terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Carrasco genocida vai a julgamento no Camboja

Um dos piores carrascos do século 20 sente remorso no banco dos réus. Começou hoje o primeiro julgamento de um líder da ditadura do Khmer Vermelho, responsável pela morte de cerca de 2 milhões de pessoas no Camboja nos anos 70.

Centenas de cambojanos e jornalistas foram até o tribunal, em Phnom Penh, para acompanhar o processo contra Kaing Guek Eav, mais conhecido como Duch. Ele era o chefe da temida prisão S-21, onde 16 mil acusados de serem inimigos da revolução comunista cambojana entraram e poucos saíram.

Duch foi denunciado por crimes contra a humanidade, entre eles tortura, assassinato e estupro.

O promotor Robert Petit, do tribunal especial das Nações Unidas para o genocídio no Camboja, afirmou que Duch decidia pessoalmente quando um prisioneiro seria executado. Ele mandava matar quem acreditava que já tivesse confessado tudo o que sabia.

Através do advogado de defesa François Roux, Duch, hoje convertido ao cristianismo, pediu perdão tardiamente ao povo cambojano.

Do lado de fora do tribunal, os sobreviventes do genocídio cambojano festejaram o processo contra Duch. Mas ninguém tem ilusão de que a Justiça consiga pegar todos os genocidas do Khmer Vermelho.

Esse grupo extremista de esquerda, de inspiração maoísta, tomou o poder no Camboja em 16 de abril de 1975, duas semanas antes da queda de Saigon, no fim da Guerra do Vietnã. Com o apoio da China e dos Estados Unidos, aterrorizou o país até ser derrubado por uma invasão vietnamita, em 7 de janeiro de 1979.

Como o tribunal da ONU não prevê pena de morte, Duch e outros quatro réus cujos julgamentos começam em seguida devem pegar prisão perpétua.

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