quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ataque a consulado mata embaixador dos EUA na Líbia

O embaixador dos Estados Unidos na Líbia, Christopher Stevens, e três funcionários consulares morreram ontem durante um ataque de foguetes ao Consulado Americano em Bengázi, a segunda maior cidade do país. Inicialmente a informação e de que eles teriam sido sufocados por um incêndio causado por manifestantes. Depois, surgiu uma versão de que teriam sido baleados quando saíam do local.

Era supostamente um protesto contra um filme produzido nos EUA e divulgado na Internet considerado ofensivo ao profeta Maomé. Mas o governo americano suspeita que a ação tenha sido planejada, reporta o jornal The New York Times.

A onda de protestos começou no Egito, onde a Embaixada dos EUA foi atacada e sua bandeira queimada depois que trechos do filme foram divulgados na televisão egípcia. Já está sendo comparada às manifestações de massa realizadas no fim de 2005 e início de 2006 contra a publicação de caricaturas de Maomé num jornal dinamarquês de extrema direita.

O blogue The Lede, do NY Times, está acompanhando os protestos no mundo muçulmano.

Inocência dos Muçulmanos, um filme menor ridicularizando o profeta Maomé lançado em julho passado, praticamente não foi notado até uma versão dublada em árabe ser jogada no YouTube. Só idiotas como o pastor Terry Jones, aquele que pretendia queimar cópias do Corão em 11 de setembro, ajudaram a promover a obra, de péssima qualidade.

Agora, o diretor Sam Bacile está escondido e teme por sua vida. Inicialmente foi dito que se tratava de um israelense naturalizado americano. Depois, soube-se que ele é um cristão copta egípcio de nome Nakoula Basseley Nakoula.

O consulado de Bengázi teria sido alvo de uma milícia conservadora em questões sociais, sob o argumento de que, se a liberdade de expressão não tem limites nos EUA, a reação deles também não precisar ter, dizia a primeira versão sobre o motivo do ataque.

Mas o governo provisório da Líbia atribuiu a ação a grupos leais ao ditador Muamar Kadafi, deposto e assassinado no ano passado, que estariam revoltados com a prisão do chefe do serviço secreto do antigo regime.

Para os analistas americanos que examinaram as imagens dos protestos, a manifestação do Cairo parecia uma ação espontânea de uma multidão enfurecida. Algumas pessoas escalaram o muro da embaixada, arrancaram a bandeira e tocaram fogo nela como em tantas manifestações de massa contra os EUA.

Em Bengázi, o ataque ao consulado foi feito com metralhadoras e lançadores de foguetes. Não são armas de uma massa irada, mas de um grupo com alguma organização e muito poder de fogo.

O presidente Barack Obama confirmou as mortes, descreveu o incidente como "um ataque ultrajante" e prometeu levar os responsáveis à Justiça em colaboração com o governo líbio. A oposição republicana aproveitou a oportunidade para acusar o governo de "baixar a guarda" no dia 11 de setembro, décimo-primeiro aniversário dos atentados terroristas contra os EUA.

A reação do candidato Mitt Romney foi considerada exagerada e contraproducente ao culpar o governo por um ataque totalmente inesperado. Quando morrem cidadãos americanos, o luto nacional deve ser coletivo e não partidarizado.

Vinte e quatro horas antes dos ataques, a rede terrorista Al Caeda divulgou declaração via Internet. O líder Ayman al-Zawahiri confirmou a morte de seu subcomandante, o líbio Abu Yahya al-Libi, num ataque com um aparelho não tripulado dos EUA e pediu aos líbios vingança.

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