terça-feira, 16 de outubro de 2012

Obama vence segundo debate presidencial nos EUA

Bem mais firme, decidido e incisivo, o presidente Barack Obama saiu-se melhor do que seu adversário conservador Mitt Romney no segundo debate da campanha para a eleição presidencial de 6 de novembro de 2012 nos Estados Unidos. Foi mais presidencial. Na pesquisa da TV americana CNN, Obama ganhou por 45% a 39%.

Em economia, Romney insistiu na questão do emprego. O presidente lembrou que o país perdeu 800 mil empregos em janeiro de 2009, quando ele assumiu, e que desde então foram criados 5 milhões de empregos no seu governo. O ex-governador de Massachusetts contra-argumentou dizendo que 23 milhões de americanos estão desempregados.

O candidato conservador acusou Obama de apostar apenas no Estado para resolver os problemas econômicos do país, enquanto o presidente respondeu que ele prometia o impossível, como equilibrar o orçamento com um corte de 25% no imposto de renda de todos os americanos.

Pelo raciocínio de Obama, Romney vai cortar US$ 5 trilhões em despesas do governo federal, ampliar os gastos militares em US$ 2 trilhões e manter os cortes de impostos para os ricos da era George W. Bush, outro trilhão de dólares. Mesmo eliminando todas as deduções e isenções, como despesas com saúde e educação, seria impossível equilibrar o orçamento, argumentou o presidente

"Quando ele fala em eliminar furos na lei, isenções e decisões, ele não diz onde", alfinetou Obama. "A conta não fecha".

Romney contra-atacou: "Eu equilibrei o orçamento de empresas e do estado de Massachusetts. Ele acumulou déficits trilionários. Se Obama for reeleito, vamos para uma dívida de US$ 20 trilhões, como a Grécia."

Obama defendeu sua atuação como comandante-em-chefe. Ele prometera em 2008 acabar com as guerras no Iraque e no Afeganistão e se concentrar na luta contra os responsáveis pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Citou a morte de Ossama ben Laden e prometeu usar o dinheiro economizado com o fim das guerras para reerguer a economia dos EUA.

O momento de fraqueza do presidente foi sobre a morte do embaixador americano na Líbia num ataque terrorista ao consulado em Bengázi em 11 de setembro de 2012. Como o debate era com participação do público, um senhor perguntou por que o Departamento de Estado negara um pedido de reforço na segurança do consulado. Obama não respondeu. Romney perdeu a chance de chamar a atenção para isso.

Obama acusou o oposicionista de politizar a morte do embaixador dos EUA e outros três americanos em Bengázi no primeiro momento, quando o consulado ainda estava sob ataque.

Romney ficou mal ao acusar o governo de demorar duas semanas para definir que houvera um ataque terrorista e não uma reação contra um filme antimuçulmano postado na Internet. O presidente negou e a mediadora do debate, Candy Crowley, da CNN, confirmou que no dia seguinte ao ataque Obama dissera no jardim da Casa Branca: "Nenhum ataque terrorista vai abalar a determinação dos Estados Unidos."

No discurso, Romney tentou fugir do discurso do movimento radical de direita Festa do Chá, que empolgou o Partido Republicano nos últimos anos levando-o ainda mais para a direita. Aceitou algum controle sobre armas automáticas, apesar de ter prometido o contrário para obter o apoio da Associação Nacional do Rifle, o lobby dos fabricantes de armas. Obama declarou ser a favor do direito a portar armas para autodefesa, como previsto na Emenda nº 2 da Constituição dos EUA, mas com limites.

Em imigração, Romney também apresentou posições mais moderadas para não perder o voto latino do que na verdade seu partido defende. Todas as minorias preferem o Partido Democrata. Obama se aproveitou disso para acusar o adversário de apoiar a Lei de Imigração do estado do Arizona. Ela dá direito à polícia de pedir documentos para conferir a identidade de supostos imigrantes ilegais, uma discriminação contra os latino-americanos, que são hoje a maioria dos 12 milhões de ilegais.

O presidente recuperou a retórica que empolgou os EUA há quatro anos, a ponto de Romney iniciar uma de suas intervenções dizendo: "Vamos discutir as políticas do presidente e não o discurso. Se vocês reelegerem o presidente Obama, terão mais do mesmo nos próximos quatro anos".

A China não poderia ser ignorada. Romney ameaçou declarar a China "manipuladora do câmbio" no primeiro dia de seu governo para impor sobretaxas à importação de determinados produtos chineses. O presidente falou que seu governo recorreu com sucesso à Organização Mundial do Comércio em todos os casos de comércio desleal contra os EUA.

Quando quis apresentar políticas de sucesso de seu partido, Obama lembrou os governos Bill Clinton (1993-2001). Romney teve de regredir até Ronald Reagan (1981-89). Os dois George Bush, pai e filho, são rejeitados hoje pelo Partido Republicano.

No fim, ao prometer governar para "100% dos americanos", Romney deu espaço para Obama lembrar a gafe do adversário num jantar com ricos para arrecadar dinheiro para a campanha, em maio, quando o ex-governador menosprezou 47% do eleitorado como "gente que não paga imposto de renda", se considera vítima e acredita que o Estado deve sustentar suas necessidades básicas, como casa, comida, saúde e educação.

Não foi um nocaute, mas, na minha opinião, Obama foi melhor no segundo debate.

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