segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Jimmy Morales lidera apuração na Guatemala

Com 25% dos votos, o comediante Jimmy Morales, de um novo partido fundado por ex-militares, lidera a apuração dos resultados do primeiro turno da eleição presidencial na Guatemala, realizado ontem, dias depois da renúncia e prisão do agora ex-presidente Otto Pérez Molina, denunciado por corrupção.

Em segundo lugar, com 21%, está o empresário Manuel Baldizón, do partido Liberdade Democrática Renovada (Lider) segundo colocado na eleição presidencial de 2011, que era favorito até recentemente. O segundo turno será disputado em 25 de outubro de 2015.

Por não ser identificado como um político tradicional, Morales foi beneficiado pela renúncia e prisão de Pérez Molina. Mas está longe de ser independente. Seu partido, a Frente Nacional pela Convergência, foi fundado por ex-militares envolvidos na mais violenta das guerras sujas da América Latina durante a Guerra Fria.

Depois do golpe que derrubou em 1954 o presidente Jacobo Árbenz, que havia estatizado as terras da companhia bananeira United Fruit, articulado pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), a Guatemala viveu um longo período de violência política e instabilidade.

Em 1960, grupos guerrilheiros de esquerda iniciaram uma guerra civil contra a ditadura guatemalteca que só terminaria em 1996 depois de mais de 200 mil mortes num país de cerca de 9 milhões de habitantes. O partido de Morales representa os militares interessados em garantir a impunidade pelos crimes cometidos.

Pérez Molina, um dos oficiais da guerra suja, foi o primeiro militar a chegar ao poder na Guatemala desde a volta das eleições presidenciais diretas, em 1986. Ganhou a eleição de 2011 prometendo dureza contra o crime organizado.

A Guatemala enfrenta uma onda de violência criminal causada pelo deslocamento para o Sul das máfias do tráfico atacadas na guerra do governo do México contra as drogas e pela sobrevivência de grupos armados irregulares que fizeram o jogo sujo durante a ditadura militar e hoje se dedicam ao crime.

Em abril, estourou um escândalo de corrupção em que o presidente e a vice-presidente foram acusados de receber propina de gangues dedicadas ao contrabando para não cobrar impostos de importação.

Sob intensa pressão popular, com protestos todos os fins de semana diante do palácio presidencial, ambos caíram e foram presos. Para os manifestantes, ficou a sensação de que será necessário muito mais para livrar a Guatemala de sua elite política corrupta e predatória.

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