sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Netanyahu afirma que "Israel sempre quis a paz"

NOVA YORK - Diante do reconhecimento da Palestina independente pela maioria dos países-membros das Nações Unidas, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu insiste em que a mão de Israel sempre esteve estendida para negociar a paz, como fez com o Egito e a Jordânia. Ele pediu uma reunião ainda hoje com os palestinos nas Nações Unidas para retomar as negociações.

Em discurso na ONU neste momento, ele apresenta Israel como vítima de sucessivas condenações pela Assembleia Geral da organização, da resolução condenando sionismo como uma forma de racismo, em 1975, à denúncia do histórico acordo de paz como o Egito, em 1980.

Netanyahu afirmou que os regimes de Muamar Kadafi e de Saddam Hussein tiveram posições importantes na ONU e que o governo do Líbano, dominado pela milícia fundamentalista Hesbolá (Partido de Deus), preside o Conselho de Direitos Humanos.

"Como primeiro-ministro de Israel, não venho aqui pedir aplausos, mas falar a verdade. A verdade é que Israel quer a paz. Eu quero a paz, mas a paz deve ser ancorada na segurança. Não pode ser atingida por resolução, mas de negociações diretas", acrescentou, acusando os palestinos de quererem um Estado sem paz.

Depois de falar nas extraordinárias transformações do mundo desde o fim da Guerra Fria, Netanyahu apontou o novo inimigo: o extremismo dos fundamentalistas muçulmanos. Criticou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por apresentar os atentados de 11 de setembro de 2001 como "uma conspiração americana".

Em uma tentativa de inserir o conflito árabe-israelense na lógica da "guerra contra o terrorismo", ele comparou os atentados em Nova York, Londres, Madri e tantas outras cidades aos ataques de extremistas contra Israel. Afirmou em seguida que a grande ameaça é que os terroristas consigam armas nucleares e acusou o Irã de estar desenvolvendo a bomba atômica.

O líder israelense declarou que o fundamentalismo islâmico já controla a Faixa de Gaza e o Líbano, e quer destruir o acordo de paz entre Israel e o Egito: "Eles não são contra as polícias de Israel, são contra a existência de Israel".

Para justificar sua posição, declarou que Israel deu "as chaves de Gaza a Abbas, num gesto aplaudido internacionalmente, mas não conseguimos a paz. Com o apoio do Irã, o [Movimento de Resistência Islâmica] Hamas afastou a Autoridade Nacional Palestina".

"Israel está preparado para ter um Estado palestino na Cisjordânia, mas não uma nova Faixa de Gaza, e a ANP não está preparada para oferecer novas garantias de segurança", afirmou. "Queremos mantar o crocodilo do extremismo muçulmano à distância. Em negociações sérias, essas necessidades podem ser atendidas."

Sem a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, em um ponto Israel tem apenas 14 quilômetros de largura: "Com um inimigo armado pelo Irã, Israel seria indefensável. Por isso, a Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU fala não fala na retirada dos territórios ocupados na guerra de 1967, mas de territórios", uma antiga alegação da direita israelense de que essas áreas não estão definidas.

"Quando um acordo de paz for atingido, Israel não será o último país a reconhecer a independência palestina. Será o primeiro", prometeu o primeiro-ministro.

Ele denunciou a prisão do sargento Gilad Shalit pelo Hamas há cinco anos em território israelense como uma violação do direito internacional. Mas a guerra de conquista e a ocupação e colonização de territórios ocupados também violam a lei internacional.

Numa indicação de que não pretende retirar todas as colônias construídas ilegalmente nos territórios árabes ocupados, repudiou a ideia de que um estado palestino não possa ter judeus. Insinuou ainda que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, não vai parar em Gaza e na Cisjordânia porque teria dito recentemente que Israel ocupa territórios palestinos há 63 anos: "Ele não falou em 1967".

Em seguida, afirmou que "o maior problema do conflito não é a colonização, é o não reconhecimento de Israel", negando validade às repetidas declarações da Organização para a Libertação da Palestina reconhecendo o inimigo histórico desde 1988.

Para explicar a política de expulsão sistemática de árabes do setor oriental de Jerusalém, o primeiro-ministro invocou milhares de anos de História, dizendo que "querem alegar que o Muro das Lamentações não é parte de Israel".

Netanyahu acusou Abbas de não responder a seus apelos para negociar. Os palestinos se recusam a negociar sem o congelamento da construção nos territórios ocupados, o que todos os governos de Israel fazem, ignorando as resoluções da ONU e o direito internacional.

"Estamos junto no mesmo edifício. Vamos nos encontrar hoje para retomar as negociações de paz aqui na ONU", concluiu o chefe do governo israelense.

Nenhum comentário: