sexta-feira, 13 de junho de 2014

Espanha moderna e democrática é a campeã do mundo

A campeã mundial Espanha, humilhada pela vice-campeã Holanda hoje em Salvador, é um país de 505 mil quilômetros quadrados e 47,26 milhões de habitantes situado no extremo sudoeste da Europa. Ocupa 85% da Península Ibérica, que divide com Portugal. É banhada pelo Mar Mediterrâneo e pelo Oceano Atlântico, o que a ajudou a se transformar numa potência naval e num império colonial.

É um país com uma história rica, cheio de castelos, monumentos e cidades sofisticadas, diversificado geográfica e culturalmente, o que o tornou o segundo principal destino turístico do mundo, atrás apenas da França, movimentando cerca de 40 bilhões de euros por ano.

No momento, a Espanha enfrenta sua pior crise econômica desde a democratização do país, em 1975, com a morte do ditador Francisco Franco. O desemprego passa de 25% e chegou a 56% entre os jovens.

GEOGRAFIA
No coração da Espanha, fica a Meseta, um grande planalto central com cerca de 800 metros de altitude onde fica Madri. É uma região dedicada historicamente à criação de gado e à produção de grãos. Com os moinhos de vento que existem até hoje, foi o cenário do romance Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, considerado a obra-prima da literatura espanhola.

O Nordeste da Espanha é dominado pelo vale do Rio Ebro e a região montanhosa da Catalunha, que já foi independente, onde fica Barcelona, a segunda grande metrópole do país, e a costa montanhosa de Valência.

No Norte, estão o País Basco e os Montes Pirineus, que separam Espanha e França. O principado de Andorra é um enclave entre os dois países.

No Noroeste, fica a Cardilheira da Cantábria, com vales profundos e vegetação densa. A oeste, está Portugal.

No Sul, há o vale do Rio Guadalquivir, celebrado pelos poetas Federico García Lorca e Antonio Machado. Acima deste vale, destacam-se as montanhas da Serra Nevada.

A parte mais ao Sul é desértica, uma extensão do Deserto do Saara. Foi cenário dos filmes de bangue-bangue dos anos 1960s e 1970s conhecidos como western spaghetti.

A costa do Mar Mediterrâneo e as Ilhas Baleares têm um clima agradável que atrai milhares de pessoas a cada verão europeu, além de ser um lugar favorito para a aposentadoria de europeus do Norte, de países de clima mais frio.

A Espanha ainda domina as Ilhas Canárias, no Oceano Atlântico, e mantém dois enclaves coloniais de Ceuta e Melila, no Marrocos, no Norte da África.

POPULAÇÃO
A Espanha tem 47,26 milhões de habitantes. Sua densidade populacional, de 91 hab/km2, está abaixo da média da Europa Ocidental.

Os espanhóis são 88% da população. Os outros 12% são imigrantes, dos quais 39% latino-americanos, 16% norte-africanos e 15% europeus-orientais.

GOVERNO
De 1833 a 1939, no fim da guerra civil, a Espanha viveu sob um regime constitucional parlamentarista, seguido pela ditadura do generalissimo Francisco Franco e suas Leis Fundamentais, decretadas de 1942 a 1967.

Depois da morte do ditador Francisco Franco, em 1975, a Espanha se tornou uma monarquia constitucional. O rei  Juan Carlos I iniciou o processo de transição para a democracia. Em outubro de 1978, foi aprovada a nova Constituição. O rei resistiu a uma tentativa de golpe do coronel Antonio Tejero Molina, em 1981.

As Cortes do Parlamento tem duas câmaras: o Congresso dos Deputados, com 350 cadeiras e mandato de quatro anos, e o Senado. Cada uma das 47 províncias continentais elege quatro senadores e as ilhas de um a quatro, dependendo do tamanho. Ceuta e Melila têm dois senadores cada.

O atual primeiro-ministro é Mariano Rajoy, líder do conservador Partido Popular. Está na chefia de governo desde novembro de 2011.

Em 2 de junho de 2014, depois de uma série de escândalos envolvendo a família real, o rei Juan Carlos abdicou em favor do filho Felipe, príncipe de Astúrias, que subirá ao trono como Felipe VI.

PRÉ-HISTÓRIA
As escavações arqueológicas em Atapuerca revelaram a presença de hominídeos na Península Ibéria há 1,2 milhão de anos.

O homem moderno chegou há cerca de 40 mil anos. A caverna de Altamira, na região da Cantábria, abriga algumas das mais impressionantes obras de arte rupestre. As datações mais recentes indicaram que as pinturas foram feitas num período de 20 mil anos a partir de 36,5 mil AC.

HISTÓRIA
A Espanha sempre foi uma terra de diferentes povos. Os primeiros habitantes vieram da Europa Ocidental e do Norte da Africa, entre eles os ibéricos, os celtas e os bascos.

Em 1100 AC, os fenícios, os gregos e os cartagineses tinham estabelecido colônias e entrepostos comerciais na Península Ibérica para fazer comércio no Mar Mediterrâneo.

IMPÉRIO ROMANO
Entre os séculos 3 AC e 1 DC, a Espanha foi anexada ao Império Romano e abraçou a ideia de corpo e alma, diz o historiador Juan Beneyto Pérez no livro Contribuição à História da Ideia de Império. Para o historiador romano Tácito, o culto ao Império nasceu na Espanha.

Nascia a noção de império em que o país se tornaria, com a contribuição da Igreja Católica, esse império multinacional da fé a que a Espanha se aliou na empreitada colonial.

No início do século 5, antes da queda do Império Romano do Ocidente, em 476, os visigodos conquistaram a Espanha. Eram as invasões bárbaras.

ISLAMISMO
Em 622, a fuga do profeta Maomé de Meca para Medina é o marco de fundação do islamismo. O profeta manda seus seguidores converter os infiéis e conquistar o mundo para sua fé. Na sua guerra santa, os árabes tomam o Norte da Europa, a região que vai da Mauritânia ao Egito.

INVASÃO
Em 711, os árabes invadem a Península Ibérica sob o comando de Tarik ibn Ziad, que faz o seguinte apelo final a suas tropas antes de cruzar o Estreito de Gibraltar: “O que vos espera como prêmio não são os desertos da África, mas os riquíssimos despojos da Europa. Vencidos os godos, quem mais poderá nos enfrentar?”

Por fim, concluiu Ziad: “Trocai os montes ásperos, as Colinas resseguidas pelo grande calor do deserto, as miseráveis choupanas da Africa pelas riquíssimas cidades e campos da Espanha.”

Os mouros avançaram até Poitiers, no Sul da França, onde foram derrotados em 732 por Carlos Martel. Em 750, os cristãos retomam a Galícia, no Noroeste da Espanha, abandonada por tropas bérberes rebelados. Os bérberes eram nativos no Norte da África dominados pelos árabes. Existem até hoje.

REINOS CRISTÃOS
Nos séculos 10 e 11, surgem pequenos reinos cristãos no Norte – Leão, Castela, Navarra e Aragão – que uniriam para criar a Espanha. Em 1085, Afonso VI de Leão e Castela recapturou Toledo.

Nesta guerra, o grande herói foi o cavaleiro Dom Rodrigo Díaz de Bivar, conhecido como Cid, o Campeador, imortalizado no filme El Cid (1961), com Charlton Heston e Sophia Loren.

FEUDALISMO
O regime feudal se baseava numa hierarquia com o rei no topo, com um direito de reinar supostamente divino, e relações de dependência claras entre susseranos ou senhores e seus vassalos, que lhes deviam lealdade e obediência, Essa fidelidade total incluía o serviço militar em tempo de conflito armado, fazendo das relações humanas uma questão de honra e de deveres sagrados.

O rei, chefe ou senhor era o protetor dos humildes. O vassalo aceita a dependência direta a outro indivíduo. Entre todos os deveres, o mais importante era ir à guerra.

“Dentre todas as formas de subordinação, a mais elevada consistia em servir pela espada, pela lança e a cavalo a um mestre para quem solenemente se havia declarado fiel”, comenta Marc Bloch, em A Formação de Laços de Dependência, capítulo de A Sociedade Feudal.

VASSALAGEM
O guerreiro tradicional se transformou num cavaleiro. O código de honra do cavaleiro andante era uma espécie de contrato firmado com a Igreja. Em troca da proteção divina, o cavaleiro deveria ser um defensor dos pobres, combatente da Igreja, exemplo de moralidade e lealdade.

A fidelidade era a base do sistema feudal. O primeiro dever do vassalo era morrer por seu senhor. A Igreja elevou quem morria em combate à condição de mártir. O maior pecado era a traição.

Se o objetivo inicial era a ordem e a paz cristãs, para assegurá-las fez-se a guerra contra os infiéis. A guerra de conquista trouxe um novo costume: a repartição das terras tomadas dos inimigos. Havia tanto doações permanentes como concessões de exploração temporária.

RECONQUISTA
Córdoba caiu em 1236. Com a conquista de Granada em 2 de janeiro de 1492 e o fim do império Andaluz (árabe), e a anexação de Navarra em 1512, a Espanha se fortalecia para construir o império.

Em 1492, o ano em que Cristóvão Colombo descobriu a América, os reis católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, expulsaram os mouros e os judeus da Península Ibérica.

Como os muçulmanos com o Islã, a Espanha se considerava designada para a missão evangelizadora de levar a religião cristã aos povos primitivos da Terra e de converter os infiéis.

INQUISIÇÃO
Um dos agentes dessa ofensiva religiosa foi a Santa Inquisição, estabelecida em 1481 pelos reis católicos, que só foi abolida em 1834. No primeiro auto da fé, seis pessoas foram queimadas vivas em Sevilha em 6 de fevereiro de 1481. O Grande Inquisidor era Tomás de Torquemada, confessor da rainha.

Só na Espanha, estima-se que cerca de 150 mil pessoas tenham sido processadas por tribunais do Santo Ofício e de que 3 a 5 mil pessoas tenham sido executadas. Em toda a Europa, a caça às bruxas matou cerca de 60 mil pessoas.

IMPÉRIO
A legitimidade da conquista da América e da dominação dos ameríndios estava num suposto mandato do papa para que espanhóis e portugueses propagassem a fé e o império, como observa o professor Amado Luiz Cervo em Contato entre Civilizações: conquista e colonização espanholas da América. Os conquistadores estavam a serviço do rei e a serviço de Deus.

Em 1516, Carlos I de Habsburgo herda o trono da Espanha e se torna o rei mais poderoso da Europa, senhor da Espanha, Holanda, Áustria, Sardenha, Sicília e Nápoles, e em 1519 se transforma Carlos V, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, o império de Carlos Magno, neto de Carlos Martel, que detivera a invasão moura em 711.

É o período de maior riqueza e expansão do império espanhol, enriquecido pela prata de Potosí, na Bolívia, e pelo ouro do México e do Peru. Com a morte do jovem rei Dom Sebastião, de Portugal, na Batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, 1578, a coroa portuguesa fica sem herdeiros. O rei Felipe II, da Espanha, reivindica a coroa portuguesa.

DOMÍNIO ESPANHOL
De 1580 a 1640, o Império Português é governado pelo rei da Espanha. É o período conhecido na História do Brasil como o Domínio Espanhol. Não houve uma fusão entre as máquinas burocráticas dos dois impérios, mas os portugueses e os bandeirantes aproveitam a oportunidade para ir além do limite fixado no Tratado de Tordesilhas (1494), que dividia o mundo ao meio entre Portugal e Espanha.

O Brasil iria só até Laguna no sul e até a Ilha de Marajó. No Tratado de Madri (1750), o Brasil começaria a ganhar o contorno atual, com exceção do Acre e do Rio Grande do Sul. Portugal alega que a Espanha violara o tratado primeiro ao colonizar as Filipinas, no Sudeste Asiático.

A Espanha sai arrasada da Guerra dos Trinta Anos (1618-48), em que enfrentou os países protestantes apoiados pela França, entre eles a Holanda, uma das razões das invasões holandeses ao Nordeste do Brasil (1624-25 e 1630-54).

Em 30 de março de 1625, há uma batalha em Salvador entre uma esquadra espanhola e portuguesa contra os invasores. Um mês depois, os holandeses se rendem no Convento do Carmo, sede da resistência portuguesa. No fim da guerra, depois da segunda invasão, a Espanha é obrigada a reconhecer a independência da Holanda.

DECLÍNIO
Quando morre o úlimo dos Habsburgos, o rei Carlos II, Luís XIV, da França, reivindica o trono para seu neto e deflagra a Guerra da Sucessão Espanhola (1701-13), quando enfrenta uma aliança formada por Inglaterra e Holanda, à qual se juntam depois a Prússia, outros estados alemães e Portugal. A França tinha o apoio da Baviera, de Colônia e dos ducados de Saboia e de Mântua.

Pelo Tratado de Utrecht (1713), a Espanha perde Gibraltar, o Ducado de Milão, o Reino de Nápoles e a Sardenha. Uma consequência desta guerra é a ascensão do Império Britânico às custas da Espanha e da França.

Antes da independência o Império Espanhol na América estava dividido em quatro vice-reinos, da Nova Espanha, com capital na Cidade do México, incluindo México e América Central; de Nova Granada, com capital em Santa Fé de Bogotá, incluindo Colômbia, Panamá, Venezuela e Equador; do Peru, com sede em Lima, incluindo Chile, que originalmente cobria toda a América do Sul espanhola; e do Prata, com capital em Buenos Aires, incluindo Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA
Com a invasão da Península Ibérica por Napoleão Bonaparte, imperador da França, em 1808, a família real portuguesa foge para o Brasil e o Império Espanhol sai enfraquecido.

A Revolução de 25 de Maio de 1810 cria em Buenos Aires o primeiro governo independente da América Espanhola. No México, o padre Miguel Hidalgo deu o primeiro grito de independência em 16 de setembro de 1810. A última batalha para a libertação da América do Sul foi travada em Ayacucho, no Peru, em 9 de dezembro de 1824, com o Exército Libertador sob o comando do marechal José Sucre..

O império colonial espanhol recebeu seu último golpe com a Guerra Hispano-Americana, em 1898, quando perdeu as Filipinas, Porto Rico e a ilha de Guam para os Estados Unidos e foi obrigada a aceitar a independência de Cuba. Era o fim do império.

DECADÊNCIA
A decadência pós-imperial gerou uma crise de identidade e uma série de conflitossociais. Em 1923, um golpe militar do general Miguel Primo de Rivera impõe um governo fascistoide que reprime manifestações de protesto e reivindicações de autonomia regional.

Em 1931, o rei é deposto e é proclamada a república. Quando a Frente Popular, uma aliança de republicanos, socialistas e comunistas, vence as eleições de 1936, o general Francisco Franco, comandante militar no Marrocos, lidera um levante contra o governo com o apoio da Igreja e da oligarquia rural. Começa a guerra civil.

GUERRA CIVIL
A Guerra Civil Espanhola foi um dos acontecimentos marcantes da História do Século 20. Durou até 1939 e teve uma dimensão internacional.

A União Soviética ajudou a mobilizar socialistas e comunistas de 50 países para lutar ao lado dos republicanos, inclusive o escritor inglês George Orwell, o inventor do Big Brother, e toda uma geração de comunistas e socialistas brasileiros. Foram 40 mil combatentes e 20 mil médicos e enfermeiros que serviram em unidades auxiliares.

Os franquistas tiveram o apoio da Alemanha nazista de Adolf Hitler e da Itália fascista de Benito Mussolini, que mandaram homens e armas. A Luftwaffe, a Força Aérea alemã, testou seus aviões e bombas destruindo a cidade basca de Guernica.

GUERNICA
O bombardeio a Guernica inspirou o pintor espanhol Pablo Picasso a criar uma de seus obras mais importantes, um mural em preto, branco e cinza. A pedido do pintor, só foi levado para a Espanha em 1981, depois da morte do ditador em 1975 e do próprio Picasso em 1973.

Guernica foi colocado num anexo ao Museu do Prado especialmente construído. Desde a construção do Museu Guggenheim em Bilbao, os bascos insistem em que o painel seja levado para o País Basco.

FRANQUISMO
Cerca de 1 milhão de pessoas foram mortas na guerra civil, inclusive intelectuais importantes como o filósofo Miguel de Unamuno e o poeta Federico García Lorca. Com a vitória, o generalissimo Francisco Franco Bahamonde, “caudilho da Espanha pela graça de Deus”, impôs uma ditadura acusada pelo desaparecimento e morte de 114 mil pessoas, e se afasta da Europa, mas a ajuda dos EUA na Guerra Fria contribuiu para o desenvolvimento econômico.

No início de fevereiro de 2012, o juiz Baltasar Garzón, aquele que mandou prender o ditador chileno Augusto Pinochet em Londres por crimes contra a humanidade, foi afastado de suas funções pelo Supremo Tribunal da Espanha, entre outras razões, por querer investigar os crimes do franquismo.

DEMOCRATIZAÇÃO
Em 1969, Franco nomeia como sucessor o príncipe Juan Carlos, neto do rei Afonso XIII. Com a morte de Franco, em 1975, Juan Carlos é coroado rei e inicia o processo de redemocratização da Espanha.

As primeiras livres são realizadas em 1977. Vence a União do Centro-Democrático, do primeiro-ministro Adolfo Suárez.

REGIÕES AUTÔNOMAS
A nova Constituição é aprovada em 1978. Ela instituiu e monarquia parlamentarista, restabeleceu as liberdades públicas e criou 17 regiões autônomas para acomodar as forças separatistas, especialmente os nacionalismos basco e catalão: Andaluzia, Aragão, Astúrias, Cantábria, Catalunha, Castela e Leão, Castela-Mancha, Ceuta, Extremadura, Galícia, Ilhas Baleares, Ilhas Canárias, Madri, Melila, Múrcia, Navarra, País Basco e La Rioja.

A Catalunha, com capital e Barcelona, é a mais rica e mais industrializada das região autônomas. O idioma catalão é falado por 7 milhões de pessoas.

No País Basco, que fica no Norte, o desejo de independência é maior. As quatro províncias bascas espanholas (Álava, Biscaia, Guipuzcoa e Navarra) gostariam de se reunir às três províncias bascas francesas (Baiona, Baixa Navarra e Sola) para formar um país independente.

ETA
O grupo radical ETA (Euskadi ta Askatasuna = País Basco ou Pátria Basca e Liberdade) nasce em 1959 para lutar pela independência do País Basco. Em 7 de junho de 1968, assumiu pela primeira a vez a responsabilidade por uma ação armada.

Desde então, a ETA foi responsável por atos terroristas que resultaram na morte de 829 pessoas. Desde 1989, o grupo declarou cessar-fogo quatro vezes, a última em 20 de outubro de 2011.

Em 24 de novembro de 2012, foi noticiado que a ETA estaria estudando uma dissolução definitiva, que deixaria a luta pela independência do País Basco nas mãos dos partidos nacionalistas bascos.

ÚLTIMO GOLPE
Em fevereiro de 1981, o coronel Antonio Tejero Molina chegou a dar tiros no plenário do Parlamento na tentativa de dar um golpe de Estado.

O rei Juan Carlos foi à televisão desautorizou os golpistas e a democracia espanhola nunca mais foi ameaçada.

ESQUERDA NO PODER
Em 1982, o Partido Socialista Operário Espanhol vence as eleições parlamentares. O primeiro-ministro Felipe González se torna o primeiro chefe de governo socialista desde 1936.

Sob a liderança de González, a Espanha entra em 1982 para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA, e em 1986 para a Comunidade Europeia, completando a democratização com a integração regional.

DIREITA NO PODER
O desemprego elevado e o desgaste dos socialistas no poder levou à vitória do Partido Popular, de direita, em 1996 e a dois governos do primeiro-ministro conservador José María Aznar. Ele aderiu ao euro e, numa fase de crescimento médio de 2,5%, conseguiu baixar o desemprego para cerca de 8%.

Aznar alinhou a Espanha claramente aos EUA na guerra contra o terror deflagrada pelo presidente George W. Bush depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. O envio de tropas à invasão do Iraque contra o desejo da opinião pública espanhola minou sua popularidade.

TERROR
Quando extremistas muçulmanos atacaram o sistema de transportes públicos de Madri, matando 191 pessoas, em 11 de março de 2004, e o governo tentou atribuir o atentado à ETA, em três dias os conservadores perderam eleições que estavam praticamente ganhas por causa da situação econômica favorável.

Ganhou o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, que retirou os soldados espanhóis do Iraque, como prometera na campanha eleitoral.

O terrorismo fora um protesto contra o apoio à guerra de George W. Bush contra Saddam Hussein, que não tinha o apoio da opinião pública espanhola.

PROGRESSO
No primeiro mandato, Rodríguez Zapatero aproveitou a estabilidade política e econômica para tomar medidas progressistas como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a promoção da autonomia pessoaL com atenção às pessoas com deficiências, a lei da igualdade entre homens e mulheres, a criação de tribunais especiais para a violência contra a mulher, a lei antitabaco, a negociação de paz com a ETA e a reforma do estatuto das autonomias regionais.

CRISE
O segundo mandato, depois das eleições gerais de 2008, foi marcado pela crise econômica internacional, que atingiu o setor financeiro e levou ao colapso do mercado imobiliário, grande motor da economia e do emprego nos 15 anos anteriores.

Diante da queda na arrecadação, o governo foi obrigado a fazer cortes nos gastos públicos gerando uma profunda recessão. Rodríguez Zapatero antecipou as eleições para novembro de 2011 e nem concorreu.

Venceu o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, do PP, que só em 2014 começa a reequilibrar a economia do país.

ECONOMIA
Com o produto interno bruto de 2013 estimado em US$ 1,359 trilhão pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e renda média por pessoa de US$ 28.755, a Espanha é a 13ª maior economia do mundo e a 5ª maior da Europa, depois de Alemanha, França, Reino Unido e Itália. Mas enfrenta no momento sua pior crise desde o fim da ditadura do generalissimo Franco, em 1975, e até antes disso.

Depois de um plano de estabilização anunciado por tecnocratas em 1959, a Espanha cresceu em média 6,6% ao ano de 1960 a 1974. Com a liberalização da economia aumentaram os investimentos estrangeiros, o turismo e as remessas de mais de 1 milhão de espanhóis que tinham saído do país de 1959 a 1974 em busca de uma vida melhor.

Com a crise do petróleo de 1973, o desemprego subiu de 4% em 1975 para 11% em 1980 e mais de 20% em 1985.

COMUNIDADE EUROPEIA
A situação voltou a melhorar em 1986, quando o país entrou para a Comunidade Econômica Europeia, hoje União Europeia, e pôde se beneficiar dos fundos de desenvolvimento estrutural do bloco para ajudar as regiões mais atrasadas.

Para aderir ao euro, o governo espanhol tomou as medidas para estabilizar a economia. Com a moeda única, o país teve moeda forte, juros baixos e crédito barato como nunca antes. A especulação imobiliária nas suas praias ensolaradas destruiu aquele longo ciclo de progresso econômico e social.

GRANDE RECESSÃO
A falência do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008, nos EUA, provocou um colapso de crédito no sistema financeiro internacional. Quem tinha dinheiro em caixa parou de emprestar para quem pudesse não pagar.

Com a desconfiança generalizada, os governos tiveram de bancar os empréstimos e negócios bancários para evitar uma paralisia do sistema financeiro. Os bancos espanhóis, descapitalizados pelo estouro da bolha especulativa do setor imobiliário, ficaram pior ainda.

Em 2012, a Espanha negociou um empréstimo de 100 bilhões de euros, cerca de US$ 125 bilhões, com o FMI e a UE para recapitalizar os bancos.

SETORES
A Espanha tem a maior frota pesqueira da União Europeia.

Com o relativo declínio da agricultura desde os anos 1960s, a população rural diminuiu, mas a produção de alimentos orgânicos cresce desde os anos 1990s. As frutas, os legumes e os cereais representam 75% da produção agrícola.  A criação de animais também é importante, mas agricultura, pecuária e pesca representam apenas 2,3% do PIB e 4,5% do emprego.

A Espanha é dos maiores produtores mundiais de vinho. Outros produtos industriais incluem máquinas, produtos químicos e farmacêuticos, navions, têxteis e alimentos. O setor manufatureiro responde por 11,7% do PIB e a construção civil por 10%. Dois terços da economia espanhola são serviços.

DESEMPREGO
O desemprego chegou a um recorde de 27,16% da população ativa em abril de 2012, com 6,202 milhões de pessoas sem emprego fixo. Hoje, está em 25,1%.

Entre os jovens, a taxa chegou a 56%.

RECESSÃO
A economia da Espanha encolheu mais 0,5% no primeiro trimestre de 2013. Foi o sétimo trimestre consecutivo da contração. Tinha perdido 0,3% no terceiro trimestre de 2012 e 0,8% no quarto. Nos últimos 12 meses, a queda foi de 2%.

Os últimos anos de crescimento expressivo foram 2006 (4,1%) e 2007 (3,5%). Em 2008, a alta no PIB foi de 0.9%. Em 2009, houve queda de 4,6%. Em 2010, o crescimento foi nulo. Em 2011, houve expansão de 2,2%. A recessão voltou com queda de 1,7% no ano passado, e ainda se aprofunda porque nos últimos 12 meses acaba de chegar a 2%..

A Espanha só deve voltar a crescer em 2014. Para este ano, a expectativa do governo é de um recuo de 1%.

RELAÇÕES COM O BRASIL
Além da relação histórica e do contato com a América Espanhola e do período histórico conhecido como Domínio Espanhol, o Brasil recebeu centenas de milhares de imigrantes espanhóis. Nos últimos anos, houve casos de discriminação de brasileiros ao chegar na Espanha que provocaram retaliações do Brasil.

Os espanhóis se tornaram nas últimas décadas importantes investidores na América Latina. A Telefónica de España participou da privatização da telefonia. A empresa de energia Repsol, no setor de energia. O Banco Santander comprou o Banespa e o Real. O mesmo aconteceu em outros países da região.

Hoje, com a crise na Zona do Euro, estas empresas têm resultados melhores na América Latina.

IDIOMAS
A rigor, não existe uma língua espanhola. A Espanha tem quatro línguas oficiais: castelhano, basco, catalão e galego. O castelhano, originalmente idioma de Castela, a região central do país, onde fica Madri, conhecido internacionalmente como espanhol.

CULTURA
Como em toda a Europa Ocidental, o Império Romano e o cristianismo foram os elementos básicos da formação cultural. Mas a História da Espanha trouxe outras influências marcantes como os quase 400 anos de invasão moura, além da presença de castelhanos, lusitanos, galegos, bascos, romanos, judeus, gregos, cartagineses, romanos, ciganos e outros povos em seus portos.

Até hoje, os imigrantes ilegais do Norte da África são chamados depreciativamente de moros. No Brasil, a cidade de Goiás Velho, antiga capital de Goiás, é a única que ainda organiza duelos de mouros e cristãos durante a Semana Santa, uma herança cultural espanhola.

LITERATURA
A literatura espanhola tem uma longa tradição que vem de Miguel de Cervantes, Francisco de Quevedo, Lope de Vega e Pedro Calderón de la Barca.

O fim do Império Espanhol, com a derrota para os EUA na Guerra Hispano-Americana (1898), deflagrou um profundo exame de consciência em busca da identidade perdida, com autores como filósofo José Ortega y Gasset e o poeta Antonio Machado. É a Geração de 98.

PRÊMIOS NOBEL
No século 20, cinco espanhóis ganharam o Prêmio Nobel de Literatura: os dramaturgos José Etchegaray e Jacinto Benavente, os poetas Juan Ramón Jiménez e Vicente Alexandre, e o romancista Camilo José Cela. Mas o maior escritor espanhol do século 20 foi Federico García Lorca, o poeta e dramaturgo morto pelos fascistas na guerra civil.

EX-COLÔNIAS
A literatura espanhola também foi enriquecida pela notável contribuição de filhos das ex-colônias, como os argentinos Jorge Luis Borges e Julio Cortázar, os mexicanos Octavio Paz e Juan Rulfo, os peruanos José María Arguedas e Mario Vargas Llosa, o guatemalteco Miguel Ángel Asturias, o colombiano José García Márquez, o nicaraguense Rubén Darío e os uruguaios Eduardo Galeano, Mario Benedetti e Juan Carlos Onetti, entre tantos outros.

PINTURA
De Diego Velázquez, El Greco e Francisco de Goya, da idade de ouro da cultura espanhola (1500-1681), ao andaluz Pablo Picasso, considerado o maior artista plástico do século 20, sem esquecer dos catalães Joan Miró e Salvador Dalí, a Espanha é há séculos um centro cultural.

Se o século 20, com a efervescência da guerra civil e de duas guerras mundiais na Europa, criou uma idade dap rata da cultura espanhola, o fim da censura da ditadura franquista deflagrou uma nova explosão de criatividade.

ARQUITETURA
O catalão Antoni Gaudí, que fez a Igreja Sagrada Família, o Parque Guell e tantos outros prédios de Barcelona, é um dos arquitetos mais originais da História.

Outros nomes importantes são Jospe Lluís Ser, Eduardo Torroja, Sanz de Olza, Ricardo Bofill, José Rafael Moneo, Santiago Calatrava e Oriol Bohigas.

Bohigas liderou a reforma de Barcelona para a Olimpíada de 1992. É uma das poucas cidades que aproveitaram realmente as obras feitas para os Jogos para remodelar sua paisagem urbana, um compromisso que os governos municipal e da Catalunha tinham desde a redemocratização pós-franquismo.

MÚSICA
Há vários compositores clássicos espanhóis importantes, como Fernando Sor, Isaac Albéniz, Enrique Granados, Manuel de Falla e Joaquín Rodrigo.

A fusão de inluências ibéricas, árabes e ciganas resultou no flamenco, uma música tipicamente espanhola, e ao surgimento de mestres como Andrés Segovia e Paco de Lucía. Um movimento de rock andaluz nasceu nos anos 1970s e 1980s em Sevilha.

Com suas festas sem fim, Ibiza, nas Ilhas Baleares, se tornou um centro da música eletrônica, de DJs.

A Espanha também tem excelentes cantores de ópera como Plácido Domingo, Josep Carreras, Alfredo Kraus e Montserrat Caballé. O violoncelista Pablo Casals foi dos melhores do século 20.

CINEMA
A indústria de cinema é pequena e frágil economicamente, mas o país produziu grandes cineastas.

Luis Buñuel, amigo do poeta Federico García Lorca e do pintor Salvador Dalí, filmou O Cão Andaluz, O Anjo Exterminador, O Estranho Caminho de Santiago, Tristana, O Discreto Charme da Burguesia, Esse Obscuro Objeto do Desejo.

Outro nome importante é Carlos Saura, autor de O Jardim das Delícias, Cria Cuervos, Ana e os Lobos, Bodas de Sangue, Carmen e Amor Bruxo.

Nas últimas décadas, o grande sucesso é Pedro Almodóvar, diretor de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, Ata-me, Tudo sobre Minha Mãe e Fale com ela.

Entre os grandes atores espanhóis, destaque para Antonio Banderas e Javier Bardén, Carmen Maura e Penélope Cruz.

CULINÁRIA
A cozinha espanhola se insere na chamada dieta mediterrânea, considerada uma das mais saudáveis do mundo por misturar carnes, aves, peixe e frutos do mar com uma ampla variedade de legumes, frutas e cereais temperados com azeite de oliva e saboreados com bons vinhos, que em quantidades moderadas fazem bem à saúde.

O tomate é uma cultura tão especial que há uma festa para celebrar sua colheita anualmente, a tomatina, em Bunhol, perto de Valência, quando as pessoas fazem guerra de tomate nas ruas. É a segunda festa de rua mais popular da Espanha, depois da corrida de touros de Pamplona.

TAPAS
Como é hábito comer lanches rápidos entre as refeições, a Espanha tem os famosos bares de tapas, às vezes bem elaboradas versões pequenas de pratos principais.

Nas regiões costeiras, é sempre grande a oferta de peixe e frutos do mar, bacalhau, anchova, albacora, sopas frias como o gazpacho, a famosa paella valenciana e os omeletes com batata que eles chamam de tortilla.

No interior, as sopas castelhanas de pão e alho e comidas tradicionais como o presunto espanhol. Em Madri, há um museu do presunto, na verdade uma loja comercial com grande variedade de presuntos.

O restaurante El Buli, do chef Ferrán Adrià, situado na Costa Brava da Catalunha, era considerado o melhor do mundo. Fechou em julho de 2011. Deve reabrir em 2014 como um centro de criatividade.

ESPORTE
O esporte é importante na vida do espanhol. Cada região tem suas preferências. Nas montanhas da Catalunha, é possível esquiar e praticar outros esportes de inverno. A costa de Valência é boa para surfe, windsurfe e mergulho. Em Astúrias e na Andaluzia, os esportes equestres são muito populares.

Apesar de politicamente incorretas, as touradas ainda são muito populares na Espanha. Está proibida em Barcelona, mas o grande centro é Madri.

A Espanha entrou para o movimento olímpico em 1924 e organizou os Jogos de 1992 em Barcelona, conquistando 13 medalhas de ouro em futebol, natação e atletismo.

O espanhol Juan Antonio Samaranch foi presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) de 1980 a 2001.

Além do futebol, são muito populares basquete, tênis, ciclismo, handball, futsal, motociclismo e automobilismo com o sucesso de Fernando Alondo na Fórmula 1. O tenista Rafael Nadal foi número um do mundo por muito tempo, ganhou 11 torneios do Grand Slam, inclusive um recorde de sete vezes o Aberto da França, 23 torneios de Masters.

O basquete ganhou popularidade com o inédito campeonato mundial de 2006, o segundo título de campeão europeu em 2011 e a medalha de prata na Olimpíada de 2012, em Londres. Os irmãos Marc e Pau Gasol, José Calderón e Ricky Rubio jogam na NBA, a Associação Nacional de Basquete dos EUA.

FUTEBOL
O esporte mais popular da Espanha é o futebol. O Campeonato Espanhol é um dos mais caros do mundo. Seus dois grandes times, Barcelona e Real Madrid, estão entre os melhores do mundo. Neste ano, pela primeira vez, dois times da mesma cidade, o Real Madrid e o Atlético de Madri, decidiram a Liga dos Campeões da Europa.

O Real Madrid, recordista de títulos europeus, tem agora dez copas dos campeões.

O Real Madrid e o Barça também tem importância política. Madrilhenho e monarquista, El Madrid era o time do ditador Francisco Franco. O Barcelona, por sua vez, é um dos últimos redutos do nacionalismo catalão.

Franco teria impedido que o Barça comprasse o argentino Alfredo di Stefano, considerado o melhor jogador do mundo na época, e fez com que fosse contratado pelo Real, conta o inglês Gary Linecker, artilheiro da Copa de 1986, um dos muitos astros internacionais do Barcelona, ao lado de Evaristo Macedo, Johan Cruiff, Diego Maradona, Michael Laudrup, Hristo Stoikovich, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Figo, Ronaldinho Gaúcho e Lionel Messi.

O Real também tem uma longa lista de estrelas internacionais. Além de Di Stefano, Santamaría, Ferenc Puskas, Raymond Kopa, Hugo Sánchez, Emilio Butragueño, Figo, Zidane, Ronaldo, David Beckham, Roberto Carlos, Cristiano Ronaldo.

SELEÇÃO
A seleção espanhola, historicamente malsucedida em competições internacionais é a atual campeã do mundo e bicampeã europeia. Participou de 13 copas do mundo desde 1930. Foi campeã europeia em 1964, 2008 e 2012.

No confronto direto com o Brasil em copas do mundo, a Espanha costuma jogar melhor e perder.

Em 1962, a Espanha saiu na frente e poderia ter feito 2-0. Gilmar fez grandes defesas e o veterano Nilton Santos avançou saiu da área depois de derrubar o veloz Collar para o juiz não marcar pênalti. Garrincha acabou com o jogo no segundo tempo, Amarildo fez os gols e o Brasil virou o jogo para 2-1, eliminando a Espanha.

Em 1978, na Argentina, Amaral salvou uma bola em cima da linha de gol e o jogo terminou 0-0.

Em 1986, na estreia, o juiz não deu um gol de falta de Michel em que a bola caiu dentro do gol e saiu. A televisão mostrou impedimento no gol brasileiro, marcado por Sócrates.

Quando a Espanha foi campeã do mundo em 2010, alguns jogadores do Barcelona como Xavi, Iniesta e Pujol festejaram com a bandeira da Catalunha. A Espanha campeã europeia e do mundo é a Espanha multinacional e democrática pós-franquista.

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