quarta-feira, 17 de abril de 2013

Cabello afasta oposicionistas e quer processar Capriles

Em mais sinais de radicalização do regime chavista depois da vitória eleitoral apertado do presidente interino Nicolás Maduro, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, afastou hoje quatro deputados oposicionistas das comissões parlamentares que presidiam e pediu a abertura de um inquérito policial sobre o candidato derrotado, governador Henrique Capriles.

Como Maduro ganhou por uma pequena margem, inferior a 2% do total dos votos, Capriles exigiu uma recontagem geral dos votos para aceitar o resultado, alegando que houve pelo menos 3 mil incidentes suspeitos de fraude eleitoral. Depois de aceitar a ideia inicialmente, o presidente interino foi declarado vencedor pela Comissão Nacional Eleitoral, dominada pelo chavismo, que considerou "o resultado irreversível".

Sem sucesso no pedido de recontagem, Capriles convocou grandes manifestações de massa, mas o governo proibiu uma marcha de protesto prevista para hoje e acusou a oposição de planejar um golpe com o apoio dos Estados Unidos.

Diante da proibição imposta por Maduro e de sete mortes em atos de violência pós-eleitoral, o candidato oposicionista cancelou o protesto de hoje, acusando o governo de infiltrar militantes chavistas na marcha a fim de provocar conflitos.

Cabello é o principal rival de Maduro na luta pela sucessão do comandante Hugo Chávez, que morreu de câncer em 5 de março de 2013. Pela Constituição Bolivarista da Venezuela, ele e não Maduro deveria ter substituído Chávez interinamente até a realização de uma nova eleição presidencial.

O governo chavista marcou a eleição para 14 de abril, dia em que Chávez voltou ao poder depois do fracassado golpe direitista de 2002. Diante do surpreendente desempenho eleitoral da oposição apesar do uso e abuso da máquina pública, o chavismo, sensivelmente enfraquecido pela morte do caudilho e o fraco desempenho eleitoral de Maduro, levanta a bandeira do golpe em busca de legitimidade.

Com Maduro e Cabello disputando para ver quem é mais linha dura, a radicalização política na Venezuela só tende a aumentar.

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