domingo, 29 de novembro de 2009

UE também pressiona por valorização do iuã

Durante visita à China, uma delegação chefiada pelo presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, manifestou descontentamento com o regime cambial rígido chinês, que vincula a cotação do real ao dólar. Mas não saiu animada quanto à possibilidade de valorização da moeda chinesa em curto prazo.

"Explicamos aos chineses que é difícil convencer nossa população de que a moeda do país que mais cresce no mundo está se desvalorizando", declarou o ex-presidente da CE e ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker.

Em 2005, diante de forte pressão internacional, o regime comunista chinês decidiu que o iuã oscilaria com base na cotação de uma cesta de moeda e não apenas do dólar. O euro, que tem se apreciado em relação à moeda americana passou a ter mais peso.

Quando a crise financeira mundial começou a se agravar, em julho de 2008, as autoridades chinesas voltaram a colar sua moeda nacional na cotação do dólar. Como a moeda americana perdeu valor com a crise da economia dos Estados Unidos, a moeda chinesa caiu junto, aumentando ainda mais a competitividade das exportações do país, que tem um grande saldo comercial.

A economia chinesa foi a primeira a se recuperar e sair da crise. Na verdade, nem entrou em recessão, sempre teve algum crescimento positivo. Mas isso se deve ao programa de estímulo de US$ 585 bilhões anunciado em 6 de novembro de 2009 porque as exportações não se recuperaram.

O comércio internacional deve cair cerca de 12% neste ano, na maior redução depois da Segunda Guerra Mundial. Como as exportações não se recuperaram, o governo chinês teme que a economia não se sustente sem o incentivo oficial e mantém a política cambial de subvalorizar a moeda.

Como é o desenvolvimento econômico e social que legitima a ditadura do Partido Comunista chinês na era pós-Guerra Fria, o regime não vai abrir espontaneamente mão do iuã fraco.

No próximo ano, com a retomada do crescimento em todos os continentes depois da pior recessão em 70 anos, há uma expectativa de que aumentem as denúncias de comércio desleal da China. Os EUA já sobretaxaram os pneus importados da China, motivo de protestos durante a visita do presidente Barack Obama a Beijim.

O Brasil tem interesse nesta briga. O real perdeu mais de 40% do valor diante do iuã e a China avança sobre o mercado latino-americano de produtos manufaturados, deslocando as exportações brasileiras, com sério risco de desindustrialização.

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