quarta-feira, 12 de novembro de 2014

EUA e China anunciam acordo histórico sobre o clima

Numa série de entendimentos para melhorar o relacionamento entre as duas maiores potências mundiais, os Estados Unidos e a China anunciaram hoje um acordo sobre o clima capaz de impulsionar as negociações da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima em 2015, em Paris.

Os EUA se comprometeram a cortar até 2025 as emissões de gases carbônicos em 26% a 28% em relação a 2005. A China, hoje o maior poluidor mundial, não se considera responsável pelas emissões do passado. Pela primeira vez, prometeu reduzir gradualmente o aumento das emissões até chegar ao pico em 2030. A partir daí, vão cair.

É pouco, mas é um avanço histórico. Foram nove meses de negociações secretas. Sem um compromisso dos maiores poluidores, dificilmente haveria progresso no próximo ano em Paris rumo a um acordo para substituir o Protocolo de Quioto, que expirou em 2012.

No protocolo assinado em 1997 em Quioto, no Japão, 37 países desenvolvidos se comprometeram a reduzir as emissões de gases que agravam o efeito estufa em 5% em relação a 1990. Não diminuíram. A concentração de gases carbônicos na atmosfera só aumenta, apesar das repetidas advertências do Painel Internacional sobre Mudança do Clima, que reúne cientistas do mundo inteiro.

Um problema para Obama é que o Partido Republicano, que acaba de conquistar a maioria nas duas casas do Congresso dos EUA, ou pelo menos sua ala mais radical, negam que o atividade industrial humana seja responsável pelo aquecimento do planeta.

Em entrevista coletiva neste momento em Beijim, Obama destaca a melhoria nas relações bilaterais nos últimos 43 anos desde a histórica visita de Henry Kissinger a Mao Tsé-tung, em 1971.

O presidente americano citou o extraordinário aumento do comércio bilateral e a cooperação em vários setores, do intercâmbio estudantil ao combate à epidemia de ebola e à estabilidade no Afeganistão. Com o aumento do terrorismo islâmico de radicais da minoria uigur, a China entra na guerra contra o extremismo muçulmano.

Obama reconheceu que a China é uma grande potência, numa grande diferença em relação ao tratamento americano ao país na era Bush (2001-9). Declarou que "o Tibete é parte da República Popular da China" e pediu ao regime comunista chinês que ajude a "preservar sua religião e cultura únicas". Também fez um apelo para que as disputas territoriais entre a China e seus vizinhos sejam "resolvidas pacificamente, de acordo com o direito internacional".

Os dois países vão criar mecanismos para evitar incidentes militares capazes de gerar crises, avisando quando forem fazer manobras militares. Também serão definidos procedimentos para encontros de navios ou aviões de guerra.

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