quarta-feira, 11 de março de 2009

Ex-ministros veem recessão na Argentina

Dois ex-ministros de Economia, Roberto Lavagna e Martín Lousteau, entendem que a economia da Argentina está em recessão, tendo em vista o que acontece com a produção, o consumo, o investimento e o emprego.

"Não se criam empregos, não há investimento, há fuga de capital", observa Lavagna. "Claramente, a Argentina está em recessão desde o princípio de 2008".

Como ministro dos presidentes Eduardo Duhalde e Néstor Kirchner, depois do colapso da dolarização do peso de era Menem (1989-99) em 2001, Lavagna renegociou a dívida externa caloteada pela Argentina, conquistando grande prestígio.

O ex-ministro questionou as medidas tomadas pela presidente Cristina Kirchner para combater a crise: "Em vez de anunciar todos esses planozinhos, casas, casinhas, em que a burocracia vai atrasar tudo, seria melhor reduzir o IVA [Imposto sobre Valor Agregado, equivalente no Brasil ao ICMS, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] da cesta básica e oferecer empréstimos diretamente às pequenas e médias empresas."

Horas depois, foi a vez de Lousteau fazer sua análise sobre a economia argentina: "Quando você olha para o último trimestre do ano passado, a queda em relação ao anterior não foi inferior a 1%. Neste primeiro trimestre, também há uma queda e isto é recessão."

Lousteau foi ministro no início do governo Cristina Kirchner e foi uma espécie de bode expiatório no longo conflito entre a Casa Rosada ou o casal Kirchner e os produtores rurais argentinos, que durou mais de 100 dias no ano passado. Foi marcado por diversas paralisações da comercialização de produtos agropecuários, em protesto contra a sobretaxa imposta por decreto nas exportações de grãos.

Esse conflito continua, acirrado pela crise financeira internacional, deixa o governo argentino, chamuscado pelo calote de 2001-02, sem opções de financiamento externo nem interno.

Os ruralistas, por sua vez, estão ganhando muito menos com a queda dos preços dos produtos primários do que ganhavam quando o imposto foi introduzido e enfrentam a pior seca em 49 anos no pampa úmido argentino.

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