segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Moçambique suspende apuração em meio a fraude

Depois da descoberta de indícios de fraude, a apuração dos votos nas eleições de Moçambique foi suspensa na província de Tete, no Noroeste do país, anunciou hoje a comissão nacional eleitoral. Quando a apuração passava de 60% dos votos, a comissão percebeu que havia recebido folhas com resultados de 234 urnas. Como havia na província 178 seções eleitorais, a fraude ficou evidente.

No dia da eleição, 15 de outubro de 2014, o presidente Armando Guebuza declarou que o país estava em festa, com quase 11 milhões de moçambicanos aptos a votar. Mas eleitores queimaram urnas em Tete, alegando que estavam estufadas de votos fraudulentos a favor do candidato Filipe Nyussi, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que governa o país desde a independência de Portugal, em 1975.

Pela contagem oficial em outras províncias, Nyusi lidera a apuração. Estaria praticamente eleito, com 62% dos votos válidos contra 32% para Afonso Dhlakama, da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), um antigo grupo rebelde direitista criado com o apoio dos regimes segregacionistas da Rodésia e da África do Sul, e 6% para Daviz Simango, filho de um ex-vice-presidente da Frelimo que criou um dissidência da Renamo, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Estas foram as eleições mais disputadas da história de Moçambique. Em 1994, nas primeiras eleições depois da guerra civil entre Frelimo e Renamo (1975-92) denúncias de fraude ameaçaram reiniciar o conflito, mais o país estava esgotado.

Ao fim de três décadas de guerra, contando a luta pela independência, a renda média anual era de US$ 80 por pessoa. Parte da população que vivia no interior numa agricultura de subsistência havia sido forçada a fugir para as grandes cidades. Um cinturão de miséria com casas de pau a pique e sapê e 2 milhões de pessoas cercava a capital, Maputo.

Hoje a renda per capita subiu para US$ 650 por ano. Pelo critério de paridade do poder de compra, a renda média sobe para US$ 1.045, a sétima pior do mundo, à frente apenas de outros países africanos: Níger, Libéria, Maláui, Burúndi, República Democrática do Congo e República Centro-Africana.

Com salário mínimo equivalente a US$ 60, a pobreza generalizada ainda é o maior problema dos 25 milhões de habitantes de Moçambique, apesar dos investimentos estrangeiros, especialmente no setor de energia (gás natural, petróleo e hidrelétricas). O crescimento médio foi de 8% ao ano de 1994 a 2006. Caiu para 6% a 7% de 2007 a 2011. Chegou a 7,5% em 2012 e voltou a 8% no ano passado.

O português é a língua mais falada em Moçambique. Pelos dados oficiais, mais da metade fala português, mas, em casa, só 12,8% o usam como primeira língua.

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