sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Berlusconi é condenado por fraude e evasão fiscal

O ex-primeiro da Itália Silvio Berlusconi foi condenado hoje a quatro anos de prisão por fraude e evasão fiscal na compra de direitos de transmissão pelo grupo Mediaset. Dificilmente cumprirá pena, mas sua carreira política está liquidada.

Aos 76 anos, o homem mais rico da Itália já foi condenado em primeira instância três vezes nos anos 90, o que não o impediu de se tornar chefe do governo. Foi absolvido depois por tribunais de apelação. Ainda tem direito a dois recursos antes da sentença definitiva, reporta a agência Reuters.

Além disso, o ex-primeiro-ministro está sendo processado por prostituição de menores. A pena pode chegar a 15 anos de cadeia.

Há dois dias, prevendo o resultado do julgamento, Berlusconi anunciou que não será candidato nas eleições de 2013, encerrando um período de 19 anos de liderança da direita italiana. Ele foi primeiro-ministro três vezes (1994-95, 2001-6, 2008-11).

Magnata da mídia e das finanças, Berlusconi entrou na política no vácuo deixado pelo desaparecimento da Democracia Cristã, que dominara a Itália no pós-guerra, na onda de escândalos de corrupção revelados pela Operação Mãos Limpas. Temia que a esquerda tomasse o poder.

Sua coligação incluía os neofascistas da Aliança Nacional e os separatistas da Liga Norte. Apesar de seu propalado talento empresarial, a Itália foi dos países ricos que menos cresceu na última década, com média de 1%.

Berlusconi não fez as reformas necessárias para aumentar a competitividade da economia italiana, a oitava maior do mundo. Não reduziu a dívida pública, que passava de 100% do produto interno bruto e hoje está em 125%.

Com a adesão ao euro, a Itália teve moeda forte e crédito fácil. Isso só aumentou a complacência do bilionário corrupto que a governou, levando à atual crise da dívida pública da Itália, de cerca de US$ 2 trilhões, inferior apenas às dos EUA, Japão e Alemanha.

Assim, quando Nelson Motta compara o Julgamento do Mensalão à Operação Mãos Limpas, como se fosse o início de um período virtuoso, não se deve esquecer que seu maior fruto, na Itália, foi o líder direitista que deixa a política italiana no rastro de uma série de escândalos financeiros e orgiais sexuais.

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