quinta-feira, 25 de junho de 2015

Grécia e credores prorrogam negociações até sábado

Mais uma vez, não houve acordo entre os ministros das Finanças da Zona do Euro, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e o governo radical de esquerda da Grécia para que o país receba uma parcela de 7,2 bilhões de euros e possa pagar 1,6 bilhão de euros ao FMI no dia 30 de junho de 2015. A última chance de evitar o calote será uma nova reunião de emergência dos ministros das Finanças da Eurozona marcada para sábado, 27 de junho de 2015.

As negociações entraram em colapso pela quarta vez em uma semana no fim da manhã de hoje, quando a nova proposta apresentada pelo ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, foi considerada insuficiente pela troika. O plano foi considerado praticamente igual ao anterior, sem cortar mais gastos.

Diante do fracasso, a União Europeia já prepara um plano alternativo para evitar o contágio de um calote e de uma saída da Grécia da Eurozona. Como está, a proposta grega é considerava inaceitável. O Plano B prevê controle de capitais e até mesmo ajuda humanitária.

Na análise mais pessimista, um calote da Grécia seguido de uma saída da união monetária e talvez até mesmo da UE seria muito pior do que o colapso da economia da Argentina com o fim da dolarização da era Carlos Menem (1989-99), em 2001 e 2002, quando 58% dos argentinos caíram abaixo da linha de pobreza.

A Grécia entrou em crise em 2009. Sob o impacto da crise internacional iniciada em 2008 nos Estados Unidos, com o recuo dos investidores, que refizeram seus cálculos, o país não conseguiu mais rolar sua dívida pública. Desde então, a Grécia recebeu empréstimos de 240 bilhões de euros e teve parte da dívida perdoada, mas o total está hoje em 320 bilhões de euros.

Ao mesmo tempo, o país foi submetido a um rigoroso programa de ajuste das contas públicas imposto pela UE, o FMI e o BCE que resultou numa queda de 25% no produto interno bruto e desemprego de 27% para a população em geral e de 58% entre os jovens.

Essa situação social insuportável acabou com o apoio aos partidos tradicionais e levou a Coligação de Esquerda Radical (Syriza) ao poder nas eleições de 25 de janeiro de 2015. O primeiro-ministro Alexis Tsipras insiste em que a Grécia não vai sair da Eurozona, mas está esticando a corda perigosamente até o último minuto.

Os credores exigem, por exemplo, um corte ainda maior nas pensões e aposentadorias, o que é extremamente impopular. Nas ruas de Atenas, manifestantes mobilizados pela esquerda pressionam o governo para que não ceda. Os deputados mais à esquerda da Syriza acusam Tsipras de já ter feito concessões demais.

Mas a alternativa é muito pior para todos, especialmente para os gregos. Eles enfrentariam uma crise sem precedentes numa economia moderna. O euro e o projeto de integração da Europa, o sonho de um continente pacífico, unido e próspero alimentado desde o fim da Segunda Guerra Mundial, também seriam abalados.

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