segunda-feira, 11 de maio de 2015

Alemanha já admite referendo na Grécia sobre ajuste fiscal

Diante do impasse nas negociações com o governo esquerdista da Grécia, o ministro das Finanças linha-dura da Alemanha, Wolfgang Schäuble, admitiu hoje a possibilidade de realização de um referendo sobre o programa de ajuste fiscal. A Grécia pagou uma parcela de 750 milhões de euros devida hoje.

Ao chegar hoje a uma reunião de ministros das Finanças dos países da Zona do Euro em Bruxelas, na Bélgica, Schäuble reconheceu que, "se o governo da Grécia sente que deve realizar um referendo, pode ser uma medida correta perguntar ao povo grego se aceita o que é necessário ou se quer a alternativa", informou o jornal The Wall Street Journal.

O referendo é visto como uma iniciativa arriscada. Em caso de rejeição do rigoroso programa de ajuste fiscal imposto pela União Europeia (UE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), a alternativa seria a saída da Grécia da Zona do Euro.

Em 2011, quando o governo anterior da Grécia propôs a realização de um referendo em plena crise das dívidas públicas dos países da periferia da Eurozona, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, se opôs totalmente. Hoje, a crise está controlada na Espanha, na Irlanda e em Portugal. Uma saída grega não teria o mesmo impacto.

Desde 2009, a Grécia recebeu uma ajuda de 240 bilhões de euros, mas a dívida aumentou e a economia encolheu 25%, gerando uma grave crise social que levou ao poder, em janeiro de 2015, um governo liderado pela Coligação de Esquerda Radical (Syriza) com a promessa de romper com o programa de austeridade fiscal imposto pelos sócios europeus.

Entre outras promessas ao eleitorado grego, estão aumentar salários e recriar empregos públicos. Isso exige um dinheiro que a Grécia precisa tomar emprestado. A Alemanha e o resto da Eurozona estão dispostos a dar alguma margem de manobra ao governo da Grécia em troca de um plano de longo prazo para equilibrar as contas públicas do país.

Até agora, o governo esquerdista está devendo tanto aos eleitores quanto aos sócios europeus. O referendo visa a dar sustentação política para o próximo passo.

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