sábado, 1 de março de 2014

Barbosa tem todo o direito de ser candidato

Na ofensiva midiática do Partido do Trabalhadores para desmoralizar o Supremo Tribunal Federal (STF) e maquiar o Mensalão como julgamento político, o ex-porta-voz de Lula André Singer, professor da Universidade de São Paulo, diz hoje na Folha de S. Paulo que "não espantaria que o nome dele aparecesse na céula para presidente da República".

Ele é o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, convertido em inimigo número um dos petistas e corruptos por ter relatado o primeiro processo em que altos dirigentes políticos foram condenados por corrupção na história deste país. Por ironia, o primeiro ministro negro do Supremo virou alvo do "governo popular" por exercer seu cargo com a maior honradez e dignidade, não cedendo a chicanas de advogados, manobras protelatórias e tentativas de negar evidências.

O Brasil, ou pelo menos a maioria do povo brasileiro, reconhece o trabalho de Barbosa como honesto e correto, na busca da verdade e da punição dos responsáveis, sem floreios nem exageros de retórica que afastam o STF do cidadão comum. A presidente Dilma Rousseff mudou a composição do tribunal para absolver o partido do crime de quadrilha.

Algumas observações sobre o duelo em torno da Ação Penal 470 que deve marcar a campanha eleitoral:

1. Barbosa tem todo o direito de disputar a Presidência, especialmente depois que o governo petista mudou a composição do tribunal para não entrar para a história como o partido que virou quadrilha.
2. O resultado final mudou, mas ficará na história que um partido popular eleito prometendo acabar com a miséria e a corrupção torrou milhões de reais para comprar apoio político e se eternizar no poder, violentando a democracia brasileira.
3. A impressão é que José Genoino não enriqueceu, apenas assinou documentos com empréstimos forjados, mas a facilidade com que Delúbio Soares levantou dinheiro para pagar a conta é no mínimo suspeita. José Dirceu virou lobista de multinacionais. Tem mesa cativa no Cipriani, no Copacabana Palace, um dos restaurantes mais caros do país. Como chefão da (ex-)quadrilha, deveria ter pego a maior pena. É o mais sujo e o que mais pretexta inocência. E o fugitivo número um do PT, Henrique Pizzolato, ex-candidato a governador do Paraná e ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, posições importantíssimas comprou imóveis na Europa e teria milhões na Suíça e outros paraísos fiscais. Então, houve enriquecimento pessoal, sim.
4. A crítica de Barbosa ao empolado e pernóstico ministro Barroso foi perfeita. De que vale um discurso genérico e barroco contra a corrupção se no fim absolve os (ex-)quadrilheiros?

5. Se a presidente Dilma Rousseff tivesse um mínimo interesse em "regenerar os costumes políticos brasileiros", teria se livrado há muitos anos de seu amigo de juventude Fernando Pimentel, ex-ministro e candidato petista ao governo de Minas Gerais, que ganhou R$ 2 milhões com consultorais nunca prestadas quando era prefeito de Belo Horizonte. Escapou da "faxina".

6. Não há defesa para o PT nem para os intelectuais malandros que esgrimem argumentos para esconder o que todos sabem. Este é um governo corrupto e ladrão que não tem a menor intenção de corrigir seus comportamentos criminosos, que demite ministros, mas deixa as mesmas máfias partidárias tomando conta do galinheiro.

7. No dia em que a antiga cúpula petista era absolvida por formação de quadrilha, a ex-namorada de Lula e ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, foi denunciada formalmente por formação de quadrilha, um crime que persegue o PT.

8. Se a candidatura de Barbosa ajudar a derrotar o atual governo, ele terá cumprido um papel histórico pela segunda vez.

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