sexta-feira, 8 de março de 2013

Venezuela insiste na canonização de Chávez

Depois de anunciar que o cadáver do presidente Hugo Chávez Frías será embalsamo e exposto publicamente no Museu da Revolução, a exemplo de Vladimir Lenin, Mao Tsé-tung e Ho Chi Minh, o vice-presidente não eleito e presidente interino Nicolás Maduro faz agora uma longa louvação do comandante. Chegou a afirmar que nunca mentiram tanto sobre um homem.

Como Maduro não eleito mas nomeado por Chávez depois de sua vitória na última eleição presidencial, em outubro de 2012, o sucessor interino deveria ser o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. Mas o regime preferiu ignorar a Constituição da República Bolivarista da Venezuela, redigida ao gosto do comandante, e passar o poder diretamente ao sucessor nomeado pelo caudilho.

A manobra indica claramente que o regime chavista pretende se perpetuar no poder, considera-se revolucionário e por isso vê a alternância no poder, característica essencial da democracia, como um recuo.

O regime também explora a grande religiosidade do povo venezuelano para santificar o comandante morto, tratando-o como ausente deste mundo enquanto luta manter sua presença permanente.

Durante algum tempo, esta exploração macabra pode dar certo. Em médio e longo prazos, a pressão sobre Maduro para obter resultados em meio à caótica situação econômica legada pelo presidente morto levará a comparações inevitáveis do tipo "isso não aconteceria se Chávez estivesse aqui" ou, "com Chávez, tudo seria diferente".

No momento, Maduro tenta consolidar sua liderança dentro do movimento bolivarista, apesar de não ter o carismo do comandante, o que pode levá-lo a ser mais linha dura ou mais chavista do que o próprio Chávez.

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