segunda-feira, 16 de junho de 2014

Rússia corta fornecimento de gás à Ucrânia

A empresa estatal russa Gazprom suspender hoje o fornecimento de gás natural para a Ucrânia nesta segunda-feira, ameaçando o suprimento para o resto da Europa depois do colapso de negociações em torno do preço. A Rússia acusou a Ucrânia de atrasar um pagamento de US$ 2 bilhões e ameaça pedir pagamento adiantado no futuro.

Embora o governo ucraniano afirme ter estoque suficiente até o mês de dezembro, há novo risco de problemas de suprimento a longo prazo. Os dois países negociam o preço há semanas. A Ucrânia paga uma tarifa subsidiada, inferior à de outros países europeus. Agora, a Rússia propõe um aumento de 44% no preço e uma redução do volume à metade

O corte acontece num momento crítico da tensão entre os dois países no Leste da Ucrânia, onde rebeldes separatistas apoiados pelo Kremlin derrubaram um avião militar ucraniano no fim de semana, matando 49 soldados. Foi o maior número de mortos num mesmo incidente desde o início da atual crise, em novembro de 2013, quando o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, abandonou negociações de associação à União Europeia.

Quando Yanukovich caiu, em 22 de fevereiro de 2014, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou legitimidade ao governo revolucionário de Kiev e iniciou uma série de medidas para desestabilizar a ex-república soviética da Ucrânia, numa clássica atitude imperialista.

"Se a Europa quiser continuar sendo um polo num sistema internacional multipolar, precisa ser capaz de ter uma política externa e de segurança comum, especialmente em tempos de crise e conflito. Isso significa sair da crise da Ucrânia com um compromisso mais forte de defesa comum e de planejamento conjunto para contingências", adverte Volker Perthes, analista do Project Syndicate.

Em artigo na edição internacional do New York Times, um grupo de ex-embaixadores adverte que "o Ocidente não pode esquecer a Crimeia": "Quaisquer que sejam as reivindicações históricas da Rússia, a ocupação da Crimeia foi a mais flagrante tomada de terras à força na Europa desde 1945. A atenção do Ocidente logo se voltou para outros lados, enquanto separatistas armados começaram a ocupar prédios no Leste da Ucrânia com o apoio de mais homenzinhos verdes.

"Enquanto a luta naquela região se intensifica, a Crimeia merece cada vez menos atenção. A Europa e os EUA estão focados em evitar uma deterioração maior da situação na Ucrânia, o que é totalmente compreensível. Mas conseguir um cessar-fogo, restaurar o controle do governo ucraniano e reestabilizar o Leste - que vai levar tempo, na melhor das hipóteses - não pode ser considerado um retorno à normalidade", afirmam os ex-embaixadores William Taylor, Steven Pifer e John Herbst.

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