quinta-feira, 27 de março de 2014

Assembleia Geral da ONU condena anexação da Crimeia

Com 100 votos a favor, 11 contra e 58 abstenções, inclusive do Brasil, a Assembleia Geral das Nações Unidas condenou hoje a anexação da Crimeia à Federação Russa.

A resolução tem apenas valor simbólico porque a Rússia tem direito de veto na ONU. Serve como um termômetro da reação internacional à intervenção militar russa na ex-república soviética da Ucrânia e para isolar ainda mais a Rússia, observa o jornal The New York Times.

A Crimeia foi oficialmente anexada à Rússia na semana passada, depois de um referendo convocado às pressas para 16 de março de 2014 e realizado sob a mira de fuzis Kalachnikov russos.

Ao defender a resolução, o ministro do Exterior da Ucrânia, Andriy Deschitsia, alegou que o referendo "não foi válido", descreveu as ações da Rússia como "uma violação direta da Carta da ONU" e apelou a todos os países do mundo para que não reconheçam as novas fronteiras.

Em resposta, a Rússia alegou que a Crimeia tem direito à autodeterminação, outro princípio inscrito na Carta da ONU. A embaixadora dos Estados Unidos, Samantha Power, contra-argumentou que a coerção não pode ser um meio para atingir a autodeterminação. O resultado seria o caos.

Num dos discursos de maior impacto, o embaixador da Costa Rica, Eduardo Ulibarri, lembrou que o direito internacional é a única força capaz de "defender a soberania" dos países pequenos.

Até agora, só três países reconheceram a anexação da Crimeia: a Síria, a Venezuela e o Afeganistão, onde o presidente Hamid Karzai desafia os EUA para ajudar seu candidato na eleição presidencial de abril de 2014.

2 comentários:

NlsnPrz disse...

Samantha Power não falou um pouco mais da história dos Estados Unidos, da ocupação de Israel nas terras palestinas, do bloqueio a Cuba? Então tá.

Nelson Franco Jobim disse...

Não há bloqueio a Cuba. Há um boicote econômico. Bloqueio foi quando Kennedy mandou cercar a ilha, em 1962, para impedir a entrada de mísseis nucleares soviéticos. Quanto à questão palestina, o conflito se eterniza porque um lado é muito mais forte do que o outro. A maior culpa cabe aos países árabes, que eram donos dos territórios ocupados, mas nunca foram capazes de articular uma frente comum, por causa de suas divisões internas, para apoiar a causa palestina.