segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Modelo de investimento chinês divide africanos

Ao investir nos países da África em troca de matérias-primas, sem exigir contrapartidas econômicas e políticas, a China agrada às elites locais, pressionadas pelos Estados Unidos e a Europa por corrupção e abuso dos direitos humanos. Mas, como leva mão-de-obra chinesa e não se preocupa com questões sociais e ambientais, desagrada às classes menos favorecidas.

Numa pesquisa recente, 63 dos 67 funcionários governamentais ouvidos consideraram positiva a influência chinesa, enquanto 78 de 93 entrevistados do setor não governamental têm uma opinião negativa.

A maior parte do descontentamento vem do fato das empresas chinesas, ao contrário das ocidentais, usarem menos trabalhadores africanos, aproveitando a oferta de mão-de-obra da China, um país de 1,3 bilhão de habitantes.

Em Angola, 70% a 80% dos trabalhadores em projetos chineses são chineses. Em contraste, a companhia petrolífera americana Chevron emprega 90% de mão-de-obra angolana.

Na capital de Moçambique, Maputo, uma obra portuguesa tem cinco portugueses e 120 operários africanos, enquanto numa obra chinesa há 78 egenheiros e operários chineses, e apenas oito moçambicanos

Além de trabalhadores, a China exporta ainda imigrantes ilegais que vendem mercadorias chinesas baratas e degradação ambiental.

Outra questão é se a atividade das empresas chinesas contribui para o desenvolvimento da África ou está apenas saqueando seus recursos naturais para enriquecer a China, num processo neocolonialista.

No 2º Encontro de Cúpula Sino-Africano, realizado na semana passada em Charm-al-Cheikh, no Egito, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, prometeu US$ 10 bilhões em empréstimos ao continente, reacendendo o debate sobre a crescente influência da China na África.

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