sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Governo da Grécia propõe dar comida e energia grátis aos pobres

Diante da recusa pelo Grupo do Euro de sua proposta de renegociação da dívida da Grécia, dos primeiros protestos de rua contra o novo governo esquerdista e do início de uma revolta nas alas mais à esquerda de seu partido, o primeiro-ministro Alexis Tsipras anunciou hoje uma série de medidas para favorecer os mais atingidos pela crise.

Na próxima semana, o governo deve apresentar seus projetos ao Parlamento oferecendo comida e eletricidade de graça para 300 mil lares. Os prazos de pagamento de impostos atrasados serão prorrogados.

Tsipras vai propor ainda o congelamento dos despejos por falta de pagamento da casa própria, a recontratação de funcionários da televisão estatal demitidos desde 2009 e a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a crise da dívida grega. Promete cortar gastos em outras áreas para financiar os programas sociais.

Com dificuldades para honrar seus compromissos, a Grécia pediu ajuda à União Europeia (UE), ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Central Europeu (BCE). Desde então, recebeu empréstimos de 240 bilhões de euros, mas foi submetida a um rigoroso programa de ajuste das contas públicas que levou a uma depressão econômica, com uma queda de 25% no produto interno bruto nos últimos seis anos.

Com desemprego de 25% da população e de 55% entre os jovens, a Coligação de Esquerda Radical (Syriza), liderada por Tsipras, ganhou as eleições parlamentares de janeiro de 2015 com a promessa de romper com o programa de austeridade.

Os outros países do Grupo do Euro rejeitaram as propostas de redução ou alongamento do prazo de pagamento da dívida grega, mas estenderam o programa de ajuda em quatro meses. Neste período, a Grécia tem de apresentar novo plano de reformas para equilibrar as contas públicas.

Em Berlim, a Câmara Federal da Alemanha aprovou hoje a prorrogação do programa de ajuda à Grécia, mas o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, que jogou duro com o novo governo grego, e vários deputados da União Democrata-Cristã, da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel, não acreditam na capacidade da Grécia de fazer as reformas e pagar as dívidas.

Hoje o dinheiro acabou nos caixas automáticos do banco grego Piraeus. Com o risco de que a Grécia seja obrigada a deixar a união monetária europeia, há uma corrida bancária para sacar euros. É mais uma ameaça ao sistema financeiro do país.

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