sexta-feira, 23 de maio de 2008

Israel faz novas exigências à Síria

Através da Turquia, que intermedia as negociações de paz entre os dois países, Israel prometeu à Síria a retirada total das Colinas do Golã, ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967, mas fez novas exigências rejeitadas pelo governo sírio.

A ministra do Exterior israelense, Tzipi Livni, afirmou que a Síria precisa se afastar do Irã e parar de apoiar grupos muçulmanos fundamentalistas, como o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) palestino e a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).

"Recebemos mensagens e promessas do governo israelense que mostram que o primeiro-ministro sabe o que a Síria quer", declarou o ministro da Informação da Síria, Mohsen Bilal, à televisão árabe especializada em notícias Al Jazira, ao comentar os três dias de negociações em Istambul. "A Síria quer a devolução integral das Colinas do Golã e a retirada de Israel para as fronteiras de 4 de junho de 1967".

A Síria exige a devolução das Colinas do Golã, ocupadas em 1967 e anexadas em 1981, e metade do Mar da Galiléia, uma importante fonte de água para Israel.

Os Estados Unidos declararam oficialmente que não se opõem às negociações, mas repetiram a acusação de que a Síria "apóia o terrorismo". A chanceler israelense usou o mesmo tom.

"Quando eles fazem essas exigências, estão estabelecendo condições para negociar a paz. O processo de paz não exige precondições", reclama o porta-voz sírio.

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse estar "pronto para fazer concessões substanciais à Síria bastante dolorosas".

Bilal rejeita o argumento: "O que os sírios estão exigindo é seu direito. Não há concessão dolorosa nenhuma em devolver uma terra que pertence à Síria".

No momento em que a retomada das negociações sírio-israelenses depois de oito anos foi anunciado, os EUA divulgaram detalhes sobre um bombardeio aéreo de Israel contra uma suposta central nuclear em construção na Síria com reator da Coréia do Norte. Foi claramente uma tentativa de bombardear a negociação, que é do interesse de Israel e não apenas uma jogada para chamar a atenção porque o primeiro-ministro está sendo acusado de corrupção.

A invasão do Iraque pelos EUA mudou o equilíbrio de forças no Oriente Médio. O grande vencedor foi o Irã. Viu desaparecer um poderoso inimigo. Conseguiu criar um arco xiita com a ascensão dos xiitas ao poder no Iraque e o fortalecimento do Hesbolá, no Líbano, especialmente após resistir à ofensiva israelense de 12 de julho a 14 de agosto de 2006, sem esquecer da vitória eleitoral do Hamas em janeiro do mesmo ano.

O Hamas não é xiita mas é um partido fundamentalista muçulmano, inspirado pela revolução islâmica no Irã, em 1979, que recebe dinheiro e outros recursos do governo iraniano.

Ao criar o Iraque, depois da Primeira Guerra Mundial, o Império Britânico juntou as províncias de Mossul, Bagdá e Bássora do extinto Império Otomano (turco), abandonando a promessa de fundar o Curdistão para criar um país suficientemente poderoso para conter o Irã, a antiga Pérsia.

O presidente George Walker Bush não estudou as lições da História. Israel aprendeu, e elas foram amargas demais.

Talvez o governo israelense, reconhecendo a ascensão do Irã como potência regional que está desenvolvendo armas nucleares, tenha considerado importante negociar com a Síria para isolar o Irã, que desponta como o grande inimigo a médio prazo de Israel.

A Síria é a questão-chave para a paz entre árabes e israelenses. Ao apoiar o Hamas e o Hesbolá, a Síria e o Irã travam uma guerra indireta contra Israel e outra no Líbano, e boicotam o processo de paz. A paz com a Síria é o melhor caminho para resolver tanto o problema palestino quanto o libanês.

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