terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Líder da oposição se entrega na Venezuela

O líder do partido oposicionista Vontade Popular, Leopoldo López, entregou-se hoje à Guarda Nacional da Venezuela depois de ser acusado pelo governo de incitar à violência política que causou quatro mortes em manifestações contra e a favor do regime chavista. A quarta morte, de um estudante de 17 anos que foi atropelado, foi confirmada hoje.

"Não tenho nada a esconder", declarou López, um economista de 42 anos formado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, citado pela agência Reuters. "Estou me entregando a uma Justiça injusta... Que a minha prisão sirva como um alerta para o povo."

A tensão é cada vez maior na Venezuela. Milhares de oposicionistas bloqueiam neste momento importantes avenidas de Caracas. O presidente Nicolás Maduro expulsou do país três diplomatas dos EUA acusando-os de fomentar a revolta nas universidades e articular um golpe de Estado.

López faz parte de setores mais radicais da oposição, que se opõe à estratégia do governador Henrique Capriles, derrotado nas duas últimas eleições presidenciais, de dialogar com os chavistas. O governo parece mais interessado no confronto, para justificar medidas repressivas.

Com a inflação em 56% e 26% dos produtos em falta nos supermercados, apagões, um dos maiores índices de homicídios do mundo e o dólar valendo 13 vezes mais no mercado paralelo do que no câmbio oficial, setores da oposição acreditam que chegou o momento de forçar a renúncia de Maduro, sucessor indicado por Chávez em dezembro de 2012, quando o caudilho venezuelano foi pela última vez a Cuba fazer tratamento para um câncer que o matou em 5 de março de 2013.

Sem o carisma de Chávez, Maduro tenta se sustentar como líder de um movimento cada vez mais dividido por sua própria incompetência em resolver os problemas da Venezuela. Como o ex-motorista de ônibus e líder sindical convertido em presidente pela morte do chefe insiste no discurso antiamericano e na denúncia da oposição como golpista, não há a menor indicação de que o regime esteja disposto a mudar a fracassada política econômica do "socialismo do século 21".

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