terça-feira, 9 de setembro de 2014

Europa mediterrânea se prepara para onda de protestos

Os países do Sul da Europa se preparam para uma primavera de protestos e agitação social, adverte a empresa americana de estudos estratégicos Stratfor.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Federação dos Empregados e Operários da Indústria Metalúrgica da Itália anunciaram ontem uma série de greves para outubro, enquanto o primeiro-ministro esquerdista Matteo Renzi luta contra a recessão e o desemprego em alta, e tenta aprovar reformas estruturais para estimular o crescimento. A Itália está estagnada desde o início do século.

Na Espanha, o Ministério do Interior gastou cerca de um milhão de euros (R$ 2,94 milhões) em equipamentos para a polícia de choque. Tem dois desafios à frente: agitação social contra a crise econômica e movimentos separatistas.

A Coordenadoria 25 de Setembro, um dos grupos que surgiram dos protestos dos Indignados, em 2011, anunciou uma série de manifestações contra o desemprego e a crise para a primavera. Grupos de esquerda planejam protestos contra restrições ao aborto impostas pelo governo conservador espanhol.

Outra questão importante na Espanha envolve os movimentos nacionalistas pela independência da Catalunha e do País Basco. Ontem, o líder do movimento Esquerda Republicana, Oriol Junqueras, defendeu a "desobediência civil", se o governo central de Madri bloquear a realização de um referendo sobre a independência da Catalunha previsto para 9 de novembro de 2014.

Se a Escócia conquistar a independência no referendo de 18 de setembro, a pressão na Espanha e em outros países europeus com movimentos separatistas vai aumentar muito.

Na França, a aprovação do presidente François Hollande caiu a um nível recorde de impopularidade para a 5ª República, fundada pelo general Charles de Gaulle em 1958 para criar uma Presidência forte. Só 13% dos franceses apoiam Hollande. A nomeação de um governo socialista mais à direita gerou um conflito interno no PS.

Os pilotos da companhia aérea Air France convocaram uma greve para o fim de setembro. Com a economia estagnada e o desemprego em alta, a França pode esperar uma onda de greves e protestos até o fim do ano.

Este descontentamento no Sul da Europa aumenta a tensão com a Alemanha, que resiste a pressões dos países meditarrâneos para desvalorizar o euro, estimular o investimento público e privado, e flexibilizar as metas de estabilidade fiscal da Eurozona - nada que a Alemanha pareça disposta a fazer.

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