terça-feira, 10 de abril de 2012

Bo Xilai é suspenso de todas funções na China

O ex-líder do Partido Comunista da China na cidade-província de Xunquim Bo Xilai foi suspenso de todas as suas funções e sua mulher foi presa para interrogatório dentro da investigação sobre a morte do empresário britânico Neil Heywood, noticiou hoje a mídia estatal chinesa.

Em declaração de uma linha, o regime comunista anunciou o afastamento de Bo do Politburo por "suspeita de sérias violações da disciplina". Sua mulher, Gu Kailai, e um servidor da família foram presos pela morte de Heywood, que seria a conexão internacional dos negócios do casal.

Bo era um dos 25 membros do Politburo do PC. Caiu em desgraça por resgatar políticas maoístas, como defender as empresas estatais, resgatar as canções extremistas da Revolução Cultural (1966-76) e perseguir ilegalmente suspeitos de corrupção. Estrela em ascensão da linha dura, era candidato ao Comitê Permanente do Politburo, formado pelos chamados nove imperadores que governam o país de fato. Desde que caiu da liderança do PC em Xunquim, era esperado que saísse também do Politburo.

Gu Kailai e Bo Xilai
É o primeiro expurgo na cúpula do regime comunista chinês desde que Zhao Ziyang foi afastado da Secretaria Geral do partido por se opor ao uso da força na Praça da Paz Celestial, em 1989. Sua autobiografia publicada depois da morte, Prisioneiro do Estado, é depoimento interessante sobre o processo de decisão do PC chinês. Zhao morreu em prisão domiciliar em 2005.

O expurgo de Bo provocou uma onda de boatos de golpe de Estado na Internet chinesa. Várias versões locais do Twitter foram bloqueadas por alguns dias e pelo menos seis pessoas foram presas.

Por isso, o primeiro-ministro Wen Jiabao, que era assessor de Zhao e aparece com ele na foto com os estudantes na praça, acenou com o fantasma da Revolução Cultural (1966-76) durante a recente reunião anual do Congresso Nacional do Povo. Wen defendeu a retomada nas reformas políticas como único antídoto contra uma nova onda de extremismo como a do fim da era de Mao Tsé-tung.

Desta vez, ganharam os reformistas. A crise nos países ricos fortaleceu a linha dura e os defensores de uma economia estatal. O liberalismo econômico perdeu prestígio, e isso está sendo usado na luta interna pelo poder na China, que ainda segue o modelo comunista da rede de intrigas.


A queda de um dos principezinhos, os altos dirigentes filhos de heróis da revolução, e a prisão de sua mulher, filha de um general do Exército Popular de Libertação, deflagraram "ondas de choque" na cúpula do regime comunista chinês, comentou o jornal britânico Financial Times.

Ano eleitoral na China é assim.

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