quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Hesbolá avisa Israel que não quer escalar conflito

Depois de um ataque de mísseis e de um contra-ataque de Israel em que dois soldados israeleneses e um espanhol de uma força de paz das Nações Unidas morreram, a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) mandou um recado através da missão da ONU: não quer ampliar o conflito, informou em entrevistado rádio hoje o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon.

A troca de tiros na tríplice fronteira entre Israel, o Líbano e a Síria cessou hoje, noticiou o jornal libanês The Daily Star. Ontem, as forças israelenses dispararam pelo menos 20 tiros de canhão na região das Fazendas Chebá, disputadas com o Líbano, em resposta a um ataque de mísseis contra um comboio militar israelense.

O ataque foi uma retaliação do Hesbolá contra um bombardeio de Israel ao lado sírio das Colinas do Golã, em 18 de janeiro de 2015, quando seis militantes do grupo, inclusive um comandante militar, e um general iraniano foram mortos. Todos participavam da guerra civil na Síria, onde o Irã e o Hesbolá apoiam a ditadura de Bachar Assad.

Sob pressão do Irã, o Hesbolá tinha a obrigação de responder, mas não interessa no momento abrir outra frente de combate no Sul do Líbano. Houve sugestões de que o Hesbolá estaria tentando atrair Israel para a guerra civil síria. Mas interessa ao regime de Assad uma guerra direta contra Israel.

No primeiro ano da guerra civil síria, os serviços de inteligência israelenses consideravam a queda de Assad inevitável "dentro de dois meses a dois anos". Com o apoio da Rússia, do Irã e do Hesbolá, o ditador sobreviveu. E o surgimento de milícias jihadistas ferozes como a Frente al-Nusra, braço da rede terrorista Al Caeda, e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante fizeram de Assad um mal menor, o "diabo que já conhecemos".

Os Estados Unidos e a Europa, que exigiam a saída de Assad para outros membros do regime sírio negociarem a paz em nome do governo sírio, já admitem conviver com o ditador sírio, que apostou no florescimento do jihadismo para se apresentar como única alternativa ao terrorismo dos extremistas muçulmanos.

Por algum tempo, parecia do interesse de Israel que seus inimigos, de Assad e o Hesbolá a Al Caeda e o Estado Islâmico, se devorassem na guerra civil da Síria, mas a transformação do país vizinho num Estado em colapso criaria um novo pesadelo duradouro para a segurança israelense, a exemplo do que aconteceu com o Líbano nos anos 1970s e 1980s, e o Afeganistão depois da invasão soviética de dezembro de 1979.

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