segunda-feira, 7 de julho de 2008

Ataque terrorista mata pelo menos 41 em Cabul

Um atentado terrorista suicida contra a Embaixada da Índia abalou hoje a capital do Afeganistão, matando pelo menos 41 pessoas e ferindo outras 139. Foi o maior número de mortos num dia em Cabul desde a queda do regime fundamentalista da milícia dos Talebã, em outubro de 2001.

O governo afegão acusou o vizinho Paquistão, tradicional inimigo da Índia e aliado dos Talebã, de quem se afastou sob pressão dos Estados Unidos, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Alguns elementos dos serviços secretos paquistaneses manteriam esta aliança.

A Índia e o Paquistão são inimigos históricos e já travaram três guerras (1947, 1962, 1971). Os dois primeiros conflitos armados foram sobre a questão da Caxemira. Depois que os dois países fizeram testaram bombas atômicas, em 1998, assumindo o status de potências nucleares, houve uma reaproximação.

Esse conflito tem sua origem na independência dos dois do Império Britânico. As províncias de maioria hindu aderiram à Índia e as de maioria muçulmana formaram o Paquistão. Mas o marajá da Caxemira, Hari Singh, revoltou aderir à Índia. Isso provocou imediatamente uma guerra entre os dois países porque, como a maioria da população da Caxemira é muçulmana, a província deveria ser paquistanesa.

É uma questão não-resolvida até hoje. O Paquistão reivindica a realização de um plebiscito prometido por Jawaharlal Nehru, primeiro primeiro-ministro da Índia, que governou o país da independência, em 1947, até sua morte, em 1964. A Índia alega que é uma questão interna.

Desde 1989, grupos muçulmanos promovem ações armadas contra o governo indiano com o apoio do Serviço Secreto das Forças Armadas do Paquistão. É uma maneira de travar uma guerra indireta contra a Índia. Esses grupos e seus aliados afegãos, os talebã, são provavelmente responsáveis pelo atentado em Cabul.

Na Segunda Guerra da Caxemira, em 1962, a China entrou em guerra com a Índia e ocupou uma região reivindicada pela Índia. A derrota para a China levou a Índia a desenvolver a bomba atômica como a última arma de defesa.

A primeira bomba atômica indiana teria sido fabricada em 1974, no governo de Indira Gandhi. Ela era filha de Nehru e foi casada com um Gandhi que não tinha nenhuma relação com Mohandas Gandhi, o Mahatma, grande herói da independência da Índia. No ano seguinte, o Paquistão entrou na corrida nuclear, mas só em 1998 os dois assumiram publicamente a condição de potências nucleares.

Como desde 1971 a Índia e o Paquistão não entram em guerra, embora todo ano haja escaramuças na fronteira entre os dois países nos altos do Himalaia, pode-se supor que as armas nucleares conseguiram dissuadir os dois países de entrarem em conflito armado.

Logo depois dos testes nucleares, os Estados Unidos impuseram sanções contra os dois países, mas logo se aproximaram da Índia, com quem firmaram um acordo nuclear com cara de parceria estratégica. As duas maiores democracias do mundo se unem para conter a China, se um dia isso for necessário.

Isso não significa que a Índia vá se submeter a uma posição subalterna na aliança com os EUA. Como superpotência em ascensão, a Índia só aceita relações em nível de igualdade. Nunca aderiu ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) porque ele discrimina entre potências nucleares e países sem armas atômicas. Cultiva sua relação histórica com a Rússia e também com a China e a Europa

Um comentário:

Anônimo disse...

Comentário claro e objetivo.Gostei muito faltou apenas o motivo de porque aconteceu o atentado.