terça-feira, 31 de março de 2015

Indiana recua da lei que permitiria discriminar homossexuais

O governador do estado de Indiana, Mike Pence, fez um apelo aos deputados da Assembleia Legislativa estadual para que emendem a Lei de Restauração da Liberdade Religiosa aprovada na semana passada para deixar claro que a legislação "não dá às empresas o direito de negar serviços a ninguém", noticiou hoje o jornal The Washington Post.

"Precisamos focar especificamente nesta percepção de que a lei dá uma licença para discriminar", declarou o governador em entrevista coletiva hoje em Indianápolis. Ele destacou que, mais do que um esclarecimento, é necessária "uma correção".

Com base na chamada "objeção de consciência", empresários com profundas convicções religiosas poderiam se negar a atender consumidores homossexuais. Para o movimento gay, é uma reação de estados conservadores à aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

A lei foi duramente criticada nos Estados Unidos e em outros países democráticos, inclusive pelo diretor-presidente da Apple, Tim Cook, primeiro diretor de uma grande empresa a assumir sua homossexualidade no exercício do cargo, pelo risco de discriminar gays, lésbicas e transgêneros em nome da consciência religiosa. 

Na Califórnia e em outros estados importantes, começaram a ser articulados movimentos de boicote a Indiana. Os prefeitos de Chicago, Portland, São Francisco e Seattle proibiram os funcionários públicos de viajar a serviço para Indiana. Nove diretores-presidentes de empresas do estado enviaram ontem carta ao governador pedindo a mudança na lei. A National Collegiatte Athletic Association, a entidade máxima do esporte universitário dos EUA ameaça retirar sua sede de Indianápolis.

"As pessoas não querem isso", alegou Adam Talbot, da Campanha pelos Direitos Humanos, que se opõe à lei. "As pessoas não precisam disso. Pensam que é perigoso."

Apesar dos protestos, o governador falou em problemas de "percepção" e não do risco de discriminação, alegando que o objetivo da lei é garantir a "liberdade religiosa": "Esta lei foi projetada para garantir a vitalidade da liberdade religiosa no estado. Não dá a ninguém o direito de discriminar."

Num gesto oportunista, o ex-governador da Flórida Jeb Bush declarou apoio à lei. O filho do ex-presidente George Herbert Walker Bush (1989-93) e irmão do ex-presidente George Walker Bush (2001-9), aspirante à candidatura do Partido Republicano à Presidência dos EUA em 2016, não é considerado suficientemente conservador pela ala mais direitista do partido.

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