domingo, 25 de maio de 2014

Ultradireita avança nas eleições para Parlamento Europeu

Como era previsto nestes tempos de crise, os partidos de extrema direita contrários ao projeto de integração da Europa foram os grandes vencedores das eleições para o Parlamento Europeu, de 751 cadeiras, realizadas de quinta-feira até este domingo, no Reino Unido, na França e na Dinamarca, e avançaram em outros dos países da União Europeia.

O bloco conservador de centro-direita - que reúne, por exemplo, a União Democrata-Cristã (CDU) da primeira-ministra alemã Angela Merkel, o Partido Conservador do primeiro-ministro britânico David Cameron e a União por um Movimento Popular do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy - continuará sendo majoritário, com 212 eurodeputados.

Com 186 deputados, a bancada socialista será a segunda maior. Ao todo, os partidos de centro-direita e centro-esquerda que governam a maioria dos países europeus teram 398 eurodeputados, mais da metade. Mas foi o avanço da ultradireita, com 80 deputados, a grande novidade desta eleição. Isso que não significa que a extrema direita vai conseguir formar um bloco. Sua agenda em relação à UE é inteiramente negativa.

Depois, vem os blocos menores: liberais, com 70 cadeiras; ecologistas, com 55; e esquerda radical, com 43. Outros 105 eurodeputados têm diferentes afiliações.

Na França, onde a votação foi hoje, a Frente Nacional, neofascista, obteve 25% dos votos, um salto em relação 18% obtidos por sua líder, Marine Le Pen, no primeiro turno da eleição presidencial de 2012, enquanto o Partido Socialista teve apenas 14,3% dos votos. Com os grupos mais radicais, as esquerdas somaram 33%.

A FN conquistou 30% dos votos dos eleitores de menos de 35 anos, 38% dos votos dos empregados e 43% entre os operários.

O presidente socialista François Hollande convocou uma reunião de emergência do governo para amanhã. Depois de afirmar que a situação é "muito séria", o primeiro-ministro Manuel Valls acenou com a possibilidade de cortar impostos. Não é exatamente uma solução socialista.

O governo francês está acuado pela crise econômica. Não consegue acelerar o crescimento econômico nem reduzir o desemprego. A insatisfação se expressou nas urnas.

Na Alemanha, ganhou a CDU de Merkel, com 36%, seguida do Partido Social-Democrata (SPD), parceiro na grande coalizão de governo, mas surgiu um novo partido eurocético. Com 7% dos votos, a Alternativa para a Alemanha superou a barreira de 5% existente na lei eleitoral do país para barrar a volta dos nazistas ao Parlamento Federal. Isso levará a primeira-ministra conservadora a cogitar a devolução de poderes a Berlim, repatriando competências transferidas para a comunidade.

No Reino Unido, foi a primeira vez em décadas que nem o Partido Conservador nem o Partido Trabalhista ganharam as eleições. A vitória, com 28% dos votos, coube ao Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), liderado por Nigel Farage, que quer abandonar a UE, provocando um prometido terremoto político, observa o jornal inglês The Guardian.

A vitória do partido antieuropeu reforça a posição dos eurocéticos no referendo sobre a permanência ou não na UE, prometido pelo primeiro-ministro David Cameron para 2017.

Na Grécia, o país mais atingido pela crise das dívidas públicas da periferia da Zona do Euro, o voto de protesto foi para o partido de extrema esquerda Syriza.

Nenhum comentário: