terça-feira, 10 de junho de 2014

Jihadistas tomam segunda maior cidade do Iraque

Centenas de extremistas muçulmanos do grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS, do inglês) tomaram durante a noite a cidade de Mossul, na provícia de Nínive, no Norte do Iraque, ocupando o aeroporto, bases militares, prisões, outros prédios públicos, e estações de rádio e televisão. Cerca de 1,4 mil presos foram soltos. Soldados e policiais abandonaram suas armas e fugiram, assim como mais de 4,8 mil famílias.

Dez anos depois da invasão americana ordenada pelo presidente George W. Bush para derrubar o ditador Saddam Hussein, o Iraque se afunda na anarquia e no conflito sectário entre sunitas e xiitas.

O presidente do Parlamento, Ossama Nujaifi, admitiu que o governo perdeu o controle da cidade para "terroristas", enquanto o primeiro-ministro Nuri al-Maliki decretou estado de emergência e pediu ajuda aos Estados Unidos, aos líderes tribais sunitas e às milícias curdas.

As milícias sunitas inspiradas pela rede terrorista Al Caeda ganharam força no Oriente Médio com a guerra civil na vizinha Síria, onde mais de 160 mil pessoas foram mortas nos últimos três anos. O líder global d'al Caeda, Ayman al-Zawahiri, já declarou que a Frente al-Nusra é a representante da rede no conflito sírio.

Analistas temem que a disputa entre as duas facções pela liderança do movimento jihadista leve a novos atentados contra alvos ocidentais. O ISIS quer criar um regime fundamentalista muçulmano unindo Síria, Líbano e Iraque.

Pelo menos 3.577 pessoas foram mortas pela violência política no Iraque desde o início de 2014, sendo 534 até ontem neste mês. O sítio americano Iraq Body Count (Contagem de Corpos no Iraque) estima que o total esteja em torno de 5,5 mil mortes.

O ISIS é uma dissidência da rede Al Caeda. Virou um grupo independente em abril de 2013. Seus ataques contra Faluja e Ramadi, na província da Ambar, meses atrás tinham os mesmos objetivos: diminuir a capacidade de resistência das forças de segurança iraquianas, misturar-se à população local, especialmente aos simpatizantes do islamismo radical, e reduzir a confiança na polícia e no Exército, que parecem estar sempre na defensiva, reagindo em vez de tomar a iniciativa do combate contra os jihadistas.

As eleições parlamentares realizadas no fim de abril polarizaram ainda mais o Iraque em torno do conflito sectário entre sunitas e xiitas. Com o baixo comparecimento às urnas dos sunitas nas províncias mais conflagradas, a maioria xiita ampliou sua bancada parlamentar para 181 dos 328 deputados da Assembleia Nacional. A coalizão entre árabes sunitas e xiitas moderados liderada pelo ex-primeiro-ministro Ayad Allawi recuou de 101 para 91 cadeiras. O bancada curda ganhou mais cinco deputados e agora tem 72.

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