quinta-feira, 23 de junho de 2011

Chineses veem própria história em livro de Kissinger

Um dos acontecimentos que ajudou a criar o mundo atual, a reaproximação dos Estados Unidos com a China, há 40 anos, está sendo revivido com várias comemorações e a publicação do livro Sobre a China, do então secretário de Estado americano, Henry Kissinger.

Os próprios chineses estão aprendendo um pouco mais sobre sua história, como mostra esta reportagem do Diário da China.

A convite do Instituto Popular de Relações Internacionais da China, Kissinger chega hoje a Beijim para uma série de encontros públicos e privados para marcar o aniversário de sua missão secreta. Ele ficou apenas 48 horas na capital chinesa em julho de 1971 para quebrar o gelo nas relações entre os dois países.

Em 1967, antes de se eleger presidente, Nixon publicara um artigo na revista Foreign Affairs chamado A Ásia depois do Vietnam.

Ao mesmo tempo em que apontava a China como um “perigo” e uma “ameaça” para o futuro da Ásia, Nixon alertava que, “tendo uma visão de longo prazo, não podemos deixar a China fora da família das nações”.

O dirigente máximo da República Popular da China, Mao Tsé-tung, prestou atenção.

Em 1969, Mao nomeou quatro generais que estavam marginalizados pela Grande Revolução Cultural Proletária para discutir a situação internacional do país. Eles organizaram 16 debates com um total de 48 horas.

A conclusão geral foi que EUA e União Soviética tinham um pacto não escrito para dividir o mundo entre si, mas, na confrontação inevitável da Guerra Fria, usariam a China como uma carta na sua disputa pela Europa e Oriente Médio.

Como a China via a URSS como maior inimiga depois de uma série de incidentes de fronteira que levaram as duas potências comunistas à guerra em 1969, o regime comunista chinês decidiu jogar sua “cartada americana”.

Em outubro de 1970, Nixon declarou em entrevista à revista Time que ele não podia ir à China, mas gostaria que seus filhos  fossem. O convite de Mao veio em 10 de dezembro de 1970 através do jornalista americano Edgar Snow.

Mais uma vez, o esporte aproximou os povos que a política afastava. Em abril de 1971, uma delegação americana de tênis de mesa fez uma excursão à China. Mao teria feito o convite quando a equipe estava em Nagoia, no Japão, prestes para voltar aos EUA.

O primeiro-ministro e ministro do Exterior Chu Enlai, o grande mestre da política externa da China, foi encarregado de organizar a visita. Tratou de fazer com que parecesse que a iniciativa do reatamento tinha partido da China.

Nos encontros com Kissinger, o assessor de segurança nacional dos EUA levava um dossiê de seis centímetros de espessura com informações sobre a China. Chu falava de cabeça.

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