sexta-feira, 24 de julho de 2009

Zelaya faz tentativa frustrada de voltar a Honduras

LONDRES - O presidente José Manuel Zelaya, deposto em 28 de junho por um golpe militar em Honduras, fez uma volta simbólica ao país hoje. Cruzou a fronteira da Nicarágua e ficou em território hondurenho por 15 minutos, sob a ameaça de ser preso e processado pelo governo golpista por violar a Constituição.

Essa volta simbólica na verdade foi mais uma tentativa frustrada, depois do fracasso das negociações entre Zelaya e o presidente interino, Roberto Micheletti, que se recusa a abandonar o poder, apesar das pressões internacionais.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) repudiou o golpe por unanimidade e suspendeu Honduras, invocando a cláusula democrática aprovada em 2001 no Chile.

Zelaya, eleito pelo Partido Liberal, conservador, de centro-direita, se aliou ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na PetroCaribe, que oferece petróleo subsidiado aos países mais pobres da região. É muito bom para economias subdesenvolvidas, mas tem um preço político.

Ao aderir à ALBA (Alternativa Bolivarista para as Américas), Zelaya alienou os setores dominantes da sociedade hondurenha, que o levaram ao poder, e tentou fortalecer sua base popular.

Como a Constituição de Honduras não prevê a reeleição do presidente e o mandato de Zelaya terminaria em 27 de janeiro, na linha chavista, ele propôs um plebiscito sobre a reeleição e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituite.

Quando o Congresso e o Supremo Tribunal de Honduras rejeitaram a proposta, o presidente deposto insistiu em levar adiante o plebiscito, com urnas e cédulas fornecidas pela Venezuela.

A crise estourou quando Zelaya demitiu o comandante do Estado Maior das Forças Armadas, que se negava a distribuir urnas e cédulas nos locais de votação.

No domingo, 28 de junho de 2009, dia do plebiscito, Zelaya foi preso de pijama em casa pela manhã e expulso do país.

Depois de mais uma tentativa frustrada da volta de Zelaya, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, declarou em Washington que a atitude do líder deposto de tentar entrar a pé no país é "inútil" e não contribui para a solução do problema, que na sua opinião depende de uma negociação direta entre as partes.

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