domingo, 3 de agosto de 2014

Israel inicia retirada da Faixa de Gaza

Antes mesmo de anunciar que não participaria das negociações de cessar-fogo no Cairo, acusando o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) de violar as tréguas anteriores, o Exército de Israel começou a se retirar da Faixa de Gaza. Ainda realiza operações militares em algumas áreas, mas a maioria das tropas que participaram da ofensiva terrestre nos últimos 18 dias já deixou o território.

Hoje mais uma escola usada como abrigo foi atingida por Israel, matando pelo menos dez palestinos. Ao todo, foram 71 palestinos mortos neste domingo. Em nota do Departamento de Estado, os Estados Unidos acusaram Israel de não tomar as precauções necessárias para evitar mortes de civis. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, descreveu o ataque como "um crime" e fez um apelo ao "fim dessa loucura".

Pelo menos 80 foguetes palestinos foram disparados hoje contra Israel. Se os ataques de foguetes e morteiros palestinos não pararem, Israel ameaça intensificar os bombardeios aéreos enquanto retira as forças terrestres. A retirada não significa o fim do conflito.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, justificou a invasão sob o argumento da "desmilitarização" de Gaza, com a destruição das bases de lançamento de foguetes e de túneis usados para invadir Israel. Ele declarou que a operação militar continua, mas o governo já teria se decidido por uma retirada unilateral.

As tropas israelenses saíram de Beit Lahiya, no Norte da Faixa de Gaza; e de Khan Younis, no Centro do território. Estão concentradas do outro lado da fronteira para voltar a entrar em ação, se necessário. Também foi criado um perímetro de segurança dentro do território para evitar ataques de militantes palestinos durante a retirada.

Hoje as ações militares prosseguiam em Beit Hanoun, no Norte da Faixa de Gaza; e Rafá, no Sul, junto à fronteira com o Egito, onde os soldados de Israel estariam destruindo mais um túnel. Estima-se que o Hamas tenho gasto US$ 90 milhões no território miserável para construir os túneis.

Mais de 1,8 mil palestinos morreram e outros 9 mil foram feridos até agora na Operação Margem Protetora. Cerca de 80% dos mortos eram civis e 20% crianças. Mais de 10 mil casas, sete escolas e a única usina geradora de energia elétrica da Faixa de Gaza foram destruídas.

Do lado israelense, foram mortos quatro civis e 64 soldados, mais do que nas operações militares anteriores contra o Hamas, em 2008-9 e em 2012. As principais cidades israelenses vivem sob o medo dos foguetes palestinos, sempre atentas às sirenes para correr para os abrigos antiaéreos.

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