domingo, 2 de novembro de 2014

Outro general afirma estar no poder em Burkina Fasso

Em pronunciamento público, o ex-ministro da Defesa general Kouame Longue afirmou que está no comando de Burkina Fasso depois de ocupar a rádio e a televisão estatais em Uagadugu, a capital do país. É o terceiro militar que apresenta como chefe de Estado desde a queda do ditador Blaise Compaoré, que estava no poder há 27 anos, em 31 de outubro de 2014.

Hoje de manhã, uma multidão se concentrou diante da sede da rádio e da TV para denunciar um golpe de Estado. O Exército deu tiros para o ar para dispersar a multidão.

A tentativa de mudar a Constituição para permitir a Compaoré concorrer a um quinto mandato presidencial provocou uma revolta popular que mobilizou cerca de 100 mil pessoas nas maiores cidades burkinenses.

Depois de uma multidão enfurecida tocar fogo no Parlamento, em 30 de outubro, o comandante-em-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, a mais alta autoridade militar do país, general Nabéré Honoré Traoré, anunciou a dissolução do governo e da Assembleia Nacional. Prometeu realizar eleições e devolver o poder aos civis em 12 meses.

No dia 31, Compaoré renunciou oficialmente, depois de tentar ficar no cargo até as eleições de 2015, sob o compromisso de não concorrer e se retirar da vida pública.

Ontem, depois de um tiroteio no palácio presidente, em pronunciamento pelo rádio, o coronel Isaac Zida, subcomandante da guarda presidencial de Compaoré, autoproclamou-se dirigente máximo de Burkina Fasso: "Eu assumo as responsabilidades desta transição e de chefe de Estado para assegurar a continuidade do Estado."

O coronel Zida acrescentou que o ex-ditador estava "num lugar seguro" com "a integridade física e moral garantida", mas não falou em restituir o poder ao ex-chefe. Ele ainda estaria no comando.

Agora, é o ex-ministro da Defesa Kouame Longue que se apresenta como líder do governo. Isso indica que há uma luta de facções militares pelo poder em Burkina Fasso e não há garantia alguma de devolução do poder a um presidente eleito, muito menos de uma real democratização de um dos países mais pobres do mundo, 181º no ranking de desenvolvimento das Nações Unidas.

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