sábado, 10 de setembro de 2011

"Só pode ter sido Ben Laden"

Eram cinco para as duas da tarde de terça-feira, 11 de setembro de 2001, em Londres, quando saí do metrô de Warren St. Trabalhava numa produtora de rádio e tinha de gravar um programa semanal às 14h. Liguei o rádio do meu walkman no Serviço Mundial da BBC para chegar na redação sabendo das últimas notícias.

Um avião havia se chocado contra uma das torres do World Trade Center, em Nova York. A informação inicial é de seria um avião pequeno. Afinal, grandes aviões não poderia entrar no espaço aéreo da cidade a baixa altitude.

Já estava na redação e as TVs já mostravam imagens ao vivo, às 14h04 pelo horário londrino, quando o segundo avião se chocou contra a Torre Sul. No primeiro momento, pensei que tinham conseguido a imagem do primeiro avião. Mas as duas torres estavam pegando fogo.

Naquele momento, a ficha caiu. Estávamos diante do atentado terrorista mais espetacular da História, com cobertura ao vivo e em cores. Imediatamente, Steve, um jornalista inglês do London Radio Service.  que tinha trabalhado no Oriente Médio, matou a charada: "Só pode ter sido Ben Laden".

O líder da rede terrorista Al Caeda era conhecido há pelo menos cinco anos do público britânico, desde que o laureado correspondente de Oriente Médio do Independent, Robert Fisk, o entrevistou.

A partir daí, a redação entrou em polvorosa. Com a queda das Torres Gêmeas, a sombra do terror pairou sobre Londres. Por causa do alinhamento automático do Reino Unido com os Estados Unidos, os londrinos temiam que a cidade fosse o próximo alvo.

Bateu o horror. A produtora decidiu cancelar a gravação. Foram todos trabalhar nos atentados.

O então primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que seria um discurso num encontro de sindicatos, mudou o texto. Falando de improviso, deu total solidariedade aos Estados Unidos.

Eu tinha um lançamento de livro, um atlas da ONU sobre corais e biodiversidade, no Ministério do Exterior britânico, um possível alvo. Fui lá, comprei o livro e caí fora. Fui para casa, onde escrevi para o No.com um dos que considero melhores textos da miha carreira jornalística.

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