quinta-feira, 19 de março de 2015

Netanyahu recua e diz aceitar criação de um país palestino

Diante do risco de isolamento internacional, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, reeleito há dois dias contrariando as pesquisas de opinião, recuou da afirmação de que jamais aceitará a criação de um Estado Nacional palestino. Pode ser apenas jogo de cena.

Em entrevista à TV americana MSNBC, Netanyahu declarou estar disposto a concordar o surgimento de uma Palestina independente desde que a segurança de Israel seja garantida: "Eu não quero um Estado só. Quero uma solução com dois Estados pacífica e sustentável, mas para isso seja possível as circunstâncias têm de mudar."

O primeiro-ministro linha-dura de Israel acusou o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, de se negar a reconhecer Israel como um "Estado judaico" e de ter se aliado ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) para destruir seu país.

A oficialização de Israel como um Estado judaico, que tornaria suas populações árabes em cidadãos de segunda classe, foi a causa das eleições antecipadas quando os ministros Yair Lapid e Tzipi Livni se negaram a aprovação. Portanto, há resistência dentro de Israel.

Quanto à aliança entre a Fatah, de Abbas, e o Hamas para formar um governo de união nacional tinha exatamente o objetivo de apresentar uma frente palestina unida nas negociações de paz. De que adianta fazer um acordo de paz excluindo o Hamas, se é este grupo que mais ameaça Israel?

Netanyahu tem usado sucessivas desculpas para fugir de um acordo de paz definitivo sob a mediação dos Estados Unidos. No ano passado, aproveitou-se do sequestro e morte de adolescentes israelenses para invadir a Faixa de Gaza e atacar o Hamas.

Na época, o líder israelense afirmou que a retirada da Cisjordânia ocupada daria uma plataforma nove vezes maior para ataques a Israel. Nada indica que tenha mudado de opinião. Vai empurrando as negociações como pode, enquanto amplia as colônias nos territórios ocupados para criar um fato consumado.

A declaração prometendo vetar eternamente a criação de uma Palestina independente foi feita sob medida para agradar aos colonos ilegais da Cisjordânia.

O governo Barack Obama, agastado com o discurso de Netanyahu no Congresso dos EUA em 3 de março sabotando as negociações nucleares com o Irã, não acreditou muito na suposta mudança de posição do primeiro-ministro. Os EUA ameaçam não usar o veto na próxima vez em que a questão palestina for levada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Nenhum comentário: