sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Onda de terror deixa mais de 120 mortos em Paris

Uma série de atentados terroristas coordenados contra seis lugares de Paris deixou mais de 120 mortos e 360 feridos, 99 em estado grave, na noite de hoje. Centenas pessoas foram tomadas como reféns num teatro próximo chamado Bataclan, invadido pela polícia. Só no teatro morreram 89 pessoas e três terroristas.

Houve ataques com fuzis AK-47 e granadas, e três explosões de homens-bomba,do lado de fora do Estádio da França, em Saint-Denis, na Grande Paris, de onde o presidente François Hollande foi tirado às pressas pelo serviço secreto no intervalo de um jogo amistoso entre as seleções de futebol da França e da Alemanha.

Foi o dia mais violento em Paris depois da Segunda Guerra Mundial. Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, descreveu os atentados terroristas na França como "um ataque contra toda a humanidade e aos valores que temos em comum", e ofereceu toda ajuda ao governo francês.

Ao chegar ao Palácio do Eliseu, o presidente Hollande decretou estado de emergência em toda a França e mandou fechar as fronteiras do país. Várias estações de metrô da região dos ataques foram fechadas para dificultar a fuga dos terroristas.

"Ataques terroristas de uma amplitude sem precedentes estão em curso", declarou Hollande em pronunciamento na televisão. "Há dezenas de mortos e muitos feridos. É um horror. Por minha decisão, nós mobilizamos todas as forças possíveis para neutralizar os terroristas e colocar em segurança todos os distritos atacados.

"Eu igualmente pedi reforços militares", acrescentou o presidente. "Duas decisões serão tomadas: o estado de emergência será decretado, o que significa que vários lugares serão fechados e a circulação pode ser proibida. O estado de emergência vai abranger todo o território nacional.

"A segunda decisão que tomei foi fechar as fronteiras para que as pessoas que cometeram esses crimes sejam detidas. Nós sabemos de onde vem este ataque. Devemos dar uma prova de compaixão e solidariedade, mas também devemos igualmente dar uma prova de unidade.

"Face ao terror, a França deve ser forte e deve ser grande. Devemos apelar à responsabilidade de cada um. O que os terroristas mais querem é nos meter medo, nos amedrontar. Mas há diante do terror uma nação que sabe se defender. Ainda não terminamos as operações. Neste momento, as forças de segurança estão em ação, especialmente em Paris", conclui Hollande.

A violência começou pouco depois das 21h20 pela hora local (18h20 em Brasília), com os atentados suicidas nos arredores do Estádio da França. Um dos terroristas teria tentado entrar no estádio. Foi barrado e se autodetonou Em seguida, os outros dois homens-bomba também detonaram os explosivos que traziam junto ao corpo.

Às 21h25, outro grupo atacou o restaurante Petit Cambodge e o bar Le Carillon, na Rua Alibert, matando pelo menos 15 pessoas e deixando 10 gravamente feridas. Houve disparos nas proximidades e na Rua Bichat, no 10º distrito. Mais de 100 cartuchos de bala foram recolhidos na área.

Em seguida, às 21h32, os terroristas que estavam num carro preto dispararam na Rua de La Fontaine au Roi, matando mais cinco pessoas e ferindo outras dez.

Às 21h36, o mesmo carro preto chegou ao bar La Belle Équipe, na Rua de Charonne, no 10º distrito de Paris, onde os terroristas fuzilaram 33 pessoas, matando 19. Um terrorista chegou a descer do carro. O outro disparou de dentro mesmo.

No 11º distrito da capital francesa, dois homens armados com fuzis de guerra dispararam no bar La Belle Équipe, na Rua de Charonne, matando 19 pessoas e ferindo gravemente outras 14. Mais cem cartuchos foram encontrados depois.

Às 21h40, o terceiro grupo, com três terroristas, chegou num carro preto ao teatro Bataclan, no Boulevard Voltaire (ícone do liberalismo), onde havia um concerto de rock da banda americana Eagles of Death Metal. Tinham fuzis de guerra explosivos para terrorismo suicida. Além de metralhar o público, quando a polícia chegou, detonaram os explosivos que tinham sob as roupas, matando mais gente.

Também houve tiros na região de Les Halles, no centro de Paris. Ainda haveria atiradores à solta aterrorizando a capital francesa. Mais de 6 mil agentes, policiais e soldados foram mobilizados para uma caçada humana aos terroristas.

Os maiores suspeitos são extremistas muçulmanos como os que atacaram o jornal humorístico Charlie Hebdo em 7 de janeiro deste ano ou o que matou uma policial e tomou um supermercado judaico nos dias seguintes. A maior suspeita recai sobre a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e Levante, que está sendo atacado pela Força Aérea da França nas guerras civis no Iraque e na Síria.

Um dos terroristas do teatro teria declarado que a culpa dos atentados era do presidente Hollande, que tinha ordenado ataques ao Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Pelo menos 1,5 mil muçulmanos franceses foram para o Oriente Médio lutar ao lado do Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Cerca de 250 voltaram para a França com treinamento militar.

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