostamente por incitar à violência durante manifestações de protesto contra o governo em fevereiro de 2014. Na época, 43 pessoas morreram em choques entre oposicionistas polícia bolivarista.

"Hoje sofri dois ataques", declarou ontem Lilian Tintori. Horas antes, participantes do comício foram alvo de pedradas. Ela denuncia estar sendo perseguida todo o tempo pelo Serviço Bolivarista de Inteligência Nacional (Sebin), o serviço secreto chavista.

O secretário-geral nacional da AD, Henry Ramos Allup, afirmou que o tiro partiu de um carro com militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Maduro. "Onde está a missão da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que até agora não disse nada?", protestou o deputado Leomagno Flores.

Depois do veto do governo Maduro ao ex-ministro da Justiça e da Defesa e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim, a chefia da missão de "acompanhamento" da Unasul das eleições venezuelanas foi entregue ao ex-presidente da República Dominicana Leonel Fernández, admirador confesso do finado caudilho Hugo Chávez.

Sob pressão, a missão da Unasul apelou "às autoridades para que conduzam uma investigação profunda sobre este fato condenável a fim de excluir toda impunidade".

A dez dias das eleições, a oposição denuncia uma série de ataques ao longo da campanha, especialmente depois do discurso de Maduro em 22 de outubro defender a vitória a qualquer preço. Isso aumentou a atividade das milícias chavistas conhecidas como coletivos e os protestos da aliança oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD).

No domingo, militantes mascarados atiraram para o ar para impedir a passagem de uma carreata do candidato oposicionista Miguel Pizarro num bairro popular da capital.

Na semana passada, Lilian Tintori foi perseguida quando ia a um ato público no centro de Caracas. Há duas semanas, o ex-candidato presidente Henrique Capriles foi alvo de tiros que atribuiu ao prefeito chavista de Yare, Saúl Yáñez, e seus capangas.

O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que disputa a liderança do chavismo com Maduro, desprezou as denúncias como "armações".

Na pior crise econômica de sua história moderna, com recessão de 10%, inflação de 200% e desabastecimento generalizado por causa da queda nos preços do petróleo e do fracasso do "socialismo do século 21", todas as pesquisas apontam uma ampla vitória das oposições, que teriam maioria na Assembleia Nacional pela primeira vez desde a ascensão de Hugo Chávez.

Se as pesquisas forem confirmadas, a oposição poderá convocar um referendo para revogar o mandato do presidente Maduro e tirar o chavismo do poder com uma de suas próprias armas. Como o regime não mostra nenhum sinal de que pretenda ceder o poder democraticamente, a tendência é de aumento da violência política.

Na primeira entrevista como presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, ameaçou aplicar a cláusula democrática do Mercosul para suspender a Venezuela do bloco por causa da "perseguição a oposicionistas" e da "falta de liberdade de expressão". Com essa declaração pressionou o governo Dilma Rousseff, aliado do chavismo, a tomar uma posição clara.

As eleições de 6 de dezembro serão um teste definitivo para Maduro, para a política externa de Dilma e para o compromisso do Mercosul com a democracia. Quatro dias depois, Macri toma posse. Em 21 de dezembro, o Mercosul faz sua reunião de cúpula.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Pedidos de seguro-desemprego são menores em 40 anos nos EUA

Os novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos caíram na semana passada ao menor nível em quase 42 anos. Cerca de 260 mil pessoas requisitaram o benefício, revelou o Departamento do Trabalho, citado pela agência Reuters.

Há 38 semanas consecutivas, os pedidos ficam abaixo de 300 mil, a mais longa sequência em anos, aproximando-se dos níveis do início dos anos 1970s. Economistas entrevistados pela Reuters esperavam 270 mil.

É um indicador de que o mercado de trabalho está mais apertado. Isso aumenta a chance de aumento nas taxas básicas de juros na reunião do Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed), o banco central americano, em 15 e 16 de dezembro.

A taxa de desemprego está em 5%. É a menor em sete anos e meio.

Arábia Saudita vai aumentar impostos e cortar subsídios

Diante da queda nos preços do petróleo, o segundo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, admitiu hoje em entrevista ao jornal The New York Times que o governo pode cortar os subsídios para água e energia e aumentar o imposto de valor agregado sobre cigarros e refrigerantes.

O príncipe revelou a intenção de privatizar minas e vender terras públicas para a construção civil. Também pretende reduzir o consumo interno de petróleo investindo mais em energia nuclear e energia solar.

Além de segundo príncipe herdeiro, Mohamed ben Salman, filho do rei Salman, é ministro da Defesa, presidente do comitê de economia e desenvolvimento e diretor do Centro Nacional de Performance, que fiscaliza a eficiência da burocracia governamental.

Com a queda nos preços do petróleo, há uma preocupação crescente em diversificar a economia, o que não aconteceu para valer desde a valorização da mercadoria a partir de 1973. "Os nossos principais desafios são a grande dependência do petróleo e onde gastar o orçamento."

Sem tantos subsídios, "mesmo que petróleo caia para US$ 30 por barril, Riade terá arrecadação suficiente para continuar construindo o país sem exaurir a poupança", acrescentou o príncipe Mohamed ben Salman.

Sob pressão da queda nos preços do petróleo e de uma população jovem, em que 70% dos 30 milhões têm menos de 30 anos, uma monarquia absolutista, um dos regimes mais fechados do mundo, discute reformas.

Durante o reino do sultão Abdala, que morreu em janeiro de 2015, a Arábia Saudita privatizou grandes estatais, abrindo vários setores ao investimento privado nacional e estrangeiro, mudou a legislação trabalhista e aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Como o wahabismo, a corrente do islamismo adotada oficialmente na Arábia Saudita, é acusada de ser a ideologia dos jihadistas da rede terrorista Al Caeda e do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, o terrorismo é uma grande preocupação. Mas a monarquia saudita põe a culpa num tradicional aliado.

"Não havia Estado Islâmico antes dos Estados Unidos se retirarem do Iraque. Com a saída dos EUA e a entrada do Irã, o EI apareceu", afirmou o príncipe, acusando também a República Islâmica do Irã, xiita, com quem a monarquia saudita, sunita, disputa a liderança regional no Oriente Médio.

Ele reclamou que o EI está atacando mesquitas sunitas no reino para desestabilizar a monarquia, o resto do mundo responsabiliza o país de ser a grande inspiração, de ser o verdadeiro Estado islâmico: "O Estado Islâmico diz que não sou muçulmano e o mundo diz que eu sou um terrorista."

Na sua opinião, a mensagem do EI nas redes sociais é clara: "O Ocidente está tentando impor suas ideias e o governo saudita está ajudando, enquanto o Irã tenta colonizar o mundo árabe. Nós somos os defensores do Islã."

Neste clima de guerra permanente no Oriente Médio, o príncipe saudita fez um apelo aos EUA para que não abandonem a região: "Há períodos em que há líder e outros em que não há. Quando não há líderes, é o caos."

Terrorista suicida atacou ônibus na Tunísia

As autoridades da Tunísia anunciaram hoje que um homem-bomba realizou o atentado contra um ônibus usados por membros da guarda presidencial em que 13 pessoas morreram e 17 saíram feridas ontem. 

Os investigadores acreditam que o terrorista entrou no ônibus com dez quilos de explosivos num colete ou na mochila. O Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria do atentado.

Mais de 3 mil tunisianos foram lutar ao lado do grupo na Síria e no Iraque. Muitos voltaram com treinamento de guerra.

Em 18 de março, terroristas atacaram o Museu do Bardo, em Túnis, matando 22 pessoas. Outra ação, na praia de Sousse, na Tunísia, em 26 de junho de 2015, morreu a luso-brasileira Maria da Glória Moreira, de 76 anos, primeira vítima brasileira do terrorismo do EI, que assumiu a responsabilidade pelos dois ataques.

O governo decretou estado de emergência por 30 dias e impôs toque de recolher noturno na capital das 21 às 5h.

Rússia resgata piloto sobrevivente do ataque da Turquia

Depois de 12 horas, uma força de operações especiais da Rússia conseguiu na Síria resgatar o piloto do caça-bombardeiro Sukhoi-24 abatido ontem pela Turquia sob a acusação de ter invadido seu espaço aéreo, noticiou hoje a televisão pública britânica BBC

O piloto já está na base aérea russa na Síria, em Lataquia, onde manteve a versão de Moscou de que não houve alerta dos caças F-16s turcos, de fabricação americana, que o derrubaram. A Turquia afirma ter feito dez advertências em cinco minutos antes de derrubar o avião.

O copiloto foi morto quando descia de paraquedas por rebeldes sírios turcomenos, apoiados pela Turquia, que eram alvo de bombardeios da Força Aérea da Rússia, que intervém na guerra civil da Síria desde 30 de setembro de 2015. Um fuzileiro naval russo morreu na operação de resgate, quando seu helicóptero foi atacado pelos rebeldes.

Como uma coalizão aérea de 65 países liderada pelos Estados Unidos - que já fez 8 mil ataques ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante, acaba de informar o presidente Barack Obama - e a intervenção da Rússia, o risco de incidentes entre aviões de guerra no espaço aéreo sírio é enorme.

Os EUA fizeram um acerto com a Rússia para evitar um choque imprevisto. Ontem, Obama declarou que ele não se aplica no caso do ataque da Turquia, porque este país tem direito de proteger "seu território e seu espaço aéreo".

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Rebeldes sírios atacam helicóptero russo que buscava pilotos

Um dos muitos grupos rebeldes que lutam contra o ditador Bachar Assad na guerra civil da Síria derrubou um helicóptero da Rússia que tentava resgatar os pilotos de um caça-bombardeio russo abatido pela Turquia, noticiou a agência Reuters, citando como fonte o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental.

Os rebeldes atingiram o helicóptero com um míssil antitanque TOW, de fabricação americana. A aeronave foi obrigada a fazer um pouso de emergência ao norte do porto de Lataquia.

O Centro de Informações de Guerra da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), que apoia a ditadura de Assad, disse que todos os passageiros desembarcaram sem ferimentos, mas há relatos de que mais um militar russo, um fuzileiro naval, foi morto.

França tem 10,5 mil islamitas radicais

A França tem 20 mil pessoas consideradas suspeitas pelos serviços secretos, entre as quais 10,5 mil muçulmanos, admitiu hoje o primeiro-ministro socialista, Manuel Valls, em entrevista a um telejornal do Canal+ da televisão francesa.

"Todos os outros podem estar ligados a movimentos considerados terroristas: o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), a liga dos movimentos tamis, o braço armado do Hesbolá e militantes violentos ligados à extrema esquerda ou à extrema direita", revelou o primeiro-ministro francês.

Cada suspeito exige pelo menos dez agentes para controlá-lo, o que está muito além da capacidade dos serviços de segurança. Vários terroristas responsáveis pelos atentados e tentativas de atentados na França estiveram sob vigilância e saíram da lista dos mais perigosos.

Rússia suspende contatos militares com a Turquia

Em protesto contra o abate de um caça-bombardeiro Sukhoi Su-24, a Rússia suspendeu hoje os contatos militares com a Turquia, informou em Moscou o Ministério da Defesa, citado pela agência de notícias Interfax.

O governo russo anunciou novas medidas para proteger sua base aérea e sua intervenção militar na guerra civil da Síria. Aviões de caça devem proteger os bombardeiros durante os ataques. Um navio cruzador equipado com um sistema de defesa antiaérea será enviado para a região costeira perto do porto de Lataquia, o maior da Síria.

A Rússia afirma que os caças-bombardeiros turcos F-16s, de fabricação americana, não entraram em contato com os pilotos russos antes de derrubá-los e acusa a Turquia de violar o espaço aéreo sírio.

Na versão do governo turco, foram os russos que invadiram o espaço aéreo da Turquia e seus pilotos fizeram dez advertências em cinco minutos antes de abater o Su-24.

Atentado terrorista mata 12 guardas presidenciais na Tunísia

O presidente Beji Caïd Essebsi decretou hoje estado de emergência por 30 dias na Tunísia depois de um ataque a um ônibus da guarda presidencial que deixou 12 mortos e 18 feridos na capital. Túnis está sob toque de recolher noturno das 21h às 5h.

A Tunísia é o país onde começou a chamada Primavera Árabe e o único em que a revolução levou à democracia. A abertura política levou ao fortalecimento de partidos islamitas e de movimentos jihadistas. Pelo menos 3 mil tunisianos se alistaram para lutar ao lado do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Dois importantes advogados defensores dos direitos humanos foram mortos nos últimos anos por extremistas muçulmanos. Em 18 de março de 2015, 22 pessoas, na maioria turistas europeus, foram mortas num ataque ao Museu do Bardo, em Túnis. Os terroristas morreram e não foi esclarecido a que grupo pertenciam.

Mais mortal ainda foi o ataque à praia de Sousse. Em 26 de junho, Seifeddine Rezgui disparou com um fuzil de guerra Kalachnikov contra pessoas que estavam na praia perto de um hotel de cinco estrelas de uma companhia espanhola, matando 39 pessoas antes de ser morto. O Estado Islâmico reinvidicou a autoria desse atentado.

Uma turista luso-brasileira de 76 anos, Maria da Glória Moreira, morreu em Sousse, tornando-se a primeira vítima brasileira do Estado Islâmico.

EUA declaram que acordo com Rússia não cobre avião abatido

Em entrevista na Casa Branca ao lado do presidente da França, François Hollande, o presidente Barack Obama declarou há pouco que a Turquia tem o direito de defender seu espaço aéreo, enquanto o Departamento da Defesa dos Estados Unidos afirmava que o acordo feito com a Rússia para evitar contatos entre as forças aéreas dos dois países na Síria não se aplica ao avião russo abatido hoje pela Turquia.

O Pentágono descreveu o abate do Sukhoi-24 russo como "um ato soberano de autodefesa da Turquia". Na versão turca, dois caças-bombardeiros F-16s,s de fabricação americana, teriam advertido os russos dez vezes em cinco minutos antes de atacar o avião.

Em Moscou, o Ministério da Defesa alegou que em nenhum momento o espaço aéreo turco foi invadido. O ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, cancelou uma viagem que faria amanhã à Turquia.

Obama tenta desescalar a situação para evitar nova confrontação com a Rússia. Neste momento, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, realiza uma reunião de emergência em Bruxelas, na Bélgica.

A Turquia teria derrubado o avião russo porque ele estaria bombardeando rebeldes sírios apoiados pelo governo turco perto da cidade de Lataquia, o principal porto da Síria, numa região onde não há rebeldes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

A Rússia intervém na guerra civil da Síria desde 30 de setembro a pretexto de combater o Estado Islâmico, mas a maioria dos ataques visa outros grupos rebeldes que Moscou acusa de terrorismo, reproduzindo o discurso de seu aliado, o ditador Bachar Assad.

Uma questão central que impede a cooperação militar entre a Rússia e a coalizão de 65 países liderada pelos EUA é o futuro de Assad. Em Washington, os presidentes Obama e Hollande reafirmaram hoje que o ditador precisa ser afastado dentro de um acordo de paz e reconciliação nacional. Esta é a posição da Europa, dos EUA e de seus aliados no Oriente Médio, inclusive a Turquia.

Por um lado, a Rússia e o Irã insistem em que o regime de Assad é o governo legítimo da Síria. De outro, os EUA e aliados argumentam que o ditador iniciou a guerra civil ao mandar atirar para matar nos manifestantes que pediam a liberalização do regime durante a Primavera Árabe, a partir de 15 de março de 2011.

O abate do avião russo complica ainda mais a estratégia do presidente Hollande de articular uma aliança de grandes potências contra o Estado Islâmico.

EUA cresceram mais do que estimado inicialmente no terceiro trimestre

A revisão do cálculo do produto interno bruto indica que a economia dos Estados Unidos cresceu no terceiro trimestre de 2015 num ritmo de 2,1% ao ano, acima do 1,5% da primeira estimativa, anunciou hoje o Departamento do Comércio, noticiou o jornal inglês Financial Times.

No segundo semestre, a alta foi de 3,9% ao ano.

De qualquer forma, o resultado aumenta a possibilidade de que o Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed) volte a aumentar as taxas básicas de juros na reunião de 15 e 16 de dezembro, a última de 2015. As taxas estão praticamente zeradas desde dezembro de 2008 para combater a crise internacional.

Turquia abate avião de guerra russo na Síria

A Turquia derrubou hoje um avião de guerra da Rússia perto da fronteira com a Síria, acusando-o de violar repetidas vezes o espaço aéreo turco. A Rússia negou a invasão do espaço aéreo turco. 

O presidente Vladimir Putin descreveu o incidente como "uma punhalada pelas costas" e afirmou que haverá "sérias consequências", noticiou a televisão pública britânica BBC.

Os dois pilotos saltaram de paraquedas e foram mortos por rebeldes turcomenos, noticiou a agência Reuters citando o comando militar rebelde como fonte. Isso pode ser enquadrado como crime de guerra. A Turquia disse que eles podem estar vivos.

"Durante todo o tempo, o avião voou apenas no espaço aéreo turco", declarou em nota em Moscou o Ministério da Defesa da Rússia. O presidente Putin lamentou que a Turquia tenha recorrido à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, antes de comunicar o fato à Rússia.

A Turquia convocou uma reunião de emergência da OTAN. Putin alegou que na área havia voluntários russos que foram para a Síria lutar ao lado de terroristas e seriam ameaça à Rússia quando voltaram para casa.

O presidente da França, François Hollande, está hoje em Washington com o presidente Barack Obama, depois de se encontrar ontem em Paris com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

Amanhã, recebe a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e quinta-feira vai a Moscou conversar com Putin, na tentativa de articular uma grande aliança de grandes potências contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

A queda do avião russo mostra as limitações da cooperação militar entre a Rússia e as potências ocidentais e seus aliados no Oriente Médio porque os objetivos são diferentes.

A Turquia, país-membro da OTAN, exige a saída do ditador sírio, Bachar Assad, que a Rússia e o Irã querem manter no poder a qualquer preço.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Macri ameaça Venezuela com cláusula democrática do Mercosul

Em sua primeira entrevista coletiva como presidente eleito da Argentina, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, colocou o combate à inflação como maior prioridade. Ele disse que primeiro precisa ver como estão as contas públicas. 

Em política externa, ameaçou aplicar a cláusula democrática do Mercosul à Venezuela por causa das prisões de líderes da oposição e da falta de liberdade de expressão.

"A principal urgência econômica é ter um plano de combate à inflação", declarou Macri. O índice de crescimento de preços ronda os 25%-30% e é escamoteada pelo governo Cristina Kirchner. O presidente eleito prometeu ainda liberar o câmbio de dólares, controlado pelo governo desde 2011 por causa da escassez de divisas, com uma cotação única.

Como as reservas cambiais da Argentina caíram a US$ 27 bilhões, o país vai precisar de dinheiro de fora para suprir a demanda pela moeda americana. A desvalorização do peso será inevitável. A grande aposta hoje na Argentina é qual será o valor do dólar.

"A primeira viagem será ao Brasil, é nosso principal sócio no futuro", anunciou.

Macri não terá um ministro da Economia, mas uma equipe econômica incluindo os ministros da Fazenda, da Agricultura, Pecuária e Pesca, Produção, Trabalho e Transportes.

O presidente eleito se comprometeu o manter os julgamentos dos torturadores e assassinos da última ditadura militar argentina (1976-83) e as políticas de combate à violência de gênero contra mulheres e homossexuais.

Ele vai pedir ao Congresso a revogação do memorando de entendimento com o Irã para uma investigação conjunta sobre o atentado terrorista contra a AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), que deixou 85 mortos e 300 feridos em julho de 1994.

Em 19 de janeiro de 2015, o promotor encarregado do caso, Alberto Nisman, foi encontrado morto horas antes de depois na Câmara Federal sobre suas razões para denunciar a presidente Cristina Kirchner por fazer um acordo lesivo aos interesses do país.

Depois de anos de pressão do kirchnerismo sobre o Judiciário, Macri afirmou que "a Justiça deve ter toda a liberdade para ir a fundo" contra "aqueles que violarem" a lei, prometendo combater a corrupção e a impunidade. À imprensa, outro alvo preferido do casal Kirchner, prometeu "diálogo e transparência".

Outra proposta é declarar situação de emergência na segurança pública e tomar medidas para impedir que as gangues do tráfico de drogas controlem territórios nos bairros pobres.

Mauricio Macri toma posse em 10 de dezembro, logo depois das eleições parlamentares da Venezuela, onde o regime chavista fará tudo para tentar evitar ou até negar a vitória da oposição. Na reunião de cúpula do Mercosul de 21 de dezembro, em Assunção, no Paraguai, ele promete pedir a suspensão do governo Nicolas Maduro do bloco por "perseguir" líderes da oposição e por "falta de liberdade de expressão".

O governo Dilma Rousseff, que se nega a criticar Maduro, será obrigado a deixar clara sua posição sobre as violações dos direitos humanos na Venezuela.

Em política comercial, manifestou a intenção de sacudir o protecionismo do bloco e negociar acordos com a UE e a Aliança do Pacífico.

UE vai prorrogar sanções à Rússia por causa da Ucrânia

A União Europeia está preparando a prorrogação por mais seis meses das sanções impostas à Rússia por causa da anexação da Crimeia e da intervenção militar russa no Leste da Ucrânia, reportou hoje o jornal EU Observer, citando fontes da Comissão Europeia.

Os Estados Unidos, a Alemanha, a França, a Itália e o Reino Unido concordaram em princípio em estender as sanções durante a reunião de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20) realizada recentemente na Turquia, mas não concluíram a discussão ainda.

Isso indica que a Rússia não conseguir barganhar o apoio à guerra contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante em troca do fim das sanções. Os EUA e a UE não vão abandonar seu compromisso com a Ucrânia.

A decisão final será tomada na reunião de cúpula da UE em 17 e 18 de dezembro de 2015.

França articula aliança de grandes potências contra Estado Islâmico

O presidente da França, François Hollande, recebeu hoje em Paris o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. Amanhã, vai a Washington encontrar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Na quarta-feira, recebe a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel. Na quinta-feira, encontra o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, e vai a Moscou conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Esta maratona diplomática visa a articular uma aliança militar  para derrotar o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Das grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, falta só a China. Hollande se encontra com o presidente Xi Jinping, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Paris, em 30 de novembro.

A China tem seus próprios problemas com extremistas muçulmanos na província de Kachgar, no Noroeste do país, e teve cidadãos mortos pelo Estado Islâmico e no recente ataque ao Hotel Radisson Blu, no Mali, por um grupo ligado à rede terrorista Al Caeda.

Antes da reunião no Palácio do Eliseu, Cameron e Hollande foram até a casa de shows Bataclan, onde foram mortas 89 das 130 vítimas fatais da onda de terror da sexta-feira, 13 de novembro, em Paris. O primeiro-ministro prometeu ajuda ao aliado, mas precisa convencer a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico.

Há grandes dificuldades para formar uma coalizão porque os objetivos são diferentes. Os EUA, a Turquia e as monarquias petroleiras do Golfo lideradas pela Arábia Saudita não estão dispostos a aceitar a permanência do ditator Bachar Assad na Síria, enquanto a Rússia e o Irã querem mantê-lo no poder.

"A questão é se eles estão dispostos a fazer os ajustes necessários para participar da aliança, que já tem 65 países", declarou Obama, sem mostrar qualquer inclinação de ceder.

A Rússia interveio na Síria para defender seus interesses, que incluem sua única base naval no Mar Mediterrâneo. Além do Estado Islâmico, ataca outros grupos rebeldes. Antes do atentado que derrubou um avião de passageiros russos no Deserto do Sinai matando 224 pessoas, atacava muito mais os outros grupos, especialmente os apoiados pelo Ocidente para criar um dilema: Assad ou o Estado Islâmico.

Putin também gostaria de barganhar a participação na guerra contra o terrorismo em troca do fim das sanções impostas pelo Ocidente em protesto contra a anexação da Crimeia e a intervenção militar russa no Leste da Ucrânia. Nem EUA nem Europa devem ceder na questão ucraniana.

Assim, a cooperação militar tem um limite. À medida que a Rússia e o Irã fortalecem o regime de Assad, os EUA, a Europa, a Turquia e as monarquias petroleiras tendem a apoiar ainda mais os rebeldes, criando um impasse no campo de batalha. Isso tende a prolongar a guerra civil na Síria. Sem governos que funcionem no Iraque e na Síria, será mais difícil derrotar o EI.

Nesta segunda-feira, o porta-aviões Charles de Gaulle chegou perto do litoral da Síria, no Leste do Mar Mediterrâneo, triplicando o poder de ataque da França.

Universidade de Barcelona e Instituto Cruyff se unem em programas sociais

A Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) e o Instituto Johan Cruyff anunciaram hoje uma parceria para trabalharem juntos em educação, pesquisa e programas sociais. Entre outros objetivos, vão criar um mestrado em gestão de esportes, criar uma cátedra de pesquisa e cooperar no apoio a pessoas com deficiências.

O mestrado em gestão de esportes era até agora um programa do Instituto Johan Cruyff, criado pelo craque da seleção da Holanda na Copa de 1974. A partir do ano letivo de 2016-17, será integrado à Faculdade de Economia e Negócios da UAB. O curso será ministrado em espanhol e inglês, combinando aulas tradicionais e ensino à distância.

O público-alvo do mestrado será graduados em educação física e ciências do esporte, administração de empresas, economia, marketing, turismo e comunicações. O objetivo é treinar os profissionais para usarem os instrumentos da gestão de esportes para identificar oportunidades de negócios, otimizar recursos e analisar informações para tomada de decisões.

Uma das preocupações centrais é incorporar os princípios da igualdade entre homens e mulheres, igualdade de oportunidades, não discriminação e acesso a todos.

Bélgica prorroga estado de alerta máxima em Bruxelas

O primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, anunciou há pouco a prorrogação do estado de alerta máxima em Bruxelas em vigor desde sábado para evitar uma onda de terror como a da sexta-feira, 13 de novembro, em Paris.

Todas as escolas e o metrô da capital belga e da União Europeia ficam fechados até amanhã à tarde, quando o governo fará uma nova avaliação do problema.

Pelo menos três terroristas que atacaram a capital francesa saíram de Molenbeek, um bairro de Bruxelas com grande população de imigrantes e seus descendentes. Nas últimas horas, a polícia belga prendeu 16 suspeito. Um foi acusado de participar dos atentados em Paris.

Na capital francesa, a polícia encontrou um colete de explosivos para terrorismo suicida. Suspeita que tenha sido abandonada por Salah Abdeslam, hoje o terrorista mais procurado da Europa. Ele teria fugido para a Bélgica.

Cinco superministros serão chaves no próximo governo argentino

Com a vitória do oposicionista Mauricio Macri, empresário, ex-presidente do Boca Juniors e prefeito de Buenos Aires, uma nova equipe se forma para governar a Argentina. O jornal Perfil revelou quem serão os superministros de Macri.

O chefe da campanha vitoriosa da coalizão Mudemos, Marcos Peña, é apontado como futuro chefe de Gabinete, o equivalente ao chefe da Casa Civil no Brasil. É o ministro mais importante do governo, quase um primeiro-ministro.

Homem de confiança do presidente eleito, Peña foi o arquiteto da estratégia de comunicação de Macri. Deve nomear gente de sua confiança como Federico Suárez e Fernando de Andreis, que deve ser secretário-geral do novo governo.

A educação ficará a cargo de Estaban Bullrich. Guillermo Dietrich será ministro dos Transportes. Ambos pretendem recrutar assessores no setor privado. Estão em contato com o G25, o grupo de empresários da Proposta Republicana (Pro), o partido do novo presidente.

Como representante da União Cívica Radical (UCR) na coalizão vencedora, Ernesto Sanz deve ser ministro da Justiça e indicar os ministros da Defesa e da Saúde, que poderiam ser Angel Tello e José Cano.

Outra figura importante do governo Macri deve ser a governadora eleita da província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal. Deve ser a principal voz em questões de política social.

Hernán Lombardi deve ser ministro da Cultura.

domingo, 22 de novembro de 2015

Mauricio Macri é o novo presidente da Argentina

Numa derrota para a presidente Cristina Kirchner, o candidato oposicionista Mauricio Macri, empresário e prefeito da capital, de centro-direita, venceu o governador da província de Buenos Aires e ex-vice-presidente Daniel Scioli no segundo turno da eleição presidencial na Argentina.

Com 99,17% dos votos apurados, Macri ganha com 12.903.301 (51,4%) contra 12.198.441 (48,6%) para Scioli, que vencera o primeiro turno, em 25 de outubro, por 37% a 34%.

Por telefone, Scioli cumprimentou Macri, reconhecendo oficialmente a derrota.

O terceiro colocado no primeiro turno, deputado Sergio Massa, também cumprimentou Macri pela vitória e declarou: "Entramos numa nova era." Uma parte importante dos 5 milhões de votos de Massa foi para o presidente eleito.

No discurso da vitória, Macri agradeceu ao eleitorado argentino: "Obrigado por confiarem em mim. Estou aqui porque vocês decidiram."

A presidente Cristina Kirchner também cumprimentou o presidente eleito por telefone e vai recebê-lo terça-feira na Quinta de Olivos, residência oficial do presidente da Argentina, dando início ao processo de transição.

Mauricio Macri toma posse em 10 de dezembro de 2015. Sua primeira viagem oficial ao exterior será ao Brasil.

Macri tem 54% do total com 25% dos votos apurados

Com 25% das urnas apuradas, o candidato da oposição à Presidência de Argentina, o prefeito da capital, Mauricio Macri, lidera com 54% contra 46% para o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, apoiado pela presidente Cristina Kirchner.

Macri chegou há 20 minutos ao quartel-general de sua candidatura, da coalizão Cambiemos (Mudemos). Na sede da Frente pela Vitória, a coligação de Scioli, a ordem é manter a prudência até que haja "resultados mais sólidos".

Pesquisas de boca de urna dão vitória a Macri na Argentina

Todas as pesquisas e os primeiros resultados oficiais indicam a vitória do candidato oposicionista, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, no segundo turno da eleição presidencial na Argentina, informa o jornal Clarín. É uma derrota para a presidente Cristina Kirchner e o fim da era kirchnerista.

A vantagem de Macri sobre o candidato oficial, o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, varia de seis a 20 pontos percentuais nas diferentes pesquisas. Na contagem oficial, está sete pontos na frente.

Quem vencer será o sexto presidente argentino eleito diretamente desde a volta da democracia, em 1983, depois de Raúl Alfonsín, Carlos Menem, Fernando de la Rúa, Néstor Kirchner e Cristina Kirchner.

O resultado definitivo deve ser conhecido até dez horas da noite em Buenos Aires (23h em Brasília).

Bélgica prorroga estado de alerta máxima em Bruxelas

As escolas e o metrô de Bruxelas não vão funcionar nesta segunda-feira. Diante da ameaça de um ataque terrorista como o de Paris, o governo da Bélgica, prorrogou hoje o estado de alerta máxima por mais um dia. Dezesseis pessoas foram presas.

"Eu confirmo, como fiz ontem, que tememos ataques semelhantes aos de Paris", declarou o primeiro-ministro Charles Michel.

A tensão aumentou na semana passada, quando se soube que a onda de terror na França foi planejada e executada por extremistas muçulmanos do bairro de Molenbeek, em Bruxelas, ligados ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

No fim de semana, soldados e policiais ocuparam as ruas da capital da Bélgica e da União Europeia, sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a mais poderosa aliança militar do mundo.

A polícia belga participa da caçada ao homem mais procurado da Europa, Salah Abdeslam, considerado um dos chefes dos atentados em Paris. Dois homens, Hamza Attuou e Mohamed Amri, foram presos por ajudar na fuga de Abdeslam para a Bélgica. De acordo com um deles, Adeslam estaria com colete de explosivos, prestes a se suicidar, quando foi resgatado. Mas a preocupação vai muito além dele.

Os serviços secretos belgas temem ataques múltiplos e simultâneos contra locais de grande concentração de pessoas, como o sistema de transportes públicos, centros comerciais e eventos esportivos ou culturais.

"Entendemos que há muitos suspeitos, por isso há uma grande concentração de fortes", justificou o ministro do Interior da Bélgica, Jan Jambon, em entrevista à televisão.

Se o estado de alerta se prolongar, com parte do comércio fechada, a economia começará a ser afetada.

Macri é favorito no segundo turno na Argentina

O prefeito da capital da Argentina, Mauricio Macri, e o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, apoiado pela presidente Cristina Kirchner disputam hoje a Presidência da Argentina, que pela primeira vez será decidida no segundo turno. As pesquisas dão vantagem de oito a dez pontos percentuais ao oposicionista.

Quem quer que ganhe deve ser o fim do kirchnerismo, uma derivação da esquerda peronista que domina a política argentina desde 2003, quando Néstor Kirchner venceu o ex-presidente Carlos Menem, que não disputou o segundo turno para negar legitimidade ao adversário.

"Hoje é um dia histórico que vai mudar nossas vidas", declarou Macri depois de votar, enquanto Scioli que "hoje ganha o povo".

Depois de votar, a presidente Cristina Kirchner falou durante 28 minutos, o que lhe rendeu cinco denúncias apresentadas à Procuradoria Eleitoral por fazer campanha fora de hora.

O kirchnerismo se caracterizou por uma política de confrontação permanente que fez do "antogonismo sua razão de ser", observou hoje o jornalista Ricardo Kirschbaum, editor-chefe do jornal Clarín, perseguido pelo governo.

Seu primeiro alvo foi a "pátria financeira", os setores que lucraram com a dolarização da economia promovida por Menem, que desabou espetacularmente em 2001, dois anos depois que ele deixou o governo.

Com subsídios, ajuda direta aos pobres, que chegaram a ser 58% da população, e a renegociação da dívida, a Argentina retomou o crescimento econômico no embalo da alta nos preços dos produtos primários que exporta, especialmente carne e grãos.

Sob o desgaste das rixas políticas constantes, Kirchner indicou sua mulher, a senador Cristina Fernández de Kirchner, como sucessora. Já na campanha eleitoral de Cristina, em 2007, começou a manipulação das estatísticas, especialmente da inflação.

Em março de 2008, com Cristina na Casa Rosada, o governo aumentou as alíquotas dos impostos sobre exportações de grãos, que passaram de 35% em caso de grandes volumes, deflagrando uma greve de produtores rurais. O jornal Clarín apoiou os ruralistas, iniciando um conflito que Cristina tentou desmantelar o maior grupo de mídia argentino.

Os Kirchner travaram batalhas com os fazendeiros, os meios de comunicação, a Justiça e a Igreja Católica, até o cardeal Jorge Mario Bergoglio ser eleito papa. Néstor Kirchner chegou a chamar o arcebispo de Buenos de "oposição de batina". Perderam todas. A derrota nas eleições parlamentares de 2013 acabou com o sonho de permitir a reeleição sem limites do presidente.

Abandonada pelos sindicatos, tradicionalmente a base de poder da esquerda peronista, por causa do impacto da manipulação dos índices de inflação sobre os salários, Cristina se apoiou no grupo da juventude peronista La Cámpora, liderado por seu filho Máximo Kirchner, e na população mais pobre que depende dos subsídios governamentais.

Essa política de subsídios aumentou o déficit público para pelo menos 3,5% do produto interno bruto e gerou mais inflação, enquanto novo conflito com os credores que não aceitaram a renegociação da dívida isolou o país do mercado financeiro internacional, levando Cristina a fazer acordos com a China que afetam o Mercosul.

Mesmo que Scioli vença, o que é improvável, o novo governo terá de fazer um ajuste fiscal profundo, acabar com o confronto permanente com o empresariado, estimular o investimento estrangeiro e renegociar o acesso ao mercado financeiro internacional. Mas os fatores críticos para a situação política, econômica e financeira da Argentina vão persistir.

Só um longo período de crescimento sustentado que parece distante da América Latina permitirá atacar os problemas estruturais, a falta de competitividade de um mercado superprotegido por uma presidente costuma botar a culpa nos inimigos internos e externos por seus próprios erros.

sábado, 21 de novembro de 2015

Thomas Piketty: "Segurança total não basta"

Diante dos atentados terroristas em Paris, é preciso atacar e punir o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, mas o foco numa segurança absoluta não será suficiente, adverte o economista francês Thomas Piketty, diretor de pesquisas da Escola de Estudos Superiores em Ciências Sociais da Faculdade de Economia de Paris e autor do livro clássico O Capital no Século 21.

"É preciso também se interrogar sobre as condições políticas dessas violências, das humilhações e injustiças que fazem com que esse movimento se beneficie de apoios importantes no Oriente Médio e suscite hoje vocações sanguinárias na Europa", escreveu Piketty em sua estreia como articulista do jornal Le Monde.

A longo prazo, a solução é criar um modelo de desenvolvimento social mais equitativo na França e no Oriente Médio, acrescentou o economista: "O terrorismo se alimenta do barril de pólvora da desigualdade no Oriente Médio, que contribuímos grandemente para criar. Daech ou o Estado Islâmico do Iraque e do Levante é resultado direto da decomposição do regime iraquiano e mais geralmente do colapso do sistema de fronteiras estabelecido na região em 1920.

"Depois da anexação do Kuwait pelo Iraque, em 1990-91, as potências aliadas enviaram suas tropas para devolver o petróleo aos emires - e às companhias ocidentais. Inaugura-se um novo ciclo de guerras tecnológicas e assimétricas - algumas centenas de mortos da coalizão para libertar o Kuwait contra dezenas de milhares de mortos do lado iraquiano", continua Piketty.

"Essa lógica chegou ao paroxismo na Segunda Guerra do Golfo, entre 2003 e 2011: cerca de 500 mil  iraquianos mortos para mais de 4 mil americanos, tudo isso para vingar os 3 mil mortos do 11 de setembro, que não teve nada a ver com o Iraque", compara o economista francês.

Na sua opinião, "essa assimetria enorme em perdas humanas e a falta de uma solução política do conflito israelo-palestino servem hoje para justificar todas as violências perpetradas pelos jihadistas". Ele espera que a Rússia e a França, que bombardeiam diariamente o Estado Islâmico depois de serem alvos de atentados terroristas, não repitam o "fiasco" dos EUA e suscitem menos vocações assassinas.

Piketty observa que Oriente Médio tem a maior concentração de riqueza do mundo. Do Egito ao Irã, onde vivem 300 milhões de pessoas, os recursos do petróleo estão concentrados em poucos países. As monarquias petroleiras têm cerca de 60% a 70% do produto interno bruto regional e apenas 10% da população.

Dentro dessas monarquias, a concentração da riqueza também é enorme ao redor das famílias reais enquanto mulheres e trabalhadores imigrantes vivem em regime de semiescravidão, acusa o economista: "E esses são regimes sustentados militar e politicamente pelas potências ocidentais muito satisfeitas em catar algumas migalhas para financiar seus clubes de futebol ou para lhes vender armas. Não espanta que nossas lições de democracia e justiça social pesem pouco no seio da juventude no Oriente Médio."

Para recuperar a credibilidade, ele aconselha demonstrar mais interesse no desenvolvimento social e na integração política do que nos lucros financeiros e nas relações com as famílias reais.

"Concretamente, o dinheiro do petróleo deve ter como prioridade o desenvolvimento regional", propõe Piketty. "Em 2015, o orçamento total das autoridades egípcias para financiar o conjunto do sistema educacional do país de 90 milhões de habitantes é inferior a US$ 10 bilhões. A algumas centenas de quilômetros dali, a renda do petróleo da US$ 300 bilhões por ano à Arábia Saudita e seus 30 milhões de habitantes, e passa de US$ 100 bilhões para o Catar e os 300 mil catarinos."

Os grandes discursos pela democracia só são mantidos quando interessam ao Ocidente, provoca o economista. Em 2012, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, tornou-se o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito. Um ano depois, foi derrubado pelo Exército, que matou mais de mil militantes e tornou a Irmandade, que fazia um trabalho social de base com a população carente, ilegal.

"Meses depois, a França começou a vender fragatas para se apropriar de parte dos magros recursos do país. Esperamos que essa negação da democracia não tenha as mesmas consequências mórbidas da interrupção do processo eleitoral na Argélia em 1992", lembrou ele.

Mais de 100 mil pessoas foram mortas na guerra civil deflagrada pela anulação da vitória da Frente Islâmica de Salvação (FIS). Na época, a França foi alvo de atentados do Grupo Islâmico Armado (GIA) por apoiar a ditadura militar argeliana.

"Resta a questão: como jovens que cresceram na França podem confundir Bagdá com os subúrbios da periferia de Paris e importar para cá os conflitos de lá? Nada pode desculpar esse desvio sanguinário, machista e patético", argumenta Picketty. Mas nota que é preciso não esquecer do desemprego e da discriminação profissional.

E conclui: "A Europa, que antes da crise financeira internacional recebia um fluxo migratório de 1 milhão de pessoas por ano com desemprego em baixa, deve relançar seu modelo de integração e criação de empregos. É a austeridade que leva ao aumento dos egoísmos nacionais e das tensões identitárias. É pelo desenvolvimento social equitativo que ódio será vencido."

Bruxelas está em alerta máxima contra o terrorismo

O metrô da capital da Bélgica e da União Europeia foi fechado hoje de manhã, os centros comerciais não abriram e todos os eventos esportivos foram cancelado. Desde ontem à noite, Bruxelas, onde aparentemente foi organizada a onda de terror da semana passada em Paris, está em estado de alerta máxima por causa de uma ameaça terrorista "séria e iminente".

A cidade amanheceu com as ruas tomadas por soldados e policiais armados com metralhadoras. O primeiro-ministro Charles Michel explicou que as medidas foram tomadas porque agentes identificaram uma ameaça no estilo da onda de terror em Paris, que envolveria ataques simultâneos contra vários locais.

Durante a madrugada, a polícia realizou várias operações no bairro de Molenbeek, onde vive uma grande população de imigrantes e descendentes. Lá era a base da célula terrorista que organizou os atentados à capital da França.

Dois jovens belgas presos por colaborar na fuga de Salah Abdeslam, supostamente o chefe de operações dos atentados em Paris e talvez o único terrorista a participar dos ataques ainda vivo, declararam que o encontram em estado de choque e com um colete suicida. Salah estaria prestes a se detonar, revelou a revista L'Obs.

A Embaixada dos Estados Unidos em Bruxelas aconselhou os americanos residentes na cidade a "se proteger e ficar em casa".

Na França, sete das oito pessoas presas durante a operação de 18 de novembro na cidade-satélite de Saint-Denis, quando morreu o idealizador dos ataques, Abdelhamid Abaaoud, foram soltas. O homem que cedeu o apartamento aos terroristas continua preso.

Na Turquia, foram presos Ahmed Dahmani, de 26 anos, um belga de origem marroquina acusado de ajudar a escolhar os alvos dos atentados em Paris, e dois sírios que também teriam participado da onda de terror.

ONU autoriza guerra contra o Estado Islâmico

Por unanimidade, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou ontem uma resolução proposta pela França autorizando o uso de "todos os meios necessários" para combater a milícia extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que assumiu a responsabilidade pelos atentados terroristas em Paris.

Em linguagem diplomática, a expressão "todos os meios necessários" inclui o uso da força e portanto a guerra contra a maior, mais rica e mais poderosa organização jihadista da história. O texto pede aos 193 países-membros da ONU que "redobrem e coordenem os esforços" na luta contra o terrorismo

A França já estava bombardeando o Estado Islâmico antes do ataque a Paris. Foi a principal razão apontada pelos terroristas para justificar suas ações. Depois dos atentados de 13 de novembro, intensificou os bombardeios aéreos.

Na próxima semana, o presidente François Hollande vai a Washington no dia 24 e a Moscou no dia 26 para tentar obter o apoio dos Estados Unidos e da Rússia para coordenar as estratégias na guerra contra o EI.

A Rússia tinha apresentado outro projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU, que falava no consentimento da Síria. Esta é a principal diferença da posição russa em relação aos EUA, à França e ao Reino Unido, que exigem a queda do ditador Bachar Assad.

Mulher não se suicidou no ataque a Saint-Denis

Hasna Ait Boulahcen, de 26 anos, foi apontada há dois dias como a primeira-mulher bomba da história da Europa. Mas um terceiro corpo foi encontrado ontem no apartamento onde estavam ela e o mandante da onda de terror em Paris, Abdelhamid Abaaoud, e a polícia mudou a versão oficial. Quem se matou foi um homem-bomba.

Como primeira mulher-bomba da Europa, Hasna, prima de Abaaoud, romperia uma triste barreira. Em princípio, a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante não usa mulheres em ataques. Na ideologia do EI, as mulheres são donas de casa, esposas e mães dos jihadistas do futuro.

Durante o cerco ao apartamento, ela tentou atrair os policiais para uma cilada. Tentou passar por refém.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Terceiro homem-bomba do estádio entrou na Europa como refugiado

O terceiro terrorista suicida a se autodetonar do lado de fora do Estádio da França, em Saint-Denis, na Grande Paris, na sexta-feira, 13 de novembro, também entrou na Europa através da Grécia como refugiado em 3 de outubro, revelou hoje a Procuradoria da República em Paris.

Ele se explodiu às 21h30 na Rua Rimet, na frente do portão H. O primeiro homem-bomba, que se detonou às 21h20 depois de ser barrado ao tentar entrar no estádio pelo portão D, também chegou à União Europeia na Grécia em 3 de outubro de 2015. O segundo era o francês Bilal Hadfi.

A participação de refugiados na onda de terror que deixou 130 mortos em Paris fortalece o discurso da extrema direita em ascensão na Europa. Para a presidente da Frente Nacional, Marine Le Pen, líder da ultradireita na França, "o refugiado de hoje é o terrorismo de amanhã".

Com este discurso, o partido pretende avançar nas eleições regionais do início de dezembro na França. Os Republicanos, novo partido de centro-direita liderado pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy e o ex-primeiro-ministro Alain Juppé, também devem se beneficiar, com prejuízo do governante Partido Socialista, que está sendo acusado de não adotar o rigor necessário depois do atentado contra o jornal satírico Charlie Hebdo em 7 de janeiro deste anos.

O principal suspeito de ser o chefe de operações da onda de terror em Paris, Salah Abdeslam, foi visto saindo na quarta-feira de um hotel em Chimay, na Bélgica, informou a polícia federal da França.

"A França é ardente, faz festa, ama o rock, o vinho e fazer amor"

Com 336 votos e 12 abstenções, o Senado da França aprovou hoje a extensão por 90 dias do estado de emergência decretado pelo presidente François Hollande para combater os terroristas que atacaram Paris na sexta-feira, 13 de novembro de 2015, matando 130 pessoas. Durante o debate, o líder da bancada do Partido Socialista exaltou a cultura francesa.

"A França é ardente, ela faz festa, ela ama o rock e o vinho, ama fazer amor", declarou o senador Didier Guillaume. "A França é bela quando é solidária. Nos devemos ter orgulho de sermos franceses."

O primeiro-ministro Manuel Valls anunciou que a lei será sancionada imediatamente. Pela Constituição da França, o presidente só pode decretar estado de emergência por oito dias. Além disso, a medida precisa ser aprovada pelo Congresso.

Durante reunião dos ministros do Interior e da Justiça, a União Europeia decidiu criar um banco de dados pan-europeu de informações criminais, a exemplo do utilizado em aeroportos para prevenir atentados terroristas.

Rússia e Síria bombardeiam 50 cidades em poder do Estado Islâmico

Em uma operação conjunta, as Forças Aéreas da Rússia e da Síria atacaram hoje 50 cidades da província de Deir el-Zur, no Leste da Síria, que estão em poder da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

O intenso bombardeio foi uma resposta a um ataque dos jihadistas a uma base aérea próxima da cidade de Deir el-Zur que está sob o controle da ditadura de Bachar Assad.

Em Moscou, o presidente Vladimir Putin admitiu hoje que a campanha aérea russa, iniciada em 30 de setembro de 2015, ainda não produziu o resultado esperado. Como as potências ocidentais, a Rússia não pretende enviar forças terrestres para derrotar o Estado Islâmico no campo de batalha.

O Kremlin apoia o regime de Assad como "único governo legítimo da Síria" e espera que tropas locais façam a campanha no solo contra o EI.

Terrorista indicada como mulher-bomba divulgou fotos ousadas na rede

Na operação em Saint-Denis que matou o mandante da onde de terror em Paris, Abdelhamid Abaaoud, dois dias atrás, também morreu uma mulher, logo apontada como a primeira mulher-bomba da história da Europa. 

Hasna Ait Boulahcen foi de cowgirl a terrorista suicida, afirmou o jornal português Observador. Mas a polícia francesa mudou a versão e diz agora que o suicida era um homem.

Durante o cerco, Hasna Ait Boulahcen, de 26 anos, prima de Abaaoud, tentou se passar por uma pessoa sequestrada para atrair os policiais para uma cilada:

- Ajudem-me! Ajudem-me! - disse ela.

- Onde está teu namorado? - perguntou a polícia.

- Ele não é meu namorado - respondeu Hasna.

Vendo que a farsa não estava dando resultado, ela teria detonado o colete de explosivos que trazia sob a roupa. A descoberta de um terceiro corpo nos destroços do apartamento levou à mudança da versão oficial das autoridades francesas. O terrorista suicida era um homem

Expressiva e cheia de vida, mas "um tanto ignorante", como foi descrita pelos vizinhos, Hasna tinha fama de rebelde. Bebia álcool e gostava de usar chapéus de vaqueiro. Era conhecida como cowgirl. Divulgou nas redes sociais imagens em que tomava banhos de espuma, hábitos incompatíveis com o puritanismo exacerbado dos extremistas muçulmano.

Prefeitura de Paris abre espaço na Internet para homenagear vítimas

A Prefeitura de Paris abriu seu sítio na Internet para mensagens, fotos e vídeos em homenagem às vítimas dos atentados terroristas da sexta-feira, 13 de novembro, que devem enviadas com a hashtag #noussommesunies para o endereço eletrônico noussommes@paris.fr

O Clémi (Centro de Ligação do Ensino e das Mídias de Informação), um órgão ministerial, publicou na Internet a produção de alunos de 150 escolas sobre a onda de terror na capital da França. São desenhos, poemas, artigos, fotos e vídeos.

"Hoje, não se compreende mais nada. Ou se dorme mal ou não se dorme. Choramos todas as vítimas", escreveram Alice, Andjelina, Artur e seus colegas, concluindo: "Cresceremos e resistiremos."

O total de mortos em Paris subiu hoje para 130.

Ataque terrorista a hotel no Mali termina com 27 mortos

O ataque ao Hotel Radisson Blu em Bamako, no Mali, acabou há pouco. Pelo menos 27 pessoas foram mortas, inclusive cinco terroristas, confirmou um representante das Nações Unidas. Todos os reféns sobreviventes foram libertados, anunciaram autoridades deste país da África Ocidental citadas pela Agência France Presse (AFP).

Com o apoio da rede terrorista Al Caeda no Magreb Islâmico, os rebeldes da milícia extremista muçulmana Al-Mourabitoun (As Sentinelas), liderada pelo argeliano Mokhtar Belmokhtar, invadiram o hotel às sete da manhã (5h em Brasília) e tomaram cerca de 170 reféns. Vários foram libertados depois de provar que eram muçulmanos recitando trechos do Corão, o livro sagrado do islamismo.

Pelo menos dois terroristas foram mortos. Um dos reféns mortos foi identificado como o belga Geoffrey Dieudonné, assessor do parlamento regional da Federação Valônia-Bruxelas. Ele estava no Mali em missão da Francofonia Parlamentar, uma aliança de países que falam francês. Participava de um seminário para melhorar a formação dos assessores parlamentares malineses

Se for confirmada a responsabilidade de grupos ligados à rede Al Caeda, fica evidente uma competição com o Estado Islâmico do Iraque e do Levante pela liderança do movimento jihadista.

O grupo Ansar Dine, ligado a Al Caeda no Magreb, ameaçou atacar a França semanas atrás. Seu líder elogiou o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, em 7 de janeiro de 2015. Pode estar associado ao ataque ao hotel no Mali.

Ao abrir o 2º Fórum Internacional de Dacar sobre a Segurança na África, o presidente do Senegal, Macky Sall, declarou que é preciso mudar as missões de manutenção da paz da ONU na África para missões de imposição da paz: "Precisamos combater, em vez de apenas manter a paz."

Todo dia os capacetes azuis da ONU são alvo de milícias extremistas muçulmanos no Norte do Mali, onde 55 foram mortos neste ano. É a maior perda de soldados da ONU em 2015.

Terroristas tomam hotel no Mali e fazem 170 reféns

Pelo menos três pessoas morreram hoje num ataque de extremistas muçulmanos ao Hotel Radisson Blu em Bamako, a capital do Mali, na África Ocidental. Cerca de 170 pessoas foram tomadas como reféns. Uma parte foi libertada numa operação militar e policial em andamento, mas 124 hóspedes e 13 funcionários ainda estariam sob o controle dos terroristas.

Os rebeldes invadiram o hotel por volta das sete da manhã pela hora local (5h em Brasília) usando um carro com placas diplomáticas. Às 9h30 (7h30 em Brasília), o prédio foi cercado pelas forças de segurança. O grupo jihadista Al-Mourabitoun (As Sentinelas), ligado à rede terrorista Al Caeda, reivindicou a responsabilidade pelo ataque em mensagem no Twitter.

Al-Mourabitoun é uma milícia extremista muçulmana constituída principal por árabes e tuaregues das regiões de Gao, Kidal e Timbuktu, no Norte do Mali. Foi formado pela fusão do Movimento pela Unidade e Jihad no Norte da África e a Brigada dos Homens Mascarados, liderada pelo argeliano Mokhtar Belmokhtar.

A França interveio militarmente no Mali em janeiro de 2013, depois de um golpe militar, em 21 de março de 2012, de oficiais revoltados com a falta de apoio governamental à guerra civil no Norte do país. A partir de abril de 2012, uma aliança de grupos rebeldes tomou as principais cidades do norte do Mali. Quando eles marcharam rumo ao Sul, Paris interveio.

Assim, o ataque terrorista pode ser mais uma resposta violenta a uma ação militar francesa no exterior. Uma força de elite de 50 homens partiu da França para apoiar as autoridades malinesas.

Sétimo maior país da África em território, o Mali fica na África Ocidental ao sul da Argélia e não tem saída para o mar. Cerca de metade dos 12,3 milhões de habitantes vive na miséria.

No passado, o atual território do Mali fez parte de três grandes impérios da África Ocidental: o Império de Gana, que floresceu entre os séculos 8 e 11; o Império do Mali, que atingiu o auge no século em meados do século 14, quanto Timbuktu tinha uma das principais bibliotecas do mundo; e o Império Songai.

O Mali passou ao controle do Império da França no século 19 como parte do Sudão Francês. Conquistou a independência em 1960, depois da formar brevemente uma federação com o Senegal.

Com a guerra civil que derrubou o ditador Muamar Kadafi na Líbia em 2011, um grande número de armas entrou em circulação no Norte da África alimentando os grupos guerrilheiros locais. Do Marrocos à Somália, há uma intensa atividade jihadista na região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara. É um celeiro de terroristas e mais uma preocupação para a Europa.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Boko Haram mata 49 pessoas em atentados suicidas na Nigéria

A milícia extremista muçulmana Boko Haram, que agora se apresenta como o Estado Islâmico na África Ocidental, matou pelo menos 49 pessoas em atentados cometidos ontem e hoje na Nigéria. Uma das terroristas suicidas era uma menina de apenas 11 anos.

Uma explosão atribuída a um terrorista suicida numa feira de frutas e verduras matou 32 pessoas e deixou 80 feridas ontem na cidade de Yola, no Nordeste da Nigéria, informou a Cruz Vermelha Internacional.

"O chão diante da minha loja ficou coberta de corpos. Ajudei a colocar 32 em cinco veículos", contou o comerciante Alhaji Ahmed.

Hoje, em Kano, a cerca de 600 quilômetros a noroeste de Yola, um duplo atentado terrorista suicida cometidos por mulheres contra um mercado matou pelo menos 17 pessoas e feriu outras 123. As meninas-bomba tinha 11 e 18 anos.

Em 24 de outubro, dois ataques terroristas suicidas mataram 55 pessoas em mesquitas de Yola e Maiduguri.

Na sexta-feira passada, o presidente Muhammadu Buhari foi a Yola condecorar soldados do Exército da Nigéria pela bravura no combate à rebelião do Boko Haram, que deixou 17 mil mortos desde 2009. Ele afirmou que o grupo está "perto da derrota", mas apelou aos soldados para que "fiquem vigilantes, alertas e focados para prevenir a infiltração do Boko Haram em comunidades para atacar alvos fáceis."

Sob pressão dos exércitos da Nigéria, de Camarões, do Níger e do Chade, a milícia Boko Haram, cujo nome significa repúdio à educação ocidental, apela cada vez para atentados suicidas. O Índex do Global do Terrorismo, divulgado anteontem, apontou o Boko Haram como o grupo terrorista que mais matou no mundo inteiro em 2014, com um total de 6.665 mortes.

França propõe resolução à ONU para guerra contra Estado Islâmico

A França apresentou hoje ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projeto de resolução autorizando o uso de "todas as medidas necessárias" na guerra deflagrada contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante depois dos atentados da sexta-feira, 13 de novembro, em Paris.

O texto apela aos países-membros da ONU para que "redobrem e coordenem os esforços para prevenir e conter os atos terroristas cometidos especificamente" pelo Estado Islâmico e por outros grupos associados à rede Al Caeda.

Em discurso na Fundação Jacques Chirac, o presidente François Hollande adotou hoje um tom mais ameno, destacando a importância da diversidade cultural e da fraternidade na luta contra o terrorismo. Para o jornal Libération, foi um tom muito distante do discurso belicista da segunda-feira diante do Congresso reunido no Palácio de Versalhes.

No Palácio do Eliseu, mandou intensificar os bombardeios contra o EI na Síria e no Iraque.

Atentado contra jogo em Hanôver alvejaria estádio e estação ferroviária

O atentado contra o jogo amistoso entre as seleções de futebol da Alemanha e da Holanda cancelado na terça-feira passada a pedido da polícia da cidade de Hanôver envolveria múltiplas explosões no estádio e na estação ferroviária local, revelou um documento do serviço secreto alemão divulgado hoje pelo jornal popular Bild, noticiou a agência Reuters.

A conspiração incluía a entrada no estádio de bombas escondidas dentro de uma ambulância, talvez uma ambulância-bomba, de acordo com um informe recebido de um serviço secreto estrangeiro e entregue ao ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziere.

Um segundo ataque seria realizado na estação ferroviária de Hanôver, uma das grandes cidades industriais da Alemanha.

Sob pressão nos campos de batalha do Oriente Médio com o intenso bombardeio da França e da Rússia à sua capital, Rakka, no Norte da Síria, de onde sua liderança estaria fugindo, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante tende a apelar cada vez mais para o terrorismo.

Os Desobedientes rejeitam proibição de protestar em Paris

O coletivo Os Desobedientes recusa-se a aceitar a proibição imposta ontem de toda e qualquer manifestação pública durante o estado de emergência decretado pelo presidente François Hollande para combater a onda terrorista na França, noticia o jornal francês Libération.

A Coalizão Clima 21, formada por mais de 130 organizações não governamentais planejava protestar durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CoP-21), a ser realizada em Paris de 29 de novembro a 12 de dezembro de 2015. Os grupos mais radicais se negam a aceitar a decisão do governo francês de proibir todos os atos públicos.

"Nós recusamos a estratégia de choque que consiste em usar os atentados trágicos para restringir as liberdades públicas. Nós convocamos a recusar a suspensão do Estado de Direito que constitui o estado de emergência e a ir se manifestar na Praça da República ao meio-dia de 29 de novembro pela justiça climática, a transição ecológica e alternativas ao capitalismo", declararam em nota Os Desobedientes.

O apelo é para que todos protestem "com calma, sem ódio nem violência". O coletivo admite correr perigo, mas alega que "o risco maior é não se manifestar: quantas secas, inundações, fomes, guerras, quantos milhões de vítimas podemos evitar se afirmarmos a voz dos cidadãos do mundo inteiro?"

No momento, por imposição dos Estados Unidos, a CoP-21 não deve aprovar um tratado de cumprimento obrigatório para que os países controlem e reduzam as emissões de gases carbônicos, que agravam o efeito estufa provocando o aquecimento global.

Terrorismo matou 80% mais em 2014

Com mais 32 mil mortes, as ataques terroristas mataram mais do que nunca em 2014, 80% a mais do que em 2013, revela o Índex Global do Terrorismo, divulgado ontem. Apesar de estar concentrado em cinco países, o terror se espalha por mais países, batendo recordes de número de ataques e de mortes.

O índex examina as tendências do terrorismo em 162 países nos últimos 15 anos, observando localização geográfica, métodos de ataque, grupos envolvidos e o contexto político e econômico.

O relatório destaca os pontos mais importantes:
• Houve 13.370 ataques em 93 países no ano passado.
• As mortes aumentaram 80%, chegando ao recorde de 32.658 em 2014, em comparação com 18.111 em 2013.
• O total de mortes aumentou nove vezes desde o ano 2000.
• O Estado Islâmico (6.075) e a milícia nigeriana Boko Haram (6.665), que agora se apresenta como Estado Islâmico da África Ocidental, foram responsáveis por 39% das mortes.
• Cerca de 78% das mortes e 57% dos ataques se concentram em cinco países: Afeganistão, Iraque, Nigéria, Paquistão e Síria.
• O Iraque é o país mais atacado pelo terror, com 9.929 mortes em 2014, recorde para um país.
• A Nigéria sofreu o maior aumento no número de mortes no ano passado, de 300%, num total de 7.512.
• Os prejuízos causados pelo terrorismo atingiram um recorde estimado em US$ 52,9 bilhões no ano passado.
• Desde o ano 2000, foram registrados 61 mil ataques terroristas e mais de 140 mil pessoas foram mortas.
• O crime comum de homicídio matou 13 vezes mais do que o terrorismo.

Os dois fatores mais associados ao terrorismo são conflito e violência política. Cerca de 92% das ações terroristas registradas entre 1989 e 2014 aconteceram em países onde a violência do governo era generalizada e 88% em países envolvidos em conflitos violentos.

"Como há um número de fatores sociopolíticos claramente identificáveis que alimentam o terrorismo, é importante implementar políticas que ataquem essas causas associadas", comentou Steve Killelea, fundador e presidente executivo do Instituto para Economia e Paz. "Isto inclui reduzir a violência praticada pelo Estado, dar atenção às reclamações de diferentes grupos e ter maior respeito pelos direitos humanos e pela liberdade religiosa."

A maioria das mortes não acontece nos países desenvolvidos do Ocidente. Tirando os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, apenas 0,5% dos ataques foram contra o Ocidente. Com o 11 de setembro, 2,6%.

Os chamados lobos solitários, terroristas que agem sozinhos para não serem percebidos, são responsáveis por 70% das mortes no Ocidente. A maior causa desses ataques é o extremismo político e não o fundamentalismo muçulmano.

Com a ascensão do Estado Islâmico, o terrorismo coloca novos desafios. Cerca de 25 a 30 mil voluntários de cem países foram atraídos pela jihad (guerra santa) do EI no Iraque e na Síria, sendo 7 mil só no primeiro semestre de 2015. O fluxo de voluntários do martírio não está diminuindo.

O terrorismo também é uma causa importante das migrações. Dez dos onze países mais afetados pelo terrorismo apresentam altos índices de refugiados e de desalojados internamente.

Assembleia Nacional da França prorroga estado de emergência

Por 551 a 6 votos, pedido do presidente François Hollande, a Assembleia Nacional da França decidiu hoje prorrogar por três meses o estado de emergência decretado depois da onda de terror em Paris. A medida permite à polícia revistar residências e prender suspeitos sem autorização judicial, dissolver grupos radicais, bloquear sítios de Internet e redes sociais.

Como o jornal americano The Washington Post, citado por este blog, antecipou ontem, o suposto mandante dos atentados na capital francesa, Abdelhamid Abaaoud, foi morto no ataque da polícia e do Exército da França contra um apartamento alugado por terroristas na cidade de Saint-Denis, na Grande Paris. O anúncio oficial foi feito hoje à Assembleia pelo primeiro-ministro Manuel Valls.

Além da onda de terror em Paris, Abaaoud seria responsável por quatro de seis atentados frustrados nos últimos meses, declarou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. Em seu discurso, o primeiro-ministro Valls advertiu para o risco de ataques químicos ou biológicos.

Neste momento, a polícia francesa realiza uma operação em Aulnay-sous-Bois, no apartamento da mãe da jovem terrorista suicida que se autodetonou ontem em Saint-Denis depois de tentar atrair policiais para uma cilada alegando ter sido sequestrada.

"Todo o bairro está cercado pela polícia. Eles não deixam entrar nem sair ninguém. A Rua Edgar Degas está totalmente fechada", contou à Agência France Presse (AFP) um morador da cidade de 3 mil habitantes.

A Festa das Luzes, que seria realizada no início de dezembro na cidade francesa de Lyon, foi cancelada. Será transformada numa série de homenagens às vítimas do terrorismo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Exército do Iraque avança para retomar Ramadi do Estado Islâmico

Com a cobertura da Força Aérea dos Estados Unidos e seus aliados, as forças de segurança do Iraque já recapturaram a metade da cidade de Ramadi, capital da província de Ambar, tomada pelos jihadistas em maio de 2015, noticiou o sítio de notícias turco World Bulletin citando como fonte um oficial iraquiano.

Em outubro, diante da intervenção militar da Rússia na guerra civil da Síria, um porta-voz da aliança de mais de 60 países liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico revelou que a ofensiva para retomar Ramadi estava na fase final de preparação.

A estratégia do presidente Barack Obama, acusada de ser insuficiente para conter o EI, precisa de uma vitória. O primeiro-ministro iraquiano, Heidar al-Abadi, precisa mostrar que o governo tem condições de restabelecer o controle sobre seu território.

Nos últimos dias, os EUA ajudaram os guerrilheiros curdos a retomar Sinjar, quebrando o eixo de ligação entre Rakka, na Síria, e Mossul, no Iraque, as duas cidades mais importantes em poder do EI. A terceira é Ramadi.

Sob intenso bombardeio da Rússia e da França, a liderança do EI estaria fugindo da Rakka, abandonando a capital do califado. Os bombardeios russos e americanos também visaram nos últimos dias os campos de petróleo e gás de onde o EI tira a maior parte de sua renda.

Enquanto bate em retirada em várias frentes no Oriente Médio, a milícia mostrou capacidade de aterrorizar Paris na sexta-feira, 13 de novembro de 2015. Mas o recurso ao terrorismo pode ser um sinal de fraqueza e desespero no momento em que o Estado Islâmico encolhe no Iraque e na Síria, onde já perdeu 25% de seu território.

Mandante da onda de terror em Paris foi morto em Saint-Denis

O belga Abdelhamid Abaaoud, considerado o idealizador da onda de terror que deixou 129 mortos na sexta-feira, 13 de novembro, em Paris foi morto no ataque a um apartamento onde funcionava uma célula terrorista do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, informaram há pouco peritos da Polícia da França citados pelo jornal The Washington Post. A notícia ainda não confirmada oficialmente.

Pouco antes, o procurador da República em Paris anunciou que nem Abaaoud nem Salah Abeslam, apontado como chefe da operação, estavam entre os oito terroristas presos durante a madrugada na cidade de Saint-Denis, na Grande Paris. Ele disse não ter condições de divulgar a identidade dos dois terroristas mortos, um homem e uma mulher.

Mais de cem policiais e soldados atacaram o edifício. A operação durou sete horas. Começou por volta das quatro da madrugada em Paris (1h em Brasília). Mais de 5 mil tiros foram disparados pelas forças de segurança

Depois dos ataques em Paris, quando Abaaoud foi acusado, a polícia francesa suspeitava que ele estivesse na Síria. Um bombardeio aéreo foi preparado para atingir o esconderijo onde o jihadista estaria em Rakka, a capital do califado proclamado pelo líder Abu Bakr al-Baghdadi em 29 de junho de 2014.

Matemático brasileiro ganha prêmio da Academia Mundial de Ciências

Doutor em filosofia com apenas 21 anos, o brasileiro Artur Ávila é considerado aos 36 anos um dos maiores gênios matemáticos do mundo. Acaba de ganhar o Prêmio de Ciências TWAS-Lenovo por resolver grandes problemas, como, por exemplo, como o caos emerge da simplicidade.

O prêmio, um dos mais importantes do mundo, foi anunciado durante a Assembleia Geral da TWAS (Academia Mundial de Ciências), dedicada ao progresso da ciência nos países em desenvolvimento, hoje em Viena, na Áustria. Mais uma vez, é agraciado o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de Janeiro, onde Ávila divide seu tempo com o Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, de Paris, em que é diretor de pesquisas.

"Artur Ávila é um talento excepcional no mundo da matemática", declarou o diretor-presidente da TWAS, Bai Chunli. "Mas também é um símbolo da notável criatividade que encontramos hoje entre jovens cientistas do mundo em desenvolvimento. Na TWAS, temos orgulho de nossa ligação com este acadêmico e temos confiança em que ele tenha muitos anos mais de trabalho produtivo pela frente."

O ganhador recebe US$ 100 mil da empresa de informática chinesa Lenovo, que comprou o setor de fabricação de computadores da americana IBM.

Entre os grandes sucessos de Ávila, destaque-se seu trabalho com sistemas dinâmicos, um ramo da matemática que estuda como sistemas complexos e comportamentos caóticos podem emergir de sistemas simples. Com seus modelos, é possível prever se uma população de organismos vai crescer ou declinar ao longo do tempo.

"Quando ganhamos um prêmio como esse, nos dá algo para mostrar para o grande público", festejou Ávila, "para mostrar que estamos fazendo boa matemática no Brasil."

EUA travam primeira batalha em terra contra Estado Islâmico

Pela primeira vez, uma força terrestre dos Estados Unidos travou uma batalha no solo contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, ajudando a repelir um ataque contra o quartel onde está baseada, noticiou ontem a agência de notícias iraquiana Shafaq.

Os soldados americanos participaram de um contra-ataque do Exército do Iraque e de milícias tribais para defender a base de Ein al-Assad, que fica a oeste da cidade de Ambar, onde há cem assessores militares dos EUA. A batalha durou duas horas.

"Uma força dos EUA equipada com armas leves e médias, apoiada por um avião de caça F-18" conseguiu ferir e matar milicianos do Estado Islâmico, forçando-os a recuar da região de Dolabe, que fica a cerca de dez quilômetros do quartel atacado, declarou o coronel Salam Nazim, um dos comandantes militares do Iraque na região.

A base militar de Ein al-Assad fica a 90 quilômetros de Ramadi, a capital da província de Ambar, ocupada pelos jihadistas em maio de 2015 numa das últimas vitórias importantes do EI. Tem 26 km2 e fica perto do Rio Eufrates, na metade do caminho entre as fronteiras do Iraque com a Síria e a Jordânia.

"As forças dos EUA intervieram porque os milicianos do EI estavam chegando perto da base onde eles estão. Foi autodefesa", observou o xeque Mahmud Nimraui, um líder tribal local. "Fizemos grande progresso na região de Dolabe, de onde o EI se retirou, recuando para vilas mais distantes", abrindo flancos para mais ataques.

O xeque acrescentou que "os EUA prometeram fornecer novas armas às milícias tribais" envolvidas na guerra contra o EI.

Desde agosto de 2014, os EUA atacam o EI com bombardeios aéreos, mas o presidente Barack Obama se nega a enviar forças terrestres para acabar com o califado proclamado pelos jihadistas nas terras que ocupam no Iraque e na Síria, por medo de envolver o país numa guerra que prometeu acabar.

Em 2011, os EUA saíram do Iraque por não conseguir fazer um acordo de segurança com o então primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, considerado um dos grandes responsáveis pela alienação da minoria sunita que permitiu a expansão do EI. Deixaram apenas um pequeno contingente militar para proteger a embaixada americana.

Com a guerra contra o EI, há hoje cerca de 7 mil militares dos EUA assessorando o Exército do Iraque. Ramadi pode ser o próximo alvo da campanha.