quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Líder municipal da oposição é morto na Venezuela

Com a proximidade das eleições parlamentares de 6 de dezembro de 2015 e a determinação do presidente Nicolás Maduro de ganhar "seja como for", aumenta a violência política na Venezuela.  O secretário-geral do partido de oposição Ação Democrática no município de Altagracia de Orituco, Luis Manuel Díaz, foi morto ontem durante um comício.

Díaz foi baleado quando estava ao lado de Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López, o principal líder da oposição preso e condenado pelo regime chavista num processo político, supostamente por incitar à violência durante manifestações de protesto contra o governo em fevereiro de 2014. Na época, 43 pessoas morreram em choques entre oposicionistas polícia bolivarista.

"Hoje sofri dois ataques", declarou ontem Lilian Tintori. Horas antes, participantes do comício foram alvo de pedradas. Ela denuncia estar sendo perseguida todo o tempo pelo Serviço Bolivarista de Inteligência Nacional (Sebin), o serviço secreto chavista.

O secretário-geral nacional da AD, Henry Ramos Allup, afirmou que o tiro partiu de um carro com militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Maduro. "Onde está a missão da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que até agora não disse nada?", protestou o deputado Leomagno Flores.

Depois do veto do governo Maduro ao ex-ministro da Justiça e da Defesa e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim, a chefia da missão de "acompanhamento" da Unasul das eleições venezuelanas foi entregue ao ex-presidente da República Dominicana Leonel Fernández, admirador confesso do finado caudilho Hugo Chávez.

Sob pressão, a missão da Unasul apelou "às autoridades para que conduzam uma investigação profunda sobre este fato condenável a fim de excluir toda impunidade".

A dez dias das eleições, a oposição denuncia uma série de ataques ao longo da campanha, especialmente depois do discurso de Maduro em 22 de outubro defender a vitória a qualquer preço. Isso aumentou a atividade das milícias chavistas conhecidas como coletivos e os protestos da aliança oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD).

No domingo, militantes mascarados atiraram para o ar para impedir a passagem de uma carreata do candidato oposicionista Miguel Pizarro num bairro popular da capital.

Na semana passada, Lilian Tintori foi perseguida quando ia a um ato público no centro de Caracas. Há duas semanas, o ex-candidato presidente Henrique Capriles foi alvo de tiros que atribuiu ao prefeito chavista de Yare, Saúl Yáñez, e seus capangas.

O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que disputa a liderança do chavismo com Maduro, desprezou as denúncias como "armações".

Na pior crise econômica de sua história moderna, com recessão de 10%, inflação de 200% e desabastecimento generalizado por causa da queda nos preços do petróleo e do fracasso do "socialismo do século 21", todas as pesquisas apontam uma ampla vitória das oposições, que teriam maioria na Assembleia Nacional pela primeira vez desde a ascensão de Hugo Chávez.

Se as pesquisas forem confirmadas, a oposição poderá convocar um referendo para revogar o mandato do presidente Maduro e tirar o chavismo do poder com uma de suas próprias armas. Como o regime não mostra nenhum sinal de que pretenda ceder o poder democraticamente, a tendência é de aumento da violência política.

Na primeira entrevista como presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, ameaçou aplicar a cláusula democrática do Mercosul para suspender a Venezuela do bloco por causa da "perseguição a oposicionistas" e da "falta de liberdade de expressão". Com essa declaração pressionou o governo Dilma Rousseff, aliado do chavismo, a tomar uma posição clara.

As eleições de 6 de dezembro serão um teste definitivo para Maduro, para a política externa de Dilma e para o compromisso do Mercosul com a democracia. Quatro dias depois, Macri toma posse. Em 21 de dezembro, o Mercosul faz sua reunião de cúpula.

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