quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Paquistão perde seu maior aliado nos EUA

Um dos maiores defensores da aliança entre os Estados Unidos e o Paquistão, o almirante Mike Mullen, que está deixando o comando do Estado-Maior das Forças Armadas americanas, acusou o serviço secreto militar paquistanês de apoiar o grupo terrorista que atacou recentemente a Embaixada dos EUA em Cabul e o Quartel-General da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no Afeganistão.

Em depoimento no Congresso, Mullen acusou na semana passada a rede Haqqani pelos ataques. Foi mais um estremecimento nas relações bilaterais que os EUA consideravam chave para sua luta contra o terrorismo dos fundamentalistas muçulmanos, entre outras razões porque o Paquistão é o único país muçulmano com a bomba atômica.

O Paquistão foi o país-chave na luta contra a invasão soviética no Afeganistão (1979-89). Canalizou dinheiro e armas dos EUA, China e Arábia Saudita para os mujahedin que fizeram do Afeganistão o Vietnã da União Soviética.

Naquela época, os extremistas muçulmanos foram saudados como heróis da luta contra o comunismo. Jalaluddin Haqqani chegou a ser recebido na Casa Branca pelo então presidente Ronald Reagan.

Os tempos e as alianças mudaram. Depois de expulsar os soviéticos, os chamados árabes afegãos formaram a rede terrorista Al Caeda, sob a liderança de Ossama ben Laden, e se voltaram contra o Ocidente depois que os EUA enviaram tropas para a Arábia Saudita, em agosto de 1990, para protegê-la de um possível ataque de Saddam Hussein, que invadira o Iraque.

Com a morte de Ben Laden e o declínio d'al Caeda, a expectativa no Paquistão é que as potências ocidentais retirem suas tropas do Afeganistão, que voltaria a ser um barril de pólvora e palco de lutas de países e interesses vizinhos.

Por sua vez, os EUA acreditam que os serviços secretos paquistaneses acobertaram Ben Laden, inclusive para manter o interesse americano pela região e ganhar dinheiro com isso, recebendo ajuda a pretexto de combater o terrorismo.

Neste ambiente explosivo, o Paquistão precisa de um "cão de guarda", alega o ex-capitão da seleção paquistanesa de críquete, Imran Khan, líder de um novo partido político que ainda não chegou a fazer a diferença em eleições, mas é intimamente ligado aos militares que governaram o país durante a maior parte de sua história independente.

Em artigo publicado em blogue da TV árabe Al Jazira, Khan adverte que é preciso desarmar os espíritos e resolver logo as desavenças entre os EUA e o Paquistão para evitar uma escalada perigosa nas tensões entre aliados com interesses tão distintos.


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