terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ministro alemão rejeita união fiscal da Eurozona

Diante do agravamento da crise internacional e das pressões para que a Alemanha assuma um papel de liderança no combate à crise das dívidas públicas, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, rejeita a possibilidade de uma união fiscal dos países da Zona do Euro, uma das sugestões mais debatidas nos últimos dias.

Em artigo publicado hoje no jornal inglês Financial Times, Schaeuble alega que uma união fiscal só resolveria os aspectos superficiais da crise. Na sua opinião, a única resposta é a austeridade fiscal.

O ministro desconsidera a importância da especulação financeira no agravamento da crise das dívidas soberanas: “O fato indiscutível é que os gastos públicos levaram a níveis insustentáveis de endividamento e os déficits agora ameaçam nosso bem-estar econômico. Acumular mais dívidas agora vai impedir em vez de estimular o crescimento a longo prazo”.

Para Schaeuble, “os governos dentro e fora da Eurozona precisam não apenas se comprometer com a consolidação fiscal e o aumento da competitividade – eles precisam começar a apresentar resultados agora”.

“Existe uma preocupação”, reconhece o ministro, “de que o reequilíbrio das contas públicas, um setor público menor e mercados de trabalho mais flexíveis reduzam a demanda a curto prazo”.

Ele argumenta ser necessário sofrimento a curto prazo em troca de ganhos em longo prazo. Acredita que, a médio prazo, o aumento da confiança de empresários e consumidores, e a redução no desemprego, compensem “qualquer queda de consumo no curto prazo”.

Também é necessário uma reforma no sistema financeiro internacional para que o risco não esteja divorciado do prejuízo causado por operações arriscadas que derem errado, um dos fatores centrais da atual crise, acrescentou.

Portanto, concluiu Schaeuble, uma união fiscal “poderia agravar a crise ao reduzir os incentivos para que os membros mais frágeis façam as reformas necessárias”. Ele diz não ser contra uma união fiscal “legitimada por um forte mandato democrático. Isso exigiria mudanças nos tratados constitutivos da União Europeia, o que não vai acontecer de um dia para o outro”.

Nenhum comentário: