sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Putin quer reescrever acordo UE-Ucrânia

O presidente Vladimir Putin exige a renegociação do recém-ratificado acordo de associação da Ucrânia à União Europeia (UE) e ameaça tomar "imediatamente medidas retaliatórias apropriadas" se a ex-república soviética começar a implementar qualquer parte do acordo, noticia o jornal inglês Financial Times.

Em carta ao presidente da Comissão Europeia, o ex-primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso, a quem dissera que poderia tomar Kiev em duas semanas, Putin reafirma a determinação de impedir a integração da Ucrânia à Europa e especialmente à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.

Putin alega que o adiamento de um ano e três meses na implementação do acordo, uma concessão feita pela Ucrânia e a UE no início do mês, deve ser usado para "criar equipes de negociação" para reescrever o acordo.

"Ainda acreditamos que só ajustes sistêmicos ao acordo de associação que levem em conta todos os riscos aos laços econômicos entre a Rússia e a Ucrânia e para toda a economia russa derivados da implementação do acordo nos permitirão manter as relações comerciais e econômicas existentes entre a Federação Russa", afirmou o homem-forte do Kremlin.

A Rússia pleiteia a alteração de 1,2 mil posições tarifárias definidas no acordo. Em princípio, a UE se nega a renegociar o acordo rejeitado sob pressão da Rússia em novembro de 2013 pelo então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich. A ruptura das negociações deflagrou uma onda de protestos que levou à queda de Yanukovich em 22 de fevereiro de 2014.

Menos de uma semana depois, a Rússia iniciou uma intervenção militar na província da Crimeia que resultou em plebiscito pela independência da Ucrânia e anexação à Federação Russa, realizado em 16 de março.

Em abril, começou um movimento separatista insuflado por Moscou no Leste da Ucrânia, iniciando uma guerra civil em que cerca de 3,5 mil pessoas foram mortas. O objetivo de Putin é cada vez mais claro: enfraquecer a Ucrânia para impedir sua verdadeira independência e o afastamento da órbita da Rússia.

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