quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Parlamento Britânico nega autorização para atacar a Síria

Por 285 a 272 votos, mesmo depois de um recuo do primeiro-ministro conservador David Cameron, a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico rejeitou hoje uma proposta do governo para autorizar "em princípio" o uso da força contra a Síria para responder a um bombardeio de rebeldes com armas químicas pela ditadura de Bachar Assad.

Foi uma grande derrota para Cameron. Será necessária nova votação depois que uma comissão de investigação das Nações Unidos apresentar seu relatório sobre o caso.

Isso não significa que o Reino Unido não vá aderir ao ataque planejado pelos Estados Unidos, mas, no momento, a chamada "relação especial" entre os dois países é refém da oposição, embora uma proposta do líder trabalhista, Ed Miliband, para ampliar o prazo da investigação da ONU também tenha sido derrotada.

Os EUA pretendem bombardear a Síria com uma barragem de pelo menos cem mísseis de cruzeiro durante um período de 24 a 72 horas. Contam com o apoio da França e do Reino Unido, seus aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O presidente François Hollande já declarou que "a França está pronta para punir quem atacou inocentes com gás".

Em entrevista à televisão americana CNN, o ex-líder do Partido Liberal-Democrata britânico Paddy Ashdown, que foi enviado especial da União Europeia para a antiga Iugoslávia, lembrou a Guerra do Kossovo para alegar que "a autorização do Conselho de Segurança da ONU não é indispensável quando há uma clara violação do direito internacional, no caso, agora, do tratado de 1925 que proíbe o uso de armas químicas".

A comissão investigadora da ONU fica na Síria até sábado.

Hoje à tarde, houve uma reunião a pedido da Rússia das cinco grandes potências com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, em Nova York. O Reino Unido fez circular nos últimos dias o texto de um anteprojeto de resolução autorizando o uso da força para "proteger civis", o mesmo argumento invocado em março de 2011 para intervir militarmente na guerra civil na Líbia.

Tanto a China quanto a Rússia são contra uma intervenção ocidental no que consideram um conflito interno da Síria, embora os interesses de vários países que alimentam o conflito estejam em jogo. Com este impasse, é provável que o assunto nem seja colocado em votação. Até agora, China e Rússia vetaram todas as tentativas de responsabilizar o regime de Assad pela guerra civil síria.

O Brasil, omisso como de costume em relação a ditadores em nome dos mesmos princípios de "não intervenção" e "soberania nacional", só aceita o uso da força com a aprovação da ONU, declarou a presidente Dilma Rousseff. É uma receita para não fazer nada.

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