quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Republicanos revelam ignorância em política externa

O ex-presidente da Câmara e pré-candidato à Casa Branca em 2012 Newt Gingrich tem uma resposta fácil para resolver a dependência dos Estados Unidos do petróleo importado: basta começar a perfurar poços no próprio país, como se as companhias do setor não estivessem prontas para isso, se houvesse mesmo jazidas a explorar.

Durante todo o debate sobre política externa realizado agora há pouco pela rede de televisão americana CNN, os anões que disputam a candidatura do Partido Republicano pontificaram sobre temas que não entendem e se mostraram mais vulneráveis do que o presidente Barack Obama, que se livrou de Ossama ben Laden e Muamar Kadafi, inimigos históricos dos EUA.

Falta uma estratégia de política externa e de segurança nacional à oposição republicana, observa o jornal The New York Times.

Rick Santorum está preocupado com as Américas Central e do Sul, mas não por causa da guerra do governo do México contra as drogas, com a fuga de cartéis para as frágeis nações centro-americanas. Ele está com medo do socialismo porque Obama apoiou a volta do José Manuel Zelaya ao poder em Honduras, em vez de ficar ao lado dos golpistas.

No momento em que os EUA mandam esquadrões de elite para o México, ele não vê os tremendos riscos associados à guerra contra as drogas, mas teme o fantasma do socialismo, que está em declínio em Cuba, na Venezuela, no Equador e na Bolívia.

A deputado Michele Bachmann quer deportar 11 milhões de ilegais. Considera qualquer abordagem humanitária do problema seria uma anistia capaz de atrair mais ilegais.

Todos os republicanos querem imigrantes qualificados, com PhD, como se as hordas de mexicanos, asiáticos e centro-americanos que fazem o trabalho braçal fossem dispensáveis. Jogam para a plateia.

O governador do Texas, Rick Perry, e o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney falaram grosso contra o Irã e a Síria, que consideram ameaças a Israel. Defenderam o excepcionalismo americano. Mas, na hora de dizer o que fariam, Perry defendeu a imposição de uma zona de exclusão aérea na Síria e foi ironizado por Romney.

Perry ameaçou cortar toda ajuda ao Paquistão, enquanto Bachmann está certa de que a rede terrorista Al Caeda está a um passo das armas nucleares paquistanesas.

Já o libertário Ron Paul quer um recuo estratégico inviável diante dos formidáveis interesses econômicos dos EUA no resto do mundo. Sob o argumento de que o país não tem dinheiro, quer cortar gastos com guerras e ajuda externa: "Se Israel quer brigar com o Irã, não temos de nos meter."

Nesse festival de ignorância, Herman Cain, o executivo de restaurantes que disputa inesperadamente a liderança nas pesquisas, só foi capaz de confirmar seu total desconhecimento sobre segurança nacional e política externa, a ponto de dizer que "nossos serviços secretos serão capazes de propor soluções". Dele, não sai nada mesmo.

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