sexta-feira, 20 de março de 2015

Triplo atentado do Estado Islâmico deixa 142 mortos no Iêmen

Um triplo atentado terrorista suicida contra duas mesquitas xiitas zaiditas da capital do Iêmen, Saná, matou pelo menos 142 pessoas, informou há pouco o jornal francês Le Monde. A milícia extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria do atentado, dois dias depois de atacar o Museu do Bardo, na Tunísia, onde 23 pessoas foram mortas.

A primeira bomba explodiu dentro da mesquita de Bader, no sul da cidade, durante as orações da sexta-feira, a folga religiosa semanal dos muçulmanos. Quando a multidão fugia, outro homem-bomba se detonou na entrada do prédio. A terceira explosão aconteceu na mesquita de Al-Hashahush, no norte de Saná.

O Estado Islâmico também reivindicou um quarto ataque diante de uma mesquita em Saada, a região do antigo Iêmen do Norte de origem da milícia xiita huti, apoiada pelo Irã. Este grupo ocupou Saná progressivamente desde setembro de 2014 e dissolveu o governo em fevereiro de 2015.

Fruto de uma dissidência da rede terrorista Al Caeda na Península Arábica, o ramo mais forte da rede, o Estado Islâmico considera os xiitas alvos prioritários, enquanto a Al Caeda prefere atacar alvos ocidentais e os regimes autoritários apoiados pelo Ocidente.

Com a queda do governo sunita, os Estados Unidos fecharam a embaixada em Saná, prejudicando o programa de ataques a Al Caeda com aviões não tripulados. Na fura rápida, os americanos deixaram para trás US$ 500 milhões em armas, munições e equipamentos militares que podem cair nas mãos dos rebeldes hutis ou dos terroristas.

Ontem, um avião de guerra bombardeou o palácio presidencial de Áden, a antiga capital do Iêmen do Sul, onde o ex-presidente Abed Rabbo Mansur Hadi está refugiado desde que foi libertado da prisão domiciliar em Saná, em 21 de fevereiro, na tentativa de formar um governo paralelo. Ele deixou o palácio, mas não saiu do país, informaram assessores da Presidência.

À noite, houve combates ao redor do aeroporto de Áden, onde unidades de forças especiais comandadas pelo general rebelde Abdel Hafedh al-Sakkaf, atacaram os "comitês de resistência popular" leais ao presidente deposto. Todos os voos foram suspensos.

Mais pobre dos países árabes, unificado em 1990, o Iêmen está radicalmente dividido. Os rebeldes hutis, da minoria xiita zaidita, dominam o antigo Iêmen do Norte, enquanto o ex-presidente tenta manter sua base no poder no Iêmen do Sul, com o apoio da Arábia Saudita e das monarquias petroleiras sunitas do Golfo Pérsico.

Nenhum comentário: