sexta-feira, 21 de março de 2008

Rússia prende funcionário da BP por espionagem

Em mais uma rodada do conflito com o Reino Unido, deflagrado pelo assassinato em Londres de um ex-agente russo em novembro de 2006, a Rússia prendeu um funcionário da empresa BP-TNK, uma aliança da British Petroleum com uma empresa russa do setor de energia.

Dois irmãos, Alexander e Ilya Zaslavsky, presos em 12 de março, foram acusados de espionagem industral por "coletar informações comerciais classificadas para uma série de empresas de gás e petróleo para obter vantagens concretas sobre seus concorrentes russos".

É mais um dos métodos ditatoriais da antiga União Soviética usados pelo governo Vladimir Putin. O presidente foi diretor do Birô Federal de Segurança, sucessor da temida polícia política soviética KGB (Comitê de Defesa do Estado). Foi o BFS que efetuou as prisões.

Ambos têm dupla nacionalidade. São russos e britânicos ao mesmo tempo. Ilya trabalha para a BP-TNK. Alexander é presidente do Clube de Ex-Estudantes na Grã-Bretanha.

Seria mais um ato da ópera bufa dirigida por Putin, se não fosse trágico. É mais uma jogada do governo Putin para estatizar o setor de energia. Metade da empresa pertence à BP; o resto a três bilionários russos.

O fato da empresa ter 50% de suas ações em poder de um grupo estrangeiros é um anátema no império do czar Putin, que já botou na cadeia o então homem mais rico da Rússia, Mihail Khodorkovski, sob alegações de corrupção e fraude fiscal, crimes provavelmente cometidos por todos os novos ricos russos. Khodorkovski também cometeu o crime de financiar a oposição.

Em janeiro, o Conselho Britânico, um órgão de promoção cultural do Reino Unido, foi obrigado a fechar seus escritórios em São Petersburgo e Iekaterinburgo sob pressão do BFS.

Na Rússia, como na extinga URSS, quem manda ainda é o Kremlin e sua vasta rede de espiões.

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