quarta-feira, 27 de maio de 2015

Ministra da Justiça dos EUA promete acabar com corrupção no futebol mundial

Depois da prisão de sete dirigentes da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associativo) no melhor hotel de Zurique, uma das mais caras e sofisticadas cidades do mundo, a ministra da Justiça e procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, prometeu "acabar com a corrupção no futebol mundial". Entre os presos, está o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin. O escândalo é de meio bilhão de reais.

"Durante duas décadas, estas pessoas usaram suas posições de dirigentes de organizações para desviar centenas de milhões de dólares em contratos de venda de direitos de transmissão de eventos com empresas de marketing esportivo para enriquecer pessoalmente. Fizeram isso várias e várias vezes, ano após ano, torneio após torneio", acusou Loretta Lynch.

Para o chefe da investigação da Receita Federal dos EUA, "esta é a Copa do Mundo da fraude e hoje demos um cartão vermelho para a Fifa". A pedido dos americanos, que investigam a corrupção no futebol mundial desde 1991, há três meses as autoridades da Suíça abriram inquérito para ver se os bancos do país lavaram dinheiro sujo de propinas recebidas para comprar votos nas eleições decidir quem vai organizar a Copa.

Entre os eventos investigados, estão a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e as escolhas da Rússia para sediar a Copa de 2018 e do Catar para 2022. Em Moscou, o arquicorrupto governo Vladimir Putin protestou, alegando que os EUA tentam aplicar suas leis fora do território americano.

A União Europeia de Futebol Associativo (UEFA) pediu o adiamento da eleição para presidente da FIFA, marcada para daqui a dois dias. O atual presidente, Sepp Blatter, no cargo desde 1998, quando substituiu o brasileiro João Havelange, é o favorito. Votam as federações acumpliciadas com a cúpula mafiosa do futebol internacional.

Em nota, Blatter declarou que "é um momento difícil para o futebol" e prometeu colaborar com a investigação. É um grande momento para o futebol, que dentro de campo vai muito bem. É um mau momento para os dirigentes corruptos e ladrões.

Marin foi vice-governador do notório Paulo Maluf e governador biônico de São Paulo (1982-83) durante a ditadura militar. Antes, como deputado estadual, fez o discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo denunciando uma suposta infiltração comunista na TV Cultura que levou à prisão, tortura e morte do diretor de jornalismo, Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975.

O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, que fugiu para Boca Ratón, na Flórida, não foi citado, mas também estaria sendo investigado.

A presidente Dilma Rousseff, que sempre expressou descontentamento com dirigentes esportivos sinistros como Marin, prometeu a total colaboração do Brasil com as autoridades da Suíça e dos EUA. É uma chance inédita de reformar radicalmente o futebol brasileiro e evitar novos 7-1.

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